O texto é, ipsis litteris, da Secom estadual, publicado em 5/6/2022, nos jornais ludovicenses, capturado por mim, nas redes sociais: “Em 1988, três brincantes apaixonados pelo bumba meu boi decidiram criar, no Bairro de Fátima, um grupo para manter viva a tradição do sotaque da baixada em São Luís. Sob coordenação de José de Jesus Figueiredo, o popular Mestre Zé Olhinho’, Raimundo Miguel Ferreira (Mestre Raimundinho) e João Madeira Ribeiro, nascia o Bumba Meu Boi Unidos de Santa Fé, um dos mais prestigiados grupos juninos do Maranhão.”
Foram com muita sede ao pote e não perguntaram a procedência da água onde ela tem tudo para ser mais translúcida, pois o correto seria assim: Em 1987, motivado por questões internas do Boi de Pindaré, Zé Olhinho desligou-se, oficialmente, dele, e montou, com os dois companheiros supracitados o Pindaré 2. Obviamente, por lembrar sempre o Boi de Pindaré original, e sendo Zé Olhinho natural de São Vicente de Férrer, igualmente baixadeiro, em 5 de maio de 1988, fundou o Boi Unidos de Santa Fé.
Regressando ao talante seconiano: “No início, o Boi de Santa Fé era modesto e contava com pouco mais de 13 participantes. Em três décadas a brincadeira cresceu e hoje contabiliza 40 integrantes no cordão, 20 índios, 35 índias, 35 cazumbás, 20 batuqueiros e um atuante grupo de apoio. Com oito discos gravados e atuação nas principais festividades culturais do Estado, o Boi de Santa Fé comemorou o retorno aos palcos juninos, após dois anos marcados pela paralisação do setor cultural devido à pandemia.
Na noite de 4 de junho, o Boi de Santa Fé e seus mais de 30 anos de resistência cultural, animaram o público no Arraial do Ceprama, que dançou e cantou ao som de toadas contagiantes, como é o caso de “Guerreiro Valente”, música que remonta à cidade de São Vicente Férrer, a origem do seu fundador Zé Olhinho.”
Boi de Pindaré — Para os da nossa gente mais nova, em volta com assuntos ligados ao tema palpitante e de nossa benquerença ancestral, na redações, e que se achem sacudidos por alguma dúvida persistente, a respeito, estão aí informações sobre o Boi de Pindaré: Nascido na Vila Passos, passando pelo Monte Castelo, o tradicional Boi de Pindaré, de sotaque da Baixada, foi fundado pelo compositor e cantador João Câncio dos Santos, em 15 de maio de 1960. Já no Bairro de Fátima, estabeleceu-se às margens da Avenida dos Africanos, na imediação da Avenida Senador Vitorino Freire, no Bairro da Areinha. Embalou o talento de outros tantos mestres do Bumba meu Boi do Maranhão, como Coxinho e Zé Olhinho. João Câncio dos Santos nasceu no povoado de Santa Maria, localizado no então município de Pindaré-Mirim, por volta do final da década de 1920.
São Marçal, muito mais novo no João Paulo, que o dito — Poderão, se houver necessidade, valer-se destes apontamentos de jornalista profissional e pesquisador criterioso, quando comecei a duvidar de uma insistência absurda de que a passagem dos bois de matraca, no João Paulo, teria começado em 1928, e assim muito mais antiga que a Festa de São Pedro, na Madre de Deus, para a qual reunir parentes e vizinhos mais velhos para alcançar que aquela tradição cultural começara em 1940, com capelinha de pau-a-pique e coberta de palha, já com a imagem e novena (nove noites de reza), descartando-se até mais de 100 anos, só com os praianos guardando a data, velejando no Rio Bacanga.
Um joão-paulino confirmou que era exagero desde 1928 —Após um exaustivo levantamento, nos periódicos da Biblioteca Benedito Leite, falaria de cátedra que a passagem dos bois de matraca, no João Paulo, não possuía os mais de 80 anos que falavam, pelos cotovelos, desde 2007. Tenho material para um livro, menor que o de São Pedro, não menos importante, e sem invencionice. Começou em 1973, consoante informou, para eu fazer uma ampla Reportagem sobre o tema, um dos criadores da passagem, o cantador Humberto de Maracanã, testemunhado por Mané Onça, cantador do Boi da Madre de Deus, em que, ali, eu era matraqueiro da brincadeira famosa. Em 2018, em seu programa Canta, Maranhão!, na Rádio Difusora, ao lado do jornalista Joel Jacintho e do radialista Juarez Sousa, a radialista Helena Leite (falecida em 30 de março de 2019) levantou a questão para mim, que confirmei o dito de Humberto para a Reportagem minha, editor-geral do jornal Diário do Norte, em 1987, o que foi abraçada, na entrevista de Helena Leite, na mesma ocasião da minha fala, por um morador do João Paulo que, em 1973, era recruta do Exército, no então 24.º BC, colocando um fim na polêmica de que a passagem dos bois da Ilha, Dia de São Marçal, no João Paulo, era com o exagero de desde 1928.
O bendito livro da Festa de São Pedro — Quando erram em passagens importantes, omitem acontecimentos, em matérias de jornal, eu lamento em demasia. Tenho livro memorial e didático para ajudar os meios de comunicação e poderia servir para a grade curricular no ensino da rede pública e particular: Tudo a Ver com o Peixe de São Pedro (A Festa do Pedro Santo, o Padroeiro dos Pescadores, no Bairro da Madre de Deus). Ninguém nunca mais erraria nessa parte tão importante da Cultura Popular Maranhense, desde as crianças. Quem pode bancar é o Governo do Estado, por ter umas 300 páginas, com fotos interessantes, tratando de brincantes legendários e dos cinco sotaques de bumba-boi e seus autos, e requer ser milhares de exemplares, e valeria a pena!