Numa entrevista marcante, na TV Mirante, o jornalista, poeta, prosador e folclorista Herbert de Jesus Santos falou do livro da Festa de São Pedro, desde sua origem, na Madre de Deus, aquela que teve sua avó paterna, a beata Marcelina Cirila dos Santos (D. Marcela), a primeira zeladora da capela. Entrevistado, em 11 minutos, pelo apresentador do Bom-Dia, Mirante, jornalista Soares Júnior, no Dia do Padroeiro dos Pescadores, a repercussão passou tempo, com o autor, ontem, perguntado por diversos interessados quando seria o lançamento do título (seu 19.º) Tudo a Ver com o Peixe de São Pedro (A Festa do Pedro Santo, o Padroeiro dos Pescadores, no Bairro da Madre de Deus), com a obra, no ponto de impressão, esperando o sinal verde do prefeito de São Luís, Eduardo Braide, que a prometeu, na igrejinha, na Festa de São Pedro de 2018.
Um dos pontos altos da entrevista foi personificada pela avó paterna do escritor, que (com o pai, Felipe Nery dos Santos, na pescaria, no alto-mar, e sua mãe, Doralina de Jesus Santos -D. Dora, operária da Fábrica Santa Isabel -Fabril) levou o então menino, que gazeava aula de cartilha de ABC, dentre outras peraltices, na Madre de Deus, para ser criado e educado, na Rua do Apicum, por seus padrinhos, o oficial de Justiça Francisco Galvão dos Santos (Chiquito) e Aldenora Ferreira Galvão dos Santos (Dedé). Herbert lembrou que sua madrinha prometeu para a sua avó que com ela ele estudaria muito e assim aconteceu: Aluno da Escola-Modelo Benedito Leite de tarde, aprovado no concorrido Exame de Admissão ao Liceu, dali em dois vestibulares para a UFMA (Curso de Direito e Comunicação Social-Jornalismo, em que se graduou), e pós-graduação em Gestão Pública, com mestres e doutores da Universidade de Minas Gerais, em convênio com o Governo do Estado do Maranhão. Ele enfatizou: “Minha avó era analfabeta, porém tinha um poder de convencimento muito grande, quanto testemunharam os que seriam os meus queridos irmãos de criação”! Visivelmente emocionado, assinalou que ele, desasnado, na Rua do Apicum, quando ia, aos domingos, para o seu berço, atrás da capela, sua avó pedia para ele ler os jornais para ela e, numa vez, que fosse um dos que redigia aquelas notícias. Ele evidenciou: “Quando eu preferir ser jornalista e escritor, concluindo o Curso de Comunicação Social, a ser advogado, eu lembrei muito dela! Ela não queria que eu fosse pescador, qual meu pai e tios, porém que eu estudasse também para auxiliar a tradição cultural e religiosa de São Pedro, ali. Realmente, muitas pelejas eu sustentei, como jornalista e escritor, em que eu não seria exitoso como advogado!”
A origem correta com um dos fundadores do Festejo — Para fugir do dito de “Em casa de ferreiro, o espeto é de pau”, em 2007, Herbert de Jesus Santos concentrou parentes e amigos mais velhos, para uniformizarem a origem da Festa de São Pedro, no bairro, pois a cada ano, por um lapso, saía uma versão diferente nos jornais, com até 100 anos. No templo, de feitio moderno, do Pedro Santo, conhecido assim entre os da gema, na tarde da antevéspera do seu dia, Francisca Batista Soares dos Santos (D. Chica, de 78 anos, então) disse que se originou em 1940, com a novena (nove noites de reza) e devoção de pescadores e barqueiros. O memorialista continuou: “O pescador aposentado José Raimundo Carvalho (o Zé de Zuleide, com 102 anos, ali) revelou que, de 1940 a 1948, a capela era de taipa e palha, e a de alvenaria e telha, em 1949, subsidiada pelo político e industrial Cesar Aboud, dono da Fábrica Santa Isabel (Fabril). Isabel dos Santos Rodrigues (Bela, ali, com 74 anos, filha do pescador Basílio dos Santos Martins), João Batista dos Santos (77), Gervásio Gomes dos Santos (74), meus primos mais velhos, também netos de vovó Marcela, reconheceram o benfeitor Cesar Aboud, deputado estadual. Até por que na Fabril havia operários da comunidade, como a minha mãe, que trabalhava na maçaroqueira da fábrica de tecelagem!”
A primeira capela de alvenaria — Pesquisador experiente, na Biblioteca Pública Benedito Leite, achou e publicou logo no JP Turismo, em 2002, que, no jornal O Imparcial, de 28.6.1949, o presidente e o tesoureiro da Colônia dos Pescadores Z-1 Almirante Barroso, respectivamente, Severino Godofredo dos Santos e Gregório Tito de Sena (o popular Gregório Cambel), convidaram povo e autoridades para a inauguração da Capela de São Pedro de tijolo, no dia 29, para prestigiarem a missa solene, a procissão marítima, indo em frente da Igreja dos Remédios até à Ponta d´Areia, regressando à Madre de Deus, e agradecem o apoio de César Aboud. Esta ganhou duas construções da Prefeitura de São Luís, em1973-1995, e a atual, no alto, do governo Roseana Sarney, em 1997.
São Pedro com o maior arraial junino — Prestigiado por brinquedos de todos os sotaques e milhares de assistentes, no seu largo, no amanhecer de 29 de junho, tornando-se o maior arraial junino, no auge do folguedo, em São Luís, para jornalistas e folcloristas, ali merece ter o movimento começado no São João. “Iniciando em 28 e com término em 29 de junho, é muito pouco, e deveria estar entre os arraiais oficiais, com que o turismo também ganharia muito!”— apontou Herbert.
Grande procissão marítima — Para Herbert, a procissão marítima deveria ter mais embarcações enfeitadas de bandeirinhas, qual no tempo da sua avó, que, mesmo analfabeta, sabia se entender com as autoridades, e, se a maior do Brasil, aumentariam a nossa autoestima e o turismo, aproveitando que a nossa Baía de São Marcos é maior que a de Guajará, em Belém, e os paraenses fazem o Círio de Nazaré fluvial com centenas de iates, lanchas e outros barcos. Aí, assinalou: “Hoje, poderemos ter até visitantes estrangeiros no evento, ciceroneados pelo professor, guia de Turismo e poliglota Simão Cireneu Ramos, nascido no bairro, e que já está disposto a ajudar!”
A Ilha em Estado Interessante! — Desabafou, na TV Mirante, que a prefeitura, via Secult (Secretaria Municipal da Cultura), na gestão anterior, desde 2015, suspendeu o Concurso Literário Cidade de São Luís, não publicou os primeiros lugares do 36.º, concedeu só sete salários mínimos para cada, rasgando a lei municipal de 1955, que rege o certame bonançoso para surgir novos talentos e consolidar os escritores consagrados, ruinoso para a nossa Inteligência perante a intelectualidade nacional baseada na Academia Brasileira de Letras e na União Brasileira de Escritores. Ressaltou: “Com meus êxitos, pois me preparei para ser vitorioso, com manifestação de ódio do ex-prefeito a mim, a Secult sustou a competição, com descaso à minha cobrança, na Imprensa, para a publicação do meu livro campeão, um dos meus seis inéditos, A Ilha em Estado Interessante, de crônicas, com doutores em Literatura da UFMA e da USP (Universidade de São Paulo) jurados!”
Apelo ao governador e ao prefeito — Perguntado por Soares Júnior quanto era o valor da premiação em dinheiro, Herbert de Jesus Santos acentuou que seria, por lei municipal, de dez salários mínimos, com publicação de mil exemplares, e aí solicitou ao prefeito Eduardo Braide o ressurgimento do Concurso Literário Cidade de São Luís, pela Secult, e ao governador Flávio Dino, pela Secma (Secretaria de Estado da Cultura), do Plano Literário Gonçalves Dias, com o último se dando, em 2008, no Governo Jackson Lago. Ele concluiu, animado:“Suas Excelências fariam um bem maior para a nossa terra, na consideração de que somos elogiados pela intelectualidade brasileira por nossa Literatura, que realça muito a nossa Cultura, que é a alma do povo!”
Texto: Herbert de Jesus Santos