Como no dito popular, quem tem sua boca diz o que quer, um, desavisado postou, no seu facebook, há pouco, improcedências relativas à direção do Parque do Folclore da Vila Palmeira (Humberto de Maracanã), generalizando que ninguém teve competência para gerenciar a contento aquele bem público. Sem escutar a toada direito, mandou: “Sempre foi um espaço subutilizado, grande demais para ser mantido por empreendedores culturais, que não encararam o desafio de conquistá-lo e empreendê-lo. Faço votos que o poder público tenha sucesso e promova melhor a utilização daquele importante e grandioso espaço!”


O dito cujo pareceu estar em Marte ou no mundo da Lua, quando brincantes e dirigentes de bumba-boi em comitiva solicitaram o espaço, em regime de comodato, em entendimento com o secretário de Planejamento do Governo Roseana Sarney, Jorge Murad, e criaram a Associação dos Bumba-Bois da Ilha (ABMI) e desenvolveram gestões que beneficiaram cordões de todos os sotaques, cada qual com aquisição de barraca para captar recursos em prol de enfrentar despesas para colocar o seu batalhão melhor preparado no São João. Houve ciclos de palestras, com a participação de colégios do ensino público sobre a importância da Cultura Popular Maranhense, e encontros de amos de Boi para bem-sucedidos concursos de toadas, aprimorando as confraternizações dos grupos folclóricos. As conferências ficaram sob a minha responsabilidade, representante do Boi da Madre de Deus, numa diretoria de peso e seriedade, com a presidência de Tony Duarte (Boi de Matraca do Anil), vice-presidente, Carlos Alberto Barateiro da Costa -Coronel Bebeto (Boi da Maioba), Malvino Alencar (Boi de Maracanã), João Damázio Pinheiro-Garrafinha (Boi de Ribamar), em concentrações que contaram sempre com alteadas expressões de bois de orquestra, como Emília Nazar (Boi de São Simão) e Gorete Desterro (Boi de Perizes), de costa-de-mão, da Baixada (Zé Olhinho, amo do Boi de Santa Fé), e, de quando em vez, o legendário Leonardo (do Boi de Zabumba da Liberdade).
No folguedo junino, sob a administração dos fazedores da Cultura Popular, em que tive a honrosa participação, por dois anos consecutivos, o Parque Folclórico da Vila Palmeira, com uma organização esmerada, foi um dos mais frequentados, quando os próprios dirigentes da ABMI se encarregavam de receber as brincadeiras (de bumba-bois ou não), de modo que tão-somente a locução era de um profissional sem vínculo com os batalhões : o competente radialista Frank Matos, paraense e admirador, por excelência, das tradições maranhenses.
Terra de Cemitério — O internauta supracitado não foi a coerência em pessoa, pois deveria citar o vereador Astro de Ogum, mandando no Parque do Folclore, há mais de 20 anos, e que foi mais uma vez colocado para fora dali, pelo Governo do Estado, que anunciou a construção ali de uma praça da família com a demolição do bem cultural, inaugurado, em 1980, pelo Governo João Castelo. O político tal, envolvido em episódios nebulosos e escandalosos, dando manchete para a Imprensa timbira, não conseguiu nem colocar a culpa no mordomo por seus gestos sub-reptícios, ainda consoantes comunicadores ciosos e donos da sua pena e microfone. Terra de Cemitério (apelidado pelos boieiros, capaz de comer sozinho), sim, internauta desavisado, meteria a carapuça na cabeça!
O Cronista de uma Cidade que Precisa de Defensores — Quando eu recebi um dos maiores elogios (e entusiasmo), na minha carreira de jornalista, eu era editor-geral do Diário do Norte, em 1986, e o jornalista cearense Pompílio Santos escreveu no matutino dirigido pelo conterrâneo dele, aqui, o legendário Cordeiro Filho (Raimundo Nonato), que eu, com todas as letras e honra ao mérito, era O Cronista de Uma Cidade que Precisa de Defensores. Pelo visto, ouvido e reincidente, posso não ser O Cronista de Uma Cidade, mas ela precisa de defensores, como nunca!
A polêmica de falarmos ou não o melhor Português no Brasil!— Quando eu li que o professor paulista Pasquale Cipro Neto, na Revista Veja, em 1996, detonou o Maranhão com que era pura lenda (ironia ao nosso acervo grandioso de quimera e aranzel) falarmos o melhor Português no Brasil, protestei daqui do Sotaque da Ilha, solicitei providências à Academia Maranhense de Letras (AML) e fiquei risonho todo quando acompanhei, nas redes sociais, uns moços, um maranhense da gema, no exílio, acabando com a falácia e a bazófia de Pasquale.
Aula de Atenas Brasileira — No princípio, era o verbo, qual para Fábio Procópio, professor, formado em Comunicação Social (Relações Públicas) pela Unesp, e com quês de José Veríssimo (paraense, crítico e estudioso colossal da Literatura verde-amarela, que deu ao nosso Estado a ascensão de Atenas Brasileira e foi o idealizador da Academia Brasileira de Letras, no Rio), na polêmica que se balança nas redes sociais de Ser ou não Ser o Maranhão o Lugar Onde Melhor se Fala o Português no Brasil: “(…)Com o aumento da demanda internacional por algodão, para atender à indústria têxtil inglesa, e a redução da produção norte-americana, por causa da Guerra da Secessão, formou-se um cenário ideal para a produção algodoeira no Maranhão, no século XIX.
A nossa ascensão econômica e efervescência cultural— Na fase de ouro da economia maranhense, São Luís passou a viver uma efervescência cultural, relacionando-se mais com as cidades europeias do que com outras brasileiras, e foi a primeira a receber uma companhia italiana de ópera. Possuía calçamento e iluminação como poucas do País. As últimas novidades da literatura francesa eram recebidas semanalmente. É nessa fase que São Luís passa a ser conhecida por Atenas Brasileira.
Os movimentos literários, a partir do Romantismo — A denominação decorre do número de escritores locais que exerceram papel importante nos movimentos literários brasileiros a partir do romantismo. Surgiu, assim, a imagem do Maranhão falando o melhor português do País. A primeira gramática do Brasil foi escrita e editada em São Luís por Sotero dos Reis. (…)
Reacende a controvérsia, com força — Já na obra Preconceito Linguístico, Marcos Bagno, tradutor, escritor e linguista, da USP, achou que desmistificou o fato de que o Maranhão é o lugar onde melhor se fala o idioma, por o melhor falar não depender da região geográfica: “Toda variedade linguística atende às necessidades da comunidade que a emprega. (…) É também resultado de um processo histórico próprio, com suas vicissitudes e peripécias particulares”.


(Fecho na próxima edição do Sotaque da Ilha)