No apogeu da minha adolescência, já para concluir o Científico, no Liceu Maranhense, assisti aos filmes de suspense que ingressavam na conversação da Cidade, logo, como Dr. Jivago, contando sobre os anos que antecederam, durante e após a Revolução Russa, pela ótica de Yuri Zhivago (Omar Sharif), um médico e poeta. A história é narrada em flashback por Yeygraf de Zhivago, o meio-irmão de Yuri, que procura a sua sobrinha, que seria filha de Jivago com Lara, do celebrizado Tema de Lara, música de uma beleza que nos marcou muito. Com a mesma relevância, O Homem que Sabia Demais, do mestre do suspense, Alfred Hitchcock, contando as férias de um médico americano e sua família no Marrocos se transformando num pesadelo, quando se veem envolvidos em um complô para assassinar um político. Quando o filho do médico é sequestrado, o casal segue pistas até Londres e enfrenta situações desesperadoras pelo caminho.
Com a mesma intensidade de atenção, foi ver na tela Criminosos não Merecem Prêmio, a começar de que, em Estocolmo (Suécia), os vencedores do Prêmio Nobel se encontram para a cerimônia alusiva à entrega. O Nobel de Literatura, Andrew Craig (Paul Newman), suspeita de algo quando Max Stratman (Edward G. Robinson), um dos premiados, se comporta de maneira bem diversa ao dia anterior, além de parecer mais alto. Emily (Diane Baker), a sobrinha de Max, diz que não há razão para se preocupar e o mesmo diz a bela Inger Lisa Andersson (Elke Sommer), que foi cedida pelo Departamento de Relações Exteriores para assessorá-lo. Mesmo quando tentam matá-lo ninguém crê nele, mas Andrew tem certeza que algo muito sério está acontecendo e quer descobrir, mas isto pode lhe custar a vida.
Criminosos não Merecem Prêmio 50 anos depois — Passado no Rialto, cinema que houve na Rua do Passeio, numa vesperal de domingo, tempos depois fui situar-me melhor na trama que segue a fórmula hithcockiana do suspense político, onde um homem comum se vê envolvido em uma teia de intrigas. Durante a entrega do Prêmio Nobel, em Estocolmo, o escritor norte-americano Andrew Craig (Paul Newman) descobre acidentalmente que o cientista Dr.Max Stratman (Edward G.Robinson – famoso pelos papéis de gangsters e vilões cruéis), laureado com o Nobel de Física, foi trocado por um sósia enquanto o verdadeiro é enviado para trás da Alemanha Comunista (a chamada Cortina de Ferro) . Como tem má reputação por ser mulherengo e beberrão, a credibilidade de Craig é zero, principalmente por não esconder sua insatisfação e pouco caso com a premiação, que vem a ele em período de um incômodo bloqueio que o impede de escrever. Cada vez que, por conta própria, investiga a conspiração, Craig tem sua vida ameaçada sem que ninguém acredite nele, nem mesmo a polícia ou sua assessora, a bela Inger Lisa Anderson (Elke Sommer). Algumas sequências despertam tensão na mesma medida que humor como na cena em que ao se esconder de assassinos, o cínico escritor se refugia em uma conferência de nudista, provocando o maior tumulto.
Vertido de livro para ser sucesso de cinema — No livro escrito por Irving Wallace, no qual o filme se baseou, todos os personagens são mais detalhados em suas motivações e problemas. O próprio protagonista no livro sofre o bloqueio por carregar a culpa por um acidente que causou a morte de sua esposa. A vida pessoal dos indicados ao Nobel é tratada de forma a humanizá-los, mostrando como pessoas que carregam dramas e decepções apesar do sucesso profissional que os levou ao famoso prêmio. O livro, lançado em 1961 foi uma das grandes obras de ficção do escritor norte americano Irving Wallace (1916 – 1990) e apesar de datado quanto ao pano de fundo que é a guerra fria, é um ótimo exemplo de narrativa envolvente e que acaba por servir bem como registro histórico do período retratado.
Reprovaram o meu livro por semelhança à literatura russa — Por causa deste bendito filme Criminosos não Merecem Prêmio, caprichei muito mais na Revisão dos livros dos nossos autores e na gestação dos meus, no Serviço de Imprensa e Obras Gráficas dos Estado (Sioge), boa parte dos outros relacionada com os concursos literários da Secma (Secretaria da Cultura do Estado do Maranhão) e do próprio Sioge, com o seu PACS (Plano de Ação Cultural do Sioge), instituído na direção da autarquia do ensaísta e editor Jomar Moraes, prosseguido na do jornalista e historiador Benedito Buzar, indo até à do advogado e professor universitário Antônio José Muniz, porque depois fizeram uma das mais fragorosas derrotas para a Inteligência e Cultura do Maranhão, com a extinção do Sioge. Quem aceitou ou perpetrou isso, teve a mesma agudeza de raciocínio de quem reprovou o meu título Peru na Missa do Galo (Contos de Natal), concorrendo em 2008, no Concurso Literário Cidade de São Luís (da então FUNC), com a coragem de registrar por que se parecia com a Literatura russa, havendo o jurado visado numa epígrafe do original o seguinte: “Se queres ser universal, canta a tua aldeia!” (Tolstói).
As montanhas em dores de parto, sem nascer um ridículo rato — Sem a sentença do poeta latino Horácio (“As montanhas estão em trabalho de parto, mas delas nascerá um ridículo rato”, e “Até o Bom Homero cochila”, com que o próprio tirou sua carta de seguro, na sua poesia), fui em frente, apesar dos percalços, e já na ostentação de uma razoável Bibliografia: Uma Canção Para a Madre de Deus (poesia 1984); Um Dedo de Prosa (crônicas, 1986, premiado em concurso literário do Sioge) e Bazar São Luís: Artigos Para Presente e Futuro (crônicas, 1988, premiado no da Secma e tema do samba-de-enredo da Escola de Samba Unidos de Fátima, no carnaval de 1989); Quase Todos da Pá Virada (contos, 1993); São Luís em PreAmar, poesia, 2005); A Segunda Chance de Eurides (novela, 2007, premiada no Concurso Literário Cidade de São Luís, da Func); Serventia e os Outros da Patota (contos, 2008, Prêmio da Func); Peru na Missa do Galo-Contos de Natal (2009); ensaio: Ofício de São Luís: Bernardo Coelho de Almeida, Coração em Verso e Prosa (Prêmio Literário Cidade de São Luís, 2009, da Func); Antes que Derramem a Lua Cheia (crônicas, 2010); e Um Terço de Memória, Entre Anjo da Guarda e Capela de Onça, e os Heróis do Boi de Ouro (A História de Fato e de Direito do Bairro Anjo da Guarda, 2011). (Os inéditos e os em andamento, na próxima edição do Sotaque da Ilha).