

O Senado aprovou nessa terça-feira (30), o texto-base do PL das fake news, projeto de lei 2630/20, que discorre sobre o combate às notícias falsas em redes sociais e serviços de mensagens, com o relatório final votado mesmo com pedidos de adiamento feitos por entidades da sociedade civil e empresas do setor. O PL, cujo texto foi alterado e protocolado na segunda (29), pelo senador Ângelo Coronel (PSD-BA), seguiu para a Câmara dos Deputados, com o senador Coronel retirando a exigência de fornecimento de documento de identificação válido e número de celular para a criação de contas em redes sociais. Naquele mesmo dia, as notícias falsas grassaram, nos meios de comunicação indígenas, notadamente por conta de, sem nenhuma reparação, a disseminação de que a passagem dos bumba-bois da llha, no Bairro do João Paulo, ostentava um cartaz de 93 anos, sem quê nem pra quê!
Muito piores, na minha concepção de conhecedor do assunto, como poucos, na Cidade, foram linhas de um jornal tradicional em que o repórter-redator sem pestanejar realçou “A Festa de São Marçal surgiu a partir da proibição aos grupos de bumba meu boi de seguirem para a área do Centro da cidade”. Só isso, uma vírgula! Tomou fôlego, para a higienização do raciocínio, e mandou brasa para a sua sardinha, assim: ipsis litteris (nos mesmos termos; tal como está escrito): “O tradicional encontro de batalhões de bumba meu boi do sotaque de matraca, que acontece há quase 100 anos, no bairro do João Paulo, em homenagem a São Marçal, não acontecerá este ano por conta da pandemia do novo coronavírus (Covid)”


Amigos, história à parte! — Sem exaltação à sentença de que errar é humano, persistir no erro, não tem nada a ver com o peixe do divino, aqueles estavam em seus ossos do ofício, com a esperança deste poeta de que para o ano estaremos no espaço com a informação fidedigna. Não foi o caso, pela minha sugestão, do publicitário e produtor cultural Celso Brandão, meu chapa e combatente comigo de bons combates em prol da Cultura Popular Maranhense, e só não poderia calcular que ele alcançasse uma projeção só atingida pelos boieiros mais reluzentes de fama. Todavia, era o próprio que ascendeu à liderança de uma carreata de São Marçal, em razão de não haver o tradicional encontro dos cordões de matraca, que, consoante sabemos de cor e salteado, atingiu 48 anos. Se me dissessem que o supracitado idealizou a faixa de 93 anos, ele seria o cara do folclore maranhense, se apostasse no taco dos que, como o saudoso Humberto de Maracanã e Mané Onça (ainda vivo para contar a história, no Boi da Madre Deus), presenciaram e participaram do alteroso acontecimento, no 30.6.1972.
A Fefcema dará o ar da sua graça na passagem dos bois — Conversa de vaqueiro é em cima do gado, e o olho do dono é que engorda o Boi! Com essas duas pérolas na conversação, dirigentes da Fefcema (Federação das Entidades Folclóricas do Estado do Maranhão, que possui a congregação de abraçar os brinquedos da sua benquerença,) estão anunciando que passagem dos bumba-bois de matraca, no próximo ano, não ficará sem a vigilância da sua competência.
O Boi que nasceu primeiro no Maranhão? Só sabemos que foi de noite! —Ninguém, em sã consciência, pode dizer que foi este ou aquele: de zabumba, ou sotaque de Guimarães, de matraca, ou sotaque da Ilha, costa-de-mão, ou de Cururupu, pandeirão, ou da Baixada; de orquestra é o caçula de todos, no meado do século 20. Podemos afirmar que o Festejo de São Pedro, na Madre de Deus, nasceu primeiro que a passagem dos bois de São Marçal, no João Paulo. Salve a prudência de um preto velho entrevistado pelo poeta e cronista Américo Azevedo Neto, quando perguntado sobre o surgimento do boi, publicado em Bumba-meu-boi no Maranhão: “João Chibata, negro de uns 85 anos e morador de um lugar chamado Centrinho, respondeu, sorrindo, quando da pergunta: João, na tua ideia, quando apareceu o Bumba-meu-boi? — Não sei, Seu Américo (e foi aí que sorriu), mas deve ter sido de noite!”
Por que A Festa de São Pedro é mais antiga? — Após alguns anos, na queimação das pestanas, em elucidação até de termos em desuso, para melhor compreensão, como São Luís falava, no início dos 1940, nas classes mais humildes, encerrei Tudo a ver com o Peixe de São Pedro (A Festa do Pedro Santo, o Padroeiro dos Pescadores, no Bairro da Madre de Deus), em verso, prosa e mais emoção. A antecipação da boa-nova, é para eu dizer que o autor está às ordens dos interessados, para evitar a Torre de Babel surgida nos meios de comunicação em como e quando começou a tradição, pois chutam com quase 50, mais de 100 anos, o tempo dado na telha do(a) entrevistado(a) à reportagem, etc.
O que viram um dos fundadores do Festejo e descendentes deles — Para fugir do dito de “Em casa de ferreiro, o espeto é de pau”, em 2007, preocupei-me em fazer a concentração de parentes e amigos mais velhos, para uniformizarmos a origem da Festa de São Pedro, no bairro, pois a cada ano, por um lapso, saía uma versão diferente nos jornais. Na igrejinha, de feitio moderno, do Pedro Santo, conhecido assim entre nós, da gema, na tarde da antevéspera do seu dia, Francisca Batista Soares dos Santos (D. Chica, de 78 anos, então) considerou a origem da Festa de São Pedro, em 1940, com pescadores, que nem Filomeno dos Santos, com quem casou. O pescador aposentado José Raimundo Carvalho (o Zé de Zuleide, com 102 anos, ali) assinalou que, de 1940 a 1948, a capela era de taipa e palha, e a de alvenaria e telha, em 1949, ajudada pelo político e industrial Cesar Aboud, dono da Fábrica Santa Isabel (Fabril). Isabel dos Santos Rodrigues (Bela, ali, com 74 anos, filha do pescador Bazílio Martins dos Santos), João Batista dos Santos (77), Gervásio Gomes dos Santos (74), meus primos mais velhos, também netos da primeira zeladora da capela, Vovó Marcela, abraçaram a origem do Pedro Santo: 1940.
“Vade retro, Satanás!” — Talvez seja a hora de aborrecer o capiroto com essa pandemia de Fake News, quando mente parada é a oficina do Diabo, e que só Jesus Salva, e mandar o rabo torto para as profundas do inferno: “Vade retro, Satanás!”