Nascida em Alcântara no povoado quilombola rural de Macacos, num território chamado de Terra de Santa Teresa, a 8 de junho de 1997, Dhil Viegas se transferiu para a sede do município em 2007 para continuar seus estudos. Formada em Técnica em Eletrônica e concludente do Curso de Tecnóloga em Gestão de Turismo pelo IFMA, ela trabalha com artesanato desde os 12 anos de idade. Em 2017 começou a pesquisar sobre o assunto e investiu na confecção de cadernos moleskine com capa de tecidos, junto com carteira porta-moedas. Experimentando várias matérias-primas, começou a usar materiais recicláveis, tais como papelão, sobra de caixas de sapatos, capas de livros velhos e de revistas. A partir de 2019 investiu na personalização do seu trabalho, tomando como inspiração o patrimônio arquitetônico de Alcântara.


As primeiras peças produzidas foram imagens das caixeiras do Divino Espírito Santo, feitas em biscuit, um pequeno manequim com roupas, torso, blusas de cetim e outros adereços típicos das caixeiras, que foram vendidas na Feira de Saberes Culturais do IFMA, quando da realização do Projeto Divina Hospitalidade, em maio de 2019. “A partir daí surgiu a ideia de fabricar chaveirinhos com a fachada da igreja da Matriz; então, ao fazer estágio no Museu Casa Histórica de Alcântara, entrei em contato com o artesão Teteco, que havia fabricado uma réplica do Pelourinho, em madeira, o que me inspirou bastante, e aí resolvi fazer miniaturas para facilitar o transporte das peças pelos turistas, que são nossos maiores clientes. Eu faço réplicas de monumentos de Alcântara, como a Fonte das Pedras, Capela de Nossa Senhora do Desterro, os Passos da Paixão de Cristo, parelhas de Tambor-de-Crioula, imagens de guarás, azulejos, dentre outras peças”, declara a artesã Dhil Viegas, cujo trabalho nessa vertente é único em Alcântara.


A artesã aprendeu a técnica por conta própria, sendo autodidata no assunto. A comercialização das mesmas é feita através das Casas de Cultura de Alcântara, e a clientela é basicamente de turistas que visitam esses espaços culturais diariamente. Usando a marca Dhi Artesanato, ela não tem loja própria, trabalhando de forma rudimentar na própria casa em que mora com os pais. As pequenas peças são vendidas em sacolas personalizadas feitas por ela mesma. “Tenho planos de continuar com esse trabalho, pois já ganhei certo reconhecimento, os produtos têm saída, e Alcântara precisa de um artesanato local, já que os turistas estão dispostos a comprar algo diferenciado, que tenha a identidade da cidade, e é isso que coloco no meu trabalho, com uma pegada ecológica, apostando na reciclagem; é nisso que acredito”, conclui a talentosa Dhil Viegas.
Texto: Paulo Melo Sousa