Uma série de atividades vem sendo realizada pela Academia Maranhense de Letras (AML) para celebrar seus 115 anos de fundação e os 200 de nascimento do poeta Gonçalves Dias, seu patrono maior, hoje, dia 10 de agosto, quando a programação terá início às 19 h, com sessão solene comemorativa, em seu auditório. Na ocasião, será entregue a Medalha 200 anos de Gonçalves Dias a reverenciados e haverá lançamento do selo oficial Gonçalves Dias 200 anos.
Antônio Gonçalves Dias nasceu em 10 de agosto de 1823, no Sítio Boa Vista, em terras de Jatobá (a 14 léguas de Caxias), hoje pertencente ao município de Aldeias Altas. Foi advogado (formado no Curso de Direito da Universidade de Coimbra, em Portugal), professor, jornalista e teatrólogo. Cantou como poucos o amor, a natureza e as suas raízes culturais.
Na chamada Semana Gonçalvina, a comemoração está marcada por palestras, lançamento de livros e homenagens, além da participação de escritores brasileiros. Começou na segunda-feira (7), às 18h, na sede da AML (Rua da Paz, 84 – Centro), com a palestra Gonçalves Dias, Uma Ideia de Brasil, ministrada pelo professor e poeta Marco Lucchesi, diretor da Biblioteca Nacional e membro da Academia Brasileira de Letras. Na terça-feira (8), também a partir das 18h, a conferência A Canção de Todos os Exílios, com a romancista e poetisa cearense Ana Miranda, numa parceria com a Academia Ludovicense de Letras. Foram duas noites de evocações pela genialidade de Gonçalves Dias, e com a presença muito bem-evidenciada de escritores, jornalistas, professores, e da juventude estudiosa do Centro der Ensino Margarida Pires Leal (situado no Bairro da Alemanha), considerado Amigo da Literatura e da Academia Maranhense de Letras.
Autógrafos e mais sessões solenes — Na quarta-feira (9, ontem), às 18h, o premiado escritor e membro da Academia Brasileira de Letras Antônio Carlos Secchin fez o lançamento dos livros Papéis de Prosa e Papéis de Poesia II, e foi o palestrante de Gonçalves Dias: O outro, a Outra. Antônio Carlos Secchin é poeta, ensaísta e crítico literário. Doutor em Letras, foi professor de Literatura Brasileira em várias universidades fora do País, como na França, Itália.
Celebração a Gonçalves Dias — Nesta quinta-feira (10), a programação terá início às 19h com sessão solene comemorativa ao bicentenário de nascimento do poeta e aos 115 anos de fundação da Academia Maranhense de Letras (Casa de Antônio Lobo). Aí acontecerá o ponto alto com a concessão da Medalha 200 anos de Gonçalves Dias a contemplados e lançamento do selo oficial Gonçalves Dias 200 anos.
Reverências desde o começo do ano — Desde janeiro, a AML vem realizando atividades em grande escala para Gonçalves Dias, considerado um dos mais emblemáticos autores da primeira geração do Romantismo Brasileiro, lembrado por características como indianista, pois escrevia falando sobre os povos indígenas brasileiros. Foi patrono da cadeira 15 da Academia Brasileira de Letras e deixou obras importantes e até hoje reverenciadas na literatura brasileira.
Sua passagem para a imortalidade — Sua vida foi breve. Ele faleceu aos 41 anos de idade, no dia 3 de novembro de 1964, padecendo em uma extenuante viagem da França para o Brasil, que já durava 53 dias; gravemente enfermo, teria piorado terrivelmente nos últimos dias, e era o único passageiro a bordo do velho veleiro Ville de Boulogne, com uma equipagem de doze tripulantes. Quando já se encontrava na costa maranhense, na região dos Baixos dos Atins(águas da Baía de Cumã), nas proximidades da então Vila de Guimarães, às 4 horas, o barco foi partido ao meio em colisão com um banco de areia. Esquecido pelos embarcadiços, GD, que já vinha em condições bem debilitadas, praticamente sem mobilidade, em sua cabine, pereceu afogado. Seu corpo e os manuscritos inéditos que trazia consigo, jamais foram encontrados, malgrado os esforços do seu grande amigo, assim que soube do desenlace, Antônio Henriques Leal, médico, jornalista e escritor. Aí começaria sua eternização!
A Criação da Casa de Antônio Lobo — Já a Academia Maranhense de Letras foi fundada há 115 anos também no dia 10 de agosto, data do aniversário de Gonçalves Dias, por: Antônio Lobo, Alfredo de Assis Castro, Astolfo Marques, Barbosa de Godóis, Corrêa de Araújo, Clodoaldo Freitas, Domingos Barbosa, Fran Paxeco, Godofredo Viana, I. Xavier de Carvalho, Ribeiro do Amaral e Armando Vieira da Silva. Foi considerada de utilidade pública pelo Decreto 92, de 19 de novembro de 1918, assinado pelo governador Urbano Santos da Costa Araújo. A Programão Gonçalvina, com conferências e outras atividades culturais, com participação de membros da Casa de Antônio Lobo, se estenderá até o mês de novembro.
Laureado pelos grandes da constelação — Foi alvo, através dos tempos, de menções elogiosas, por parte de soneto incandescente de Olavo Bilac, texto não menos brilhante de Manuel Bandeira, e um epitáfio imorredouro de Machado de Assis, que, antes de fundar e dar nome à Academia Brasileira de Letras, fez sua comparação a Goethe, o genial poeta e filósofo alemão, criador eternizado de Fausto, e que: “Seus versos serão repetidos, enquanto a língua que falarmos for a língua dos nossos destinos!”
Herbert de Jesus Santos