



Quando anteontem (no pandemônio que virou a pandemia do Novo Coronavírus, com sua trágica Codiv-19, e até aqui, com nosso confinamento, num neologismo de isolamento social), Gutemberg Bogéa ao celular informou que a Edição Especial dos 25 anos do JP Turismo, ou seja, o seu Jubileu de Prata, seria menções ao semanário do Jornal Pequeno de toda sexta-feira, da cabeça aos pés, vice-versa, ou de cabo rabo, eu pulei depressa de raciocinar sobre as asnices do presidente Bolsonaro, em reportagens da TV Globo, e me concentrei na importância de sempre que foi o meu colega jornalista Barbosa Lima Sobrinho. Durante seus 103 anos de vida, exerceu três mandatos na Presidência da ABI (Associação Brasileira de Imprensa), à qual se dedicou até a sua morte, em 2000. Advogado, jornalista, ensaísta, historiador, político e professor, eleito para a Cadeira nº 6 da Academia Brasileira, nasceu no Recife (PE). No Rio, aonde chegou em 1921, deu continuidade à carreira no JB. Sem sombra de dúvida, o cavalo manejado por Barbosa Lima Sobrinho, em qualquer hipódromo, deixaria a cavalgadura personificada de Bolsonaro comendo poeira e capim. De Villas-Bôas Corrêa, que o conheceu em 1948, quando iniciava a carreira, mereceu as seguintes palavras num artigo: “Barbosa Lima Sobrinho foi uma das maiores figuras do século que não pôde ver terminar. Mais de 50 anos de relações cordiais e espaçadas, a admiração crescente, a reverência da estima não cabem neste pequeno registro emocionado, um ramo de cravos depositado no caixão do grande brasileiro, do patriota insuperável, a lenda eterna na gratidão nacional.”
A minha chegada ao JP Turismo — Quando aportei no JP Turismo, levado por Peninha (José de Ribamar Gomes, artífice gráfico e parceiro de mão-cheia), e abraçado por Guto Bogéa, duas edições após o seu surgimento, já havia realizado uma das maiores e meteóricas carreiras jornalísticas conhecidas, em São Luís. Iniciei em O Imparcial, após o estágio curricular do Curso de Comunicação Social da UFMA, na Reportagem; copidesque, em O Estado do Maranhão; revisor e redator em O Debate; secretário de Redação, no Jornal de Hoje; chefe de Reportagem, secretário de Redação, editor-chefe e editorialista no Diário do Norte.
A lenda do Jornalismo nativo para a minha colega Milu — Foi Janice Lima (Milu), jornalista, filha da jornalista Francisca Silva e Iragerson Lilico (um dos caras mais sérios e honestos que temos, e ás na mecânica de jornal impresso) quem, na primeira homenagem que recebi do Bloco da Imprensa, na Praia Grande, há uns anos, chamou-me em alto e bom de Lenda do Jornalismo Maranhense! Matutei que seria por brigar, nas páginas do JP Turismo, contra os padres da Igreja de São José que só tencionam piorar a Festa de Ribamar; não aceitar o reggae, dito a maior expressão da Cultura Maranhense, o que não é e nem é, por ser ritmo estrangeiro; não recuar em nada, pela preservação do Centro Histórico de São Luís; pugnar pela Literatura Maranhense, enaltecida pela intelectualidade baseada na Academia Brasileira de Letras e União Brasileira de Escritores; comprar a maior briga pela restauração da Biblioteca Pública Benedito Leite, quando mictório para notívagos, e Praça do Panteon, por ser a lembrança dos nossos mais luminosos escritores, mestres, jornalistas. Os dois acervos de riqueza estão reluzentes. Há mais bons combates! Fala daí, querida confreira Milu!
Jornalismo solidário sem “faz-me rir” — Redigi, no JP Turismo, a Reportagem de uma página a favor do vereador Sá Marques (Podemos), em greve de fome, em janeiro, contra o prefeito de São Luís, Edvaldo Holanda Júnior. Ele recebeu a minha visita solidária em seu Q.G., na Praça D. Pedro II, defronte do Palácio de La Ravardière. Sá Marques reprisou uma manobra orquestrada para prejudicar o João Paulo, bairro onde reside, e outros, enquanto ele foi um dos mais interessados signatários, na Câmara Municipal, para que o empréstimo vultoso ao São Luís em Obras não sofresse solução de continuidade. Pior a emenda do que soneto foi que, em três ligações, para eu saber como estava, após internação no Hospital São Domingos, em duas, ele “Nem Seu Souza” e na terceira não estava ouvindo nada: era o desdobro, pensando que lhe fosse cobrar a matéria, disseram-me. Seu vereador, pergunte à sua irmã, Esther Marques e ao seu ex-cunhado, Cesar Teixeira, ambos meus queridos colegas jornalistas, se eu sou mercenário, pelego, se eu negócio honra ao mérito; se eu me abaixo, para ficar do tamanho de alguém!…
Onde eu poderia tirar o escalpo dos caras-pálidas Astro de Ogum e Canindé? — Sem delongas em nenhum jornal, pois sobre eles, em qualquer outro, nenhuma mosca pousava em suas carcaças. No JP Turismo, sim! Um, na Câmara Municipal, com escândalos sexuais até à sua prisão; o outro, na SMTT, deixando a mamata, com a pretensão de ser vereador, com uma coleção de acusações nos costados.
Sambista, não deixa passar energúmeno e meliante! — Até hoje, estou com a advertência do paraense Adalberto Areias, um craque do jornalismo brasileiro impresso, na Redação de O Estado do Maranhão: “Sambista, não deixa passar aí energúmeno e meliante, na copidescagem! Não se redige matéria jornalística assim!”— “Sambista” era eu, chamado por ele, quando quis um copidesque para o matutino, em cima do carnaval, e os meus parceiros do Sioge (Júlio Rodrigues e seu mano, João Litho, capitães da indústria gráfica, após, na Lithograf), que apostaram no meu taco, encontraram-me na quarta-feira de Cinzas, de tarde, na Revisão literária da autarquia estadual. Achava-me campeão, com a Escola Pirata do Samba, de São José de Ribamar, vencedora do concurso das agremiações congêneres, em São Luís, quando passou para o Grupo A, com uma composição de minha autoria: Origens e Lendas em Riba do Mar, o que me deu manchete carnavalesca. João Litho, cearense da gema, e maranhense de coração, espirituoso e perspicaz, porém ali, sério, apresentando-me ao famoso editor: “Pronto, Areias! Taqui o sambista falado!…”
Tempos depois, com uma bagagem de peso, eu começaria no combativo e nativista JP Turismo. Botem muita História para contar na interseção desses 25 anos!
Ainda Barbosa Lima Sobrinho, O Pai da Pátria! — “Faltam luta, espírito de luta e contestação”! Ele, em 5/1/1997, criticando o chamado neoliberalismo e a globalização, poucos dias antes de completar 100 anos. Não perder a esperança no Brasil, apesar de tudo, e não entregar a alma do País, foi a última mensagem de Barbosa aos moços brasileiros.
Legenda:
– COM REPORTAGEM DO JP TURISMO, EM JANEIRO DE 2020, FUI SOLIDÁRIO COM O VEREADOR SÁ MARQUES, EM GREVE DE FOME, NA PEDRO II. ,JÁ REPÓRTER E CRONISTA DO JP TURISMO, EM 1995, AJUDEI A CRIAR A ABMI, DE BUMBA-BOIS, COM TONY DUARTE, JOÃOZINHO RIBEIRO E O DEPUTADO DOMINGOS DUTRA
Fotos: Arquivo de Herbert de Jesus Santos