Com o carnaval mais próximo, o artista acelerava as mãos, como nessas botas para o Bloco Os Feras – Fotos: Paulo Salaia, Glaubert Calvet e Oliveira
Por Herbert de Jesus Santos
Foi uma perda considerável para a Cultura Popular Maranhense, o falecimento, no dia 15 de maio passado, de Banjo, o Rei das Botas, como ficou mais conhecido o sapateiro e artesão de mão-cheia Hilton Nogueira, que tinha residência e oficina na Rua Guimarães Passos (Belira), n.º 150, onde há mais 30 anos ininterruptos granjeou a fama de trabalhar com a maior eficiência para muitos blocos tradicionais e outros grupos folclóricos, a exemplo das danças portuguesas.


Ele nasceu no povoado Aracau, na região da Estiva, em 11.12.1944, e morreu, no HCI (Hospital de Clínicas Integradas), na Av. Jerônimo de Albuquerque, perto do antigo Roque Santeiro, no Bequimão, com sintomas da Covid-19, ressentindo-se de um câncer na próstata que o acometeu e foi internado no Hospital Aldenora Belo, há um ano, e teve sepultamento no Cemitério do Gavião, no dia 16.
Muito próximo de Banjo, nos últimos anos, o folião de alteroso Paulo Salaia Costa de Jesus, presidente do Blocos os Feras, da Madre de Deus, sintetizou a relevância do Rei das Botas para a Cultura Popular Maranhense, em sua arte para os calçados dos cordões carnavalescos e joaninos. Consoante o comandante do Bloco os Feras, para a Reportagem do JP Turismo, na tarde de ontem, “Banjo foi uma das pessoas mais importantes com a sua contribuição nas confecções das botas, sapatilhas, chinelas, etc., dos grupos carnavalescos e juninos de São Luís do Maranhão; incansável, amigo, companheiro, honesto, sério e muito competente”. Paulo Salaia ressaltou com a categoria da testemunha presencial: “Ele trabalhou em especial para os blocos tradicionais, como, Príncipe de Roma, Reis da Liberdade, Vinagreiras Show, APAE, Os Foliões, Brasinhas, Os Feras, Originais do Ritmo, Os Apaixonados, Os Baratas, Os Vampiros, Os Fanáticos, Gladiadores, Os Guardiões, Os Vingadores, Os Diplomáticos, Os Tropicais do Ritmo, Os Indomáveis, Os Tremendões, Os Imbatíveis e muitos outros.”


O Grande Banjo — Já o Kambalacho do Ritmo, do Bairro Anjo da Guarda, externou para os familiares de Banjo “Nossas sinceras condolências neste momento tão difícil, quando prestamos nossa homenagem a quem se foi e oramos para que Deus conforte o seu coração e alivie o seu sofrimento, com a perda do Grande Banjo, sapateiro dos Blocos Tradicionais de São Luís, há mais de trinta anos.”


De Hilton a Banjo, o Caminho que deu certo — Por sua vez, Glaubert Calvet, filho, não poderia ser mais emocionante, num texto que corre nas redes sociais: “Em 11 de dezembro de 1944 nasceu HILTON NOGUEIRA, um homem humilde, na zona rural em São Luís, vindo para o centro da cidade ainda garoto, onde os colegas dele pelo seu porte físico magro o apelidaram de BANJO, e o mesmo ficou satisfeito por chamarem assim.
Sua trajetória profissional começou criança, ajudando nas confecções de calçados; aos poucos com humildade se tornou um grande operário respeitado e admirado por todos, daí com muito trabalho e dedicação montou a sua própria oficina e passou a ser um microempresário no mesmo ramo, mas sem perder a sua humilde arte em reformar. Com talento de sobra passou a fabricar e idealizar modelos de botas: carnavalescas, juninas e desfiles em geral, para todos os municípios maranhenses. Ao longo da sua vida familiar, foi bem casado, e teve cinco filhos, sete netos e três bisnetos, e esses números aumentam pelo fato de considerar muitos outros como seus familiares, criados com muito respeito e trabalho. Sendo reconhecido por amigos, e clientes e simpatizantes como o REI DAS BOTAS, em 15 de maio de 2020 teve sua trajetória de vida interrompida aqui na terra por Deus, que o chamou para uma nova jornada, celestial, deixando, para todos, saudades, lembranças, ensinamentos e harmonia.


Mostrava visivelmente sua paixões culturais, com o Fluminense, do Rio de janeiro, Sampaio Corrêa, no Maranhão; o Bloco Os Tremendões e a Escola de Samba Unidos de Fátima, no carnaval maranhense, mas com grande admiração e respeito por todas as agremiações. Siga em paz, BANJO, o senhor só deixou orgulho para todos, e que BANJO, o Rei das Botas, vá ao caminho do céu levado pelos ritmos culturais maranhenses. Glaubert Calvet Filho, amigo, operário e parceiro.”