Quando se fala em skate no Maranhão, a primeira imagem que vem na cabeça de muitas pessoas é a atleta da Rayssa Leal, que em dezembro do ano passado, se tornou bicampeã brasileira da categoria street, porém, no estado, tal modalidade vai muito além da fadinha de Imperatriz. Um exemplo claro é o skatista Erick Guilherme Pires.
Atualmente com 22 anos de idade, Erick Guilherme pratica o esporte desde os 13 anos, devido à influência dos pais, que são donos de uma loja de skate. Praticante do skate street (skate de rua) e de rampa, o skatista já venceu diversos torneios dentro e fora do território maranhense, no ano passado, o jovem participou de uma seletiva em Belém para disputar o campeonato brasileiro na categoria amador.
“Foi a terceira vez que consegui uma vaga para representar o Maranhão no campeonato brasileiro, infelizmente não existem no nosso estado competições que dão vagas para os atletas da modalidade, o que faz com que tenhamos que viajar para outros lugares. Quando cheguei no Pará, não me importava em vencer, tudo o que eu queria era ficar com a vaga e como fiquei em terceiro, ela veio”, afirmou Erick Guilherme.
Nos dias atuais, o Maranhão não possui uma federação estadual para a modalidade, porém existem organizações cujos membros se reúnem regularmente para discutir melhorias para a classe e também organizar eventos ligados ao skate, é o caso da Associação Liga dos Skatistas Solidários, fundada em 2009 com o objetivo incentivar o esporte entre as crianças e organizar eventos beneficentes.
Logo no seu primeiro ano, a liga colocou em prática um campeonato de skate street para arrecadar alimentos e objetos, quem conta isso é Ricardo Pacheco, mais conhecido como Bart e que é um dos fundadores da organização.
“Já representei o estado em algumas competições amadoras, mas hoje me concentro em incentivar e promover eventos ligados ao nosso esporte. Todas as atividades que organizamos miram promover saúde e educação para diferentes pessoas e esperamos que a prática do skate continue crescendo por aqui”, conta Bart.
Apesar do esforço, a falta de uma federação interfere na situação do esporte, o que contribuiu para que os membros dessas diferentes associações escolhessem se unir para fundar uma nova federação para o estado, é o que afirma Jonas Pires, dono de uma produtora que se inspirou no skate para dar inicio ao seu projeto profissional.
“No passado, por falta de interesse, os então membros não levaram para frente a federação, mas recentemente eu e outros mais experientes nos juntamos com os mais jovens para fazer uma federação mais forte e mais legitima, acredito que irá dar certo pois tem pessoas de todo o estado no meio”, acredita Jonas.
Uma das pessoas envolvidas na ideia é Haroldo Leal, pai da própria atleta Rayssa Leal, que em entrevista revela como estão se esforçando para alcançar o objetivo.
“Nós procuramos apoio da CBSK (Confederação Brasileira de Skate), que não só deixou claro que gostou da iniciativa, como também deixou a disposição alguns dos seus profissionais, hoje procuramos skatistas das mais diferentes partes do Maranhão para que o número de envolvidos cresça e também para que os skatistas maranhenses fiquem cada vez mais unidos e ficar a ponto de discutir as melhores ideias para nossa federação”, conta Haroldo.
Fabio Dentinho, mais um envolvido nos projetos da futura federação, explica a importância de tomar tal atitude.
“A federação é uma proposta que deve ser maturada e bem analisada, caso contrario não irá dar certo de novo, é importante conseguirmos um bom número de associados para não perder sua própria representatividade e também para ficar mais fácil de diagnosticar, digamos assim, o que os praticantes daqui de fato querem, para ai sim correr atrás do que for definido”.
Meninas nas pranchas urbanas
O cenário que o skate maranhense se encontra hoje é bem positivo, uma vez que o esporte já não possui um forte teor marginalizado e conta com uma grande quantidade de lugares para os skatistas treinarem, porém um fator importante é a crescente popularidade não só entre os homens, mas também entre as mulheres.
É o caso da Adrielly Diniz, também conhecida como Drycka, que anda de skate há cinco anos e que já participou de diferentes torneios, chegando até mesmo conquistar a posição mais alta em uma competição organizada pela CBSK na capital paraense, na categoria street. Em entrevista, ela explicou de que forma o skate se faz presente no seu cotidiano.
“Eu não só ando, como também assisto muitos vídeos sobre o assunto, além de acompanhar muitos skatistas profissionais. O skate é muito importante para mim, o vejo como um estilo de vida saudável, bem como uma terapia incrível e, inclusive, como uma filosofia de vida, praticar esse esporte faz com que eu me sinta bem”, revela Drycka.
A praticante também opina sobre a situação das mulheres na modalidade.
“O skate feminino cada dia que passa ganha cada vez mais espaço e reconhecimento não só no Maranhão, mas no Brasil, muitas se inspiram na fadinha de Imperatriz, que apesar da pouca idade, já possui muito reconhecimento”.
Texto: Ítalo Cavalcanti, estagiário JP Turismo