Maranhão e Pasquale na ponta da língua do Brasil — Após o Sotaque da Ilha rechaçar o presunçoso martelo do professor paulista Pasquale Cipro Neto, dando como favas contadas que o Maranhão não falava o melhor português, no Brasil, a discussão viralizou nas redes sociais, com a internauta Cibele, no Sudeste, metendo bronca: “Discordo do Pasquale (e não sei, quando é que concordo com ele!). Para mim, é sim no Maranhão que se fala o melhor português! Trabalho com diversos estados aqui, e eles escrevem muito bem, além de falarem bem; nem o ´porrrta´ eles puxam!”
Fábio Procópio na desinteligência — Sem atentar que à mesma pessoa tratou de ti e você (12.8.2009): “Pois é, Cibele, discordo de ti quando você realmente diz sobre o Maranhão e o fato da pronúncia da palavra ´porrrrta´. Os regionalismos no Brasil não podem ser vistos como algo errado, e sim um facilitador da comunicação nas diferentes regiões. Não existe um lugar correto onde se fala o melhor português do País, este foi o meu intuito ao escrever este texto… indagando o fato da afirmação de termos o Maranhão com o melhor português!”
Patrício magistral inicia a detonação de Pasquale (19.8.2009) — Um da tribo embasada, dizendo-se Marcelo, municiado de gregos e troianos, deu início à desestruturação de Pasquale: “Eu, particularmente, penso que é uma verdadeira barbárie linguística convidar Pasquale para falar sobre língua-linguagem e sociedade. Ele não tem estudos científicos na área e navega numa relação muito pragmática e fechada da língua. Entre língua e fala, a antinomia é total. A fala é um ato, uma manifestação atualizada da faculdade da linguagem dentro de um contexto, enquanto a língua é um sistema virtual que apenas se atualiza na e pela fala. Precisamos aprofundar mais essas questões, pra não ficar nesse simplismo do Pasquale!”
Um maranhense da gema com papo de alta cultura — Nesse lugar, ingressou na frutuosa controvérsia, Nilvan Braga, sem declinar sua procedência, ora, a não ser seu berço, e, por seu arrazoado, possuidor de uma bagagem portentosa: “Entendo todos os argumentos citados aqui, discordo daqueles que colocam a norma culta (no falar) em segundo plano, quando à esta é dada apenas a variante do regionalismo, mostrando um desleixo total com a intimidade da língua falada e escrita. E isto é o que faz diferençar o Maranhão dos outros estados, quando naquele não se vê grandes diferenças entre o português falado e o escrito. Vendo por esse lado, faz muito bem o falar do povo do Maranhão, pois lá, sim, usa-se um regionalismo, mas aquele que enaltece a língua falada e escrita e não se nivela por baixo, deixando cair, também, o argumento de que falar bem provém de quem é, social e economicamente, privilegiado. Esse argumento fica desnudo quando se vê pessoas de todos os níveis sociais, no Maranhão, a desenvolver com leveza uma boa articulação com a língua portuguesa. Fato, este, incomum para a maioria da população brasileira, mesmo entre aqueles que se dizem bem-formados”.
Mais pérolas do conterrâneo no exílio: Nosso legado — Adiante, outras preciosidades: “É com muita tristeza que vejo pessoas com potencial de formadoras de opinião – quando não o são– fazerem comentários de que não existe um falar melhor ou pior, mesmo que o ponto em questão seja a forma mais próxima da língua culta (de Portugal ou do Brasil), pois essa postura somente coaduna para aumentar a distância entre linguagem e língua (espírito e matéria – se assim posso comparar). Meu objetivo, aqui, é somente enriquecer a discussão, pois não acho que o Maranhão fala bem português só por que usa o pronome “tu” com seus correspondentes verbais. Quem vê somente isso, vê de forma simplória e, até mesmo, desrespeitosa, pois o que, lá, ouve-se falar é aquilo que podemos chamar de correto, mesmo que isso signifique diminuir aquilo que entendemos por errado (ou regionalizado – como mascaram), ou que, assim, poderíamos chamar. Não vejo lógica privilegiar o que destoa em detrimento do que entoa. Parabéns ao povo do Maranhão, pois este é um legado que não lhe deverá ser tirado! Que o povo brasileiro tenha o privilégio de conhecer um pouco mais desse Estado e de sua Capital – outrora chamada de Atenas Brasileira.”
Fábio Procópio rendido, e como gente grande (16.9.2009): “Olá, Nilvan: Obrigado por enriquecer nosso diálogo. Concordo no que diz respeito ao fato do legado maranhense. Tenho muita vontade de conhecer este Estado e este povo! Você é maranhense?” E Nilvan (17.9.2009), com a nossa procuração: “Olá, Fábio! Sou maranhense, sim! Se queres, realmente, conhecer meu Estado, estarei à disposição. A cada três meses, dirijo-me para São Luís, de modo que, com essas visitas, não me distancio de minhas raízes ludovicenses, formadas durante 16 anos em que lá vivi. Abraços”. E FP , alteza em sua sinceridade: “Sou um curioso pela vida. Um aprendiz que busca no desenvolvimento das pessoas uma fonte de inspiração e de aprendizado!”
Ao Confrade Benedito Buzar, por nossa Querência! — Caro Colega Jornalista: Há um bom tempo, a Academia Maranhense de Letras (AML) não tem a fortuna de candidaturas quanto às de Fernando Braga e Rossini Corrêa, alterosos na poesia, prosa e crítica literária e lastro, inclusive, para a Academia Brasileira de Letras (ABL). Hora de esvaziar o ego de quem se acha importante no frisson da indicação de seu favorito à imortalidade e no torcer o nariz aos melhores fora do círculo social, visivelmente, decadente! A Casa de Antônio Lobo precisa sobrepujar esse provincianismo maniqueísta e manquitola de bitolar o ingresso ao sodalício pela menina dos olhos pretensiosos! Teve mais recomendados por suas bagagens culturais e literárias, saltando aos olhos a diferença para a atualidade de imortalizar (metendo, sem-cerimônia, o dedo a esmo e, pobremente, jactancioso), com suas honrosas exceções: Jomar Moraes, Nascimento Morais Filho, Clóvis Ramos, José Chagas, Ubiratan Teixeira, Dagmar Desterro, Manoel Caetano Bandeira de Melo, Clóvis Sena, Amaral Raposo, Bernardo Almeida, João Mohana, Carlos Cunha, Lago Burnett, José Louzeiro, Josué Montello (também da ABL), Odylo Costa, filho (idem), Erasmo Dias, Domingos Vieira Filho, e Franklin de Oliveira. Não lhe pertenceu outra plêiade: Fernando Moreira, Nauro Machado, Bandeira Tribuzi, Ferreira Gullar (foi da ABL), Raimundo Nonato Cardoso e Jorge Nascimento. Sem este paradigma de só nomes enganchados na translúcida alta-roda para a AML, ostentamos no labor autoral e parecer: Alberico Carneiro, JM Cunha Santos, Luís Augusto Cassas, Arlete da Cruz Machado, Rita Santos, Lenita Estrela de Sá, e Ricardo Leão; o contista premiado Lucas Baldez, Luiz de Mello (outro ás de premiações em prosa), e o poeta caxiense, nacionalmente, considerado Salgado Maranhão.
(Fecho na próxima edição)