Segundo teatro mais antigo do Brasil, o Teatro Arthur Azevedo foi construído por comerciantes portugueses no auge do ciclo de algodão e inaugurado no início do século XIX. O teatro perpassa o belo padrão arquitetônico daquele imponente prédio, excede o material, é simbólico, fascinante e surpreendente. Por essa razão, tornou-se, ao longo de dois séculos de existência, uma das casas de espetáculos mais desejadas pela classe artística local e nacional.


O Teatro Arthur Azevedo é um dos dezesseis teatros monumentais do país. O título foi concedido pelo Bureau Internacional de Capitais Culturais, em 2012. O espaço possui 756 lugares que são divididos em plateia, frisa, camarote, balcão e galeria, e mantém uma programação anual variada com pautas locais e nacionais, contemplando público de todas as idades.
No projeto, a fachada seria voltada para a praça João Lisboa, mas a igreja da época reagiu a construção, acusando ser um afrontamento aos seus valores. Sendo assim, a fachada principal do prédio precisou ser construída para a Rua do Sol com todas as condições negativas que se conhece: o prédio ficou espremido entre outras construções, sendo as ruas da frente e da lateral, de alta circulação automotiva com os barulhos consequentes e perturbadores, além das dificuldades para estacionamento.
O teatro nem sempre se chamou Arthur Azevedo, começou com o nome de Teatro União, inaugurado em 1º de junho de 1817, dois anos após a inclusão do Brasil ao Reino Unido de Portugal e Algarves, fato que originou o nome do prédio. O nome Teatro Arthur Azevedo, viria na década de 20 em homenagem ao escritor maranhense Arthur Azevedo, importante dramaturgo brasileiro.
Segundo Anderson Araújo, bibliotecário e do departamento financeiro do teatro, o lugar enfrentou momentos de crise e chegou a funcionar como cinema, além de sofrer restaurações que acabaram por descaracterizar alguns de seus elementos. “Na década de 60, o governo do estado pôs fim ao contrato com a empresa cinematográfica que o havia arrendado. Sem contar que passou um tempo fechado por conta das reformas”, afirmou Anderson.


Ainda segundo ele, é impossível contar a história do teatro sem falar sobre a Apolônia Pinto, filha de uma atriz portuguesa que entrou em trabalho de parto em pleno teatro. “No camarim número 1, nascia a maior atriz do teatro brasileiro, que já aos doze anos encantava plateias com a peça A Cigana de Paris. Os restos mortais dela estão guardados no próprio teatro, no piso térreo”, contou Anderson. Lá, a atriz foi homenageada, ainda, com um busto em bronze e uma placa alusiva à sua brilhante trajetória cultural, localizada no próprio camarim nº 1.
A ópera-boi “Catirina” foi o espetáculo com mais tempo em cartaz no teatro. Produzido pelo grupo filantrópico Ópera Brasil, a montagem do espetáculo foi transformada em uma ópera popular que levou aos palcos diversos ritmos do bumba-meu-boi. No ano de estreia da obra, em 1996, o Ministério da Educação o considerou o maior espetáculo teatral da época. Segundo Anderson, foram cerca de 250 apresentações.
Em 2011, foi realizada uma votação popular na capital maranhense para eleger sete tesouros do patrimônio cultural material da cidade e, entre eles, está o Teatro Arthur Azevedo. Os outros são: o Convento das Mercês, a Igreja da Sé, o Palácio dos Leões, a Praça Gonçalves Dias, a Rua Portugal e a Azulejaria.
O teatro já foi palco de muitas emoções, principalmente para quem busca inspiração para trilhar pelos caminhos da arte, que transforma histórias em espetáculos. As visitas guiadas são realizadas de terça-feira a domingo nos seguintes horários: 14h, 14h30, 15h, 15h30, 16h, 16h30 e 17h. A entrada individual é R$ 5,00, e para escolas particulares e estudantes é R$ 2,50, e para escolas públicas e entidades a entrada é livre. A venda de ingressos para os espetáculos são realizadas na bilheteria do teatro de terça-feira a domingo a partir das 14h.
Texto: Isabella Mendes – Estagiária JP Turismo