Após preparar uma grande festa para os ribamarenses, nos dias gordos de carnaval, a Prefeitura de São José de Ribamar, por intermédio da Secretaria Municipal de Turismo, Cultura, Esporte e Lazer (SEMTUR), divulgou as atrações para o carnaval do Lava-Pratos, neste fim de semana, inserido no tema Valorização, Alegria e Segurança, que foi escolhido pelo prefeito Eudes Sampaio, com o objetivo de promover um carnaval que garantisse aos ribamarenses e turistas uma festa segura, com muita alegria e que valorize os artistas e brincantes da cidade: “Entendemos que nessas oportunidades temos que valorizar o público do nosso município. O desejo da Prefeitura de São José de Ribamar é dar alegria para o povo, mas essa alegria só pode acontecer com segurança e organização!”— voltou a dizer o prefeito.
A 74ª edição do tradicional Lava-Pratos de São José de Ribamar acontecerá nos dias 29 de fevereiro e 1.º de março, neste sábado e domingo. A programação está diversificada: O cantor de forró, Avine Vinny, é a grande atração da festa, que vai ser realizada no Parque Municipal do Folclore Therezinha Jansen. No sábado, a partir das 20h, a animação ficará por conta do Grupo Samba de Boa, Banda Energia e Diel França e Esfregue Dance. Já no domingo, às 13h30min, a festa terá início com o Dj Inácio Mix e seguirá com Grupo N’gandaya, Banda Fenix, Personalidade do Reggae e Top Vinil, Banda Filhos de Jah, Gargamel e Banda, Bicho Terra e Andson Mendonça.
Escolas de samba criaram o Lava-Pratos — Como havia uma versão de que o evento tradicional seria criação de garçons, consoante acontecera com o Bacalhau do Batata, em Olinda (PE), pesquisei que este teve origem em 1962, quando o garçom Isaías Pereira da Silva (falecido em 1993), e apelidado como Batata, organizou na quarta-feira de cinzas um bloco carnavalesco destinado àqueles que, por trabalharem durante o período de festas momescas, deixavam de brincar o carnaval, e fui saber as informações fidedignas dos sambistas mais veteranos, na cidade-balneário e na capital.
Começou no Carnaval da Vitória — Mais antigo, o primeiro carnaval fora de época do Brasil começou em 1946, no chamado “Carnaval da Vitória, em comemoração ao encerramento da 2.ª Guerra Mundial (1945), logo que a agremiação ribamarense Batuqueiro Naval visitou a Águia do Samba (Anil), Turma de Mangueira (João Paulo), Turma do Quinto (Madre de Deus), as duas últimas ainda vivinhas da silva. Com o pretexto de pagar a visitação da coirmã, os sambistas ludovicenses esticaram a fuzarca, no primeiro domingo de Quaresma, na sede do Batuqueiro, na Rua Nova, defronte da Praia de Banho; e, dali para a Rua Grande, foi só um pulo. Nos anos seguintes, foram também outras congêneres: Maracatu do Samba, Cadete da Lua, Estrela do Samba, Coroa do Samba e Flor do Samba, etc. Estava inaugurado o que, em 2020, está na casa dos 74 anos, incorporando, no seu transcurso, outras manifestações: blocos tradicionais, organizados, fofões, tambor de crioula, vindos de São \Luís.
Os garçons não existiam então — Sem elegerem o critério à proeza para os garçons, que não existiam na época, colegas jornalistas menos experientes, para coincidir com a história do Bacalhau do Batata, sempre entrevistavam o jovem garçom Cassiano, por sinal, filho de consideração de Ribamar Dias, o popularizado Mijão, primogênito do legendário Juçareira, que conduzia em sua jardineira (ônibus aberto dos lados) as escolas de samba fundadoras do Lava-Pratos de Ribamar. Acertariam em cheio, se contatassem remanescentes mais credenciados do acontecimento, em Ribamar: Zé Tavó (compositor e fundador do Batuqueiro Naval), na Praia do Vieira, Nicolau Sodré, pandeirista e criador do Batuqueiro, na Rua Grande, ou Valentim Moraes (que foi baliza, hoje chamado passista, do Batuqueiro); em São Luís, com João Batista dos Santos (meu primo mais velho e ex-presidente campeoníssimo da Turma do Quinto, com a qual ia, desde rapazote, para o Lava-Pratos), em sua casa, na Madre de Deus… A criatura, só para os mais verdes, pode nascer antes do criador!
Acabaram com o modelo e eu fui à luta para voltar — A partir da década de 1990, os promotores do Lava-Pratos preferiram bandas de reggae e de “axé music” aos nossos cordões carnavalescos, e eu, em 2O anos, lutei para regressarem com as nossas brincadeiras, sempre com apoio do JP Turismo, até que o prefeito Luís Fernando, em 2016, com o slogan em sua gestão de Trabalho e Reconstrução, regressou com os blocos e escolas de samba, desfilando na Rua Grande, no domingo do Lava-Pratos, esperando nós que o seu sucessor, Eudes Sampaio, permaneça prestigiando as nossas agremiações, com apoio da Secretaria da Cultura do Estado. Poderia melhorar o movimento, na Rua Grande, com um palanque na adjacência da Praça do Cemitério (da Tesoura), e outro, para as autoridades, ao lado da igreja-matriz, para a recepção aos grupos participantes, em seu desfile, e entrega de troféus e medalhas, quando aconteceu forte até na gestão do saudoso prefeito João Alves (Tiritintim). Em tempo: por mais este trabalho, em prol da Cultura e Educação de São José de Ribamar, recebi, com honra ao mérito, em 2016, o Título de Cidadão Ribamarense, por unanimidade da Câmara e indicação da vereadora Valberlena Moraes, esposa do ex-vereador Chicão Moraes, em 40 anos de atividades, um dos inúmeros amigos que me abraçaram na cidade, eu como compositor da Escola Pirata do Samba, professor, historiador, escritor e animador cultural.
Texto: Herbert de Jesus Santos