O fofão permanece fazendo sua parte na magia que tem a cara do carnaval maranhense! Tenho dito e a sentença é para ser apreciada, levar a sério e ser passada adiante. Dos mais tradicionais personagens do carnaval de rua do Maranhão, o fofão pode até não ser atualmente o mais visto, mas estamos lutando que nem um mouro para que ele não caia no esquecimento. Seja por meio de oficinas, de exposições, de cortejos, ou de cordão de fofão (vestidos a caráter), esse símbolo ainda pode ser visto muito bem por aí. E isso porque a sua simbologia ainda resiste com sua beleza por trás do disfarce horrendo.
A Universidade Federal do Maranhão (UFMA), por bom exemplo, sempre tem uma seminário ou uma oficina para não deixar a peteca do nosso querido fofão cair! Só não pode é concordar com desavisados que acharam ser da maior normalidade apregoar ULALÁ no lugar de Ô Lá Lá! Os textos para release estão cheios destes e de outros erros mais cruciais; pontuação, também, certamente, só lá na Casa do Nosso Senhor Jesus Cristo!
Com vestimenta bem tradicional: roupa de chitão, máscara de papel machê (técnica que usa cola, jornal e tinta), guizos, luvas, boneca na mão, varinha para espantar os cachorros e muita alegria, igualmente, é preciso muito amor e benquerença, todavia, para tentar tirar o nosso fofão da lista dos nossos brinquedos em extinção. .Repetindo a lição: Com máscaras feitas de papelão, pano ou papel machê, as mais feias possíveis, os fofões, como o próprio nome sugere, vestem largos macacões confeccionados com tecido estampado, com guizos nas extremidades da gola, das mangas e das pernas. Sozinho ou em grupo, o fofão, com seu grito: “Ô Lá Lá!”, sua boneca, que entrega às pessoas para que deem algum dinheiro, e sua varinha, para espantar os vira-latas, foi a euforia e o terror da criançada no folguedo ludovicense. Quem pegar nas bonequinhas que eles carregam consigo, acaba tendo que pagar algum trocado, senão fica sendo perseguido até acabar. Era a encenação bem nossa numa forma de brincar sem igual em nenhuma outra parte dos Brasis.
Alguns dos nossos melhores compositores de escolas de samba indígenas não relaxam Ô Lá Lá no fofão! No carnaval de 1981, com o enredo Sua Majestade, o Carnaval, da Flor do Samba, de autoria de Augusto Tampinha e Beto Pereira: “É CARNAVAL! Ponha e luz e cor neste cenário Quero em delírio me abraçar com a multidão! Vou me fantasiar de folia, Cantar os sofrimentos no refrão! Vamos pelas ruas da cidade, Vender comprar felicidade Bater numa lata até cansar: Todos mascarados de satisfação, Enchendo a cara de ilusão É fevereiro é um novo dia Vou me exilar no País da Alegria…… BIS Olá lá fofão, vem cá e espanta a tristeza da gente! Olhe aquele fulano de tal Enfeitando o carnaval dentro de um saco colorido! Que chova serpentinas e confetes, Pegue um surdo e vai esquentar qualquer bateria E antes de chegar à quarta-feira Vamos tomar um PILEQUE DE ORGIA…. Na roda do samba baiana Faz a poeira subir Tu que és da Flor do Samba não deixa a peteca cair…….BIS
Na Turma do Quinto, com Cesar Teixeira – Foi no samba-de-enredo do carnaval de 1979: Aquela flor que eu joguei pela janela do tempo,/resolveu desabrochar o fruto do pensamento:/E de janela em janela, revirando carambela, lã vem o fofão:/Ô Lá LÁ, pedindo esmola com uma boneca na mão!/Por isso eu levo o baralho no bolso, o cordão no pescoço, pois agora eu sei/ que Os Fuzileiros da Fuzarca só deixaram marcas por onde eu passei!:/E quando a polícia chega, eu fujo, entro num bloco de sujo,/ e finjo que nada sei: Vendo tanto rei vestido de mendigo e tanto mendigo vestido de rei!(…)”
O poeta aqui pelo Bloco Dragão da Madre Deus — Foi em 2003, com o samba-tema Poeta Valdelino Cécio, o Dragão da Cultura Maranhense: Viva quem vale e valeu, para brilhar, Cidade, é hora de guarnecer e ver o Povo, sociedade! Toda Escola era Modelo e as turmas do Liceu, Poesia Antroponáutica, ele velejou e venceu! Bumba-meu-boi tem Valdelino, literatura do mais velho e do menino, Cultura Encanto pra cumprir o seu destino! Colombina, vem, ô lá lá com meu fofão! Tudo é carnaval e o Rei manda de coração! Tira a máscara no bolero, Laborarte fantasia além: Nunca é tarde nem criança, a noite é do meu bem! Estand´Arte em pessoa, pintura, teatro, amigo direito, boêmio de fato; sereno e musical para o Maranhão viveu! Ajudou em tanta história e São Luís deixou pra Glória, Valdelino Cécio, poeta, Valeu! Quem vai querer tambor de crioula Valdelino Reviver? Divino das Minas, Festas de Nagô, Dragão da Cultura bateu asas e voou e assoviou!
Ulalá, como bordão do fofão, é lá na casa do caralho!— Segundo autores conceituados, nomeadamente da Academia das Ciências de Lisboa, a palavra caralho designava a pequena cesta que se encontrava no alto dos mastros das Caravelas, também conhecida como Gávea. Era dali que os vigias perscrutavam o horizonte em busca de sinais de terra. Dada a sua situação, o caralho era um lugar muito instável, pois era onde se manifestava com maior intensidade a oscilação e o rolamento lateral da embarcação.
A origem da expressão Casa do Caralho — Este local, nada agradável, era também e por isso mesmo considerado lugar de castigo e para aí eram mandados os marinheiros que infringiam alguma das normas vigentes a bordo. O prevaricador era então obrigado a cumprir horas e por vezes até dias inteiros no caralho e, quando descia, vinha tão maldisposto que se mantinha quieto por uns tempos. Sendo assim, Caralho “é o nome original do mastro acima da Gávea”…então, a Gávea era também conhecida como, a casa do caralho. Assim o comandante mandava o marinheiro para a casa do caralho…dai a origem da expressão, mandar para o caralho.
A Casa do Caralho existe! —- Com o tempo, a palavra passou a designar uma miríade de coisas, sentimentos e pessoas, bem do nosso conhecimento… se bem que naqueles tempos não era bem com a conotação de que se tem a intenção nos dias de hoje. Mas quem não estiver satisfeito com esta notícia, então vá para A Casa do Caralho nas Caldas da Rainha em Portugal. Afinal…a Casa do Caralho existe!