Não faltaram manifestações de apreço, reconhecimento e votos de sucesso ao jornalista, poeta, prosador, compositor e folclorista Herbert de Jesus Santos (Betinho), como repercussão após a publicação no JP Turismo e nas redes sociais da sua intenção de concorrer à cadeira vaga com o falecimento do jornalista, advogado, escritor, político e membro da Academia Maranhense de Letras (AML), Sálvio Dino.
Em textos incisivos, coerentes e considerados de honra ao mérito, antes de tudo, mandaram ver o que acham da nova concorrência do companheiro e amigo deles de longas datas, para uma cadeira da Casa de Antônio Lobo, o jornalista, cineasta, roteirista, em Alcântara, Cláudio Farias, o jornalista e radialista Djalma Rodrigues, em São Luís, o sindicalista Raimundo Pereira (presidente do Sindicato dos Servidores Federais no Estado do Maranhão-Sindisep), em São Luís, e o engenheiro-agrônomo e professor na Universidade Federal do Ceará, José Lemos , ex-colega de Herbert de Jesus Santos no Liceu Maranhense.
Um preto candidato para a Academia Maranhense de Letras
“Ao longo da história da Academia Maranhense de Letras, quantos negros tiveram assento em tão branca instituição? Foi o que me veio quando soube de tão grata notícia. As cotas sociais formaram uma elite carregada de cofos de privilégios. À boca de siri sempre disseram que esse ou aquele não é lugar pra preto. A ‘sociedade’ ainda é colonizada e escravagista. Não mudou em nada. A Academia não é diferente. Mais um momento para a amarga e permanente reflexão que devemos fazer sobre a nossa tão decantada democracia racial, racismo estrutural, institucional, os preconceitos e discriminação do nosso cotidiano, que exaltamos miscigenado. Só quando conveniente. Espero que na Academia os negros passem da senzala. E possam estar no mocho ou tamborete que quiserem e vestir o fardão que sua competência couber. O preto candidato dispensa apresentações. Sem contarmos sua extensa produção literária, com premiações ao longo do tempo, a leitura da coluna semanal que ele assina há décadas no JP Turismo, semanário do Jornal Pequeno, Sotaque da Ilha, mostra a estatura do jornalista e escritor Herbert de Jesus Santos(Betinho). Basta ter boa vontade e seriedade intelectual. Meu voto popular!” – Cláudio Farias – Cineasta Diretor e Roteirista, Jornalista e Radialista.
Fora com o preconceito racial e social! — “Está na hora da Academia Maranhense de Letras (AML) deixar de lado o preconceito racial e social e absorver em seus quadros, autênticos literatos. O jornalista, poeta e escritor Herbert de Jesus Santos, autor de uma vasta e qualificada obra literária, parece ser rejeitado por conta de sua condição de negro e por ser oriundo da Madre de Deus. O nosso ícone do jornalismo e da literatura, o grande Bernardo Coelho de Almeida, me disse certa vez que votaria e votou em Herbert de Jesus Santos para integrar os quadros daquele sodalício. Afirmou que ele era merecedor pela qualidade dos seus trabalhos. Mas parece que a AML ainda está presa a um esquema de absorver apenas os integrantes de uma elite social, muitos dos quais são autores de obras de pouca relevância.” – Djalma Rodrigues –Jornalista e radialista.
“Acompanho, há muitos anos, os trabalhos do amigo Herbert de Jesus Santos, como jornalista e escritor, aliás começando essas suas inclinações profissionais, quando ele revisor do extinto Serviço de Imprensa e Obras Gráficas (Sioge), ajudando muito bem a Literatura maranhense, nas diversas gerações de autores, dentre os iniciantes e os consagrados. Agora, o Herbert (um exemplar pai de família, antes e depois da sua viuvez, na formatura universitária das suas três filhas) está pleiteando entrar na Academia Maranhense de Letras(AML), somando uma vasta e variada produção literária, em verso e prosa. Companheiro Herbert, você tem todos votos de bons sucessos do seu amigo Raimundo Pereira e de sua família, nesta nova caminhada para ingressar na AML, a Casa de Antônio Lobo!”
AML em débito com os maranhenses – Em nossas turmas do Liceu, Herbert de Jesus Santos foi um cara que sempre teve muito talento para escrever textos. A “praia” dele sempre foi esta. Encantava-nos com os seus escritos já naquela fase da nossa vida em que a irreverência e a transgressão nunca incluíam bebedeiras ou uso de qualquer tipo de drogas ou tabagismo. Herbert se tornou um grande escritor, novelista, poeta, compositor, roteirista, revisor de textos… A prova atual disso é a sua coluna semanal no Caderno de Turismo e Cultura no JP, que deve ser leitura obrigatória para quem quer inteirar-se da cultura, da vida boêmia, da literatura, da poesia, do canto, do carnaval, do bumba-boi, da Festa do Divino, dos folguedos maranhenses. De quem quer ler um bom e bem estruturado texto. Possui uma vastidão de publicações literárias, incluindo enredos para escolas de samba do Maranhão… Um talento que temos e que está vivíssimo, pulsando, escrevendo, produzindo, reivindicando e, melhor de tudo, nos mostrando o que é nosso, o que possuímos, a nossa riqueza cultural. E faz isso com um talento que poucos possuem. Pois bem, o Herbert, de forma honrada, faz tempo que pleiteia ser imortal na Academia Maranhense de Letras(AML). O pleito mais do que justo não está ancorado em vaidade pessoal (se eu imaginasse que seria assim, não escreveria este texto), mas na sua robusta biografia. Contudo, de forma estranha, os senhores membros da AML insistem em não reconhecer o seu enorme talento. O que além de ser uma enorme injustiça, se constitui numa omissão que não é boa para a própria Academia e, sobretudo, para as letras, para as artes e para a Cultura Maranhense. (*) Engenheiro-agrônomo, coordenador do Laboratório do Semiárido da Universidade Federal do Ceará. Pesquisador. Foi Secretário de Assuntos Estratégicos e de Agricultura no Governo José Reinaldo Tavares. – José Lemos.
Edição: Gutemberg Bogéa