

Apesar das dificuldades que o setor de Turismo enfrenta neste momento de crise, principalmente pelas medidas sanitárias de isolamento social para conter a pandemia do novo Coronavírus, uma luz começa a surgir timidamente no fim do túnel. Países que foram epicentros mundiais da Covid-19 já começam a retomar algumas atividades empresariais, como Itália, Espanha e a própria China – onde surgiu o vírus. Para o mundo, isso significa um alento e traz a certeza, em meio a tantas notícias ruins, de que o isolamento social vai acabar, assim que o perigo passar.


Com tantas previsões negativas e perspectivas de recessão, o Sebrae tem ido na contramão e buscado apoiar os pequenos negócios a reagirem para não serem tão impactados neste momento de turbulência. Em relação ao Turismo, a instituição já busca estimular o setor para a retomada dos negócios pós-Coronavírus e divulga uma série de orientações para despertar o sentimento de recomeço entre os empresários.
Uma das principais dicas aos empreendedores do setor neste atual momento da crise sanitária é manter-se ou inserir-se na governança do seu destino. Um momento de unir-se com outros empresários do setor da sua região para trocar boas práticas e pensar num futuro próximo.
“É hora de fortalecer as relações, de manter o relacionamento com o cliente e, sim, de pensar que o amanhã virá e trará oportunidades para quem estiver preparado para o pós-crise”, indica a analista do Sebrae no Maranhão, Shamia Renata Mendonça, gestora do projeto de Turismo na Região Metropolitana de São Luís.
Estar junto, pensar o macro, mas principalmente pensar em sua empresa em particular é uma estratégia que pode ser muito acertada e render grandes frutos em um futuro próximo. “É importante, nesse momento, refletir sobre o seu negócio: veja como a sua empresa está posicionada no mercado diante das demais do setor, organize o que deve ser colocado em ordem internamente, reveja processos antigos e faça ajustes necessários, repense seus serviços e crie novas alternativas para o seu cliente, inovações para serem tiradas do papel assim que as coisas voltarem ao normal”, orienta a analista do Sebrae.


Nessa perspectiva, nos canais digitais da empresa, o empreendedor pode, por exemplo, fazer algum tipo de sorteio virtual de serviços já existentes ou mesmo a venda de vouchers promocionais de novos serviços. Dessa maneira, ele mantém o relacionamento e o engajamento com o seu cliente, trabalha a fidelização e gera receitas para a empresa nesse momento de aperto financeiro.
Uma outra dica para os empreendedores do Turismo é começar a pensar em uma campanha de marketing associada ao destino ao qual o seu negócio está inserido. “As previsões dos especialistas no mundo inteiro são direcionadas para um ponto focal: nessa retomada da economia, as empresas do setor olharão para o doméstico, priorizando o turismo regional, para fazer caixa mais rápido”, indica Shamia Renata Mendonça.
A empresária Maria Luiza Silva, proprietária das pousadas Encantes do Nordeste e Jurará, e do restaurante Bambaê, todos em Barreirinhas, é um exemplo de quem já tomou medidas vislumbrado o futuro pós crise. “Antecipamos férias e tomamos algumas medidas visando preservar nosso negócio e nosso capital humano, o que é muito importante nesse momento. Tudo para que possamos conter os impactos de prejuízos. Negociamos reembolso de clientes que tinham reservas, reagendamos outras e assim esperamos que isso não dure tanto tempo. Quero destacar também o nosso agradecimento a equipe do Sebrae, por estar presente em todos os momentos e de fato se manter próximo aos empresários no enfrentamento a essa crise”, enfatiza a empreendedora.
Viajar sem sair de casa
A coordenadora do Núcleo de Atendimento do Sebrae em Barreirinhas e gestora de projeto destinado à Rota das Emoções, Flávia Nadler, destaca outros pontos importantes para o empreendedor pensar e fazer neste período de quarentena. Para Nadler, a internet continua sendo importante aliada neste momento para os empresários e estes devem fortalecer a presença da sua empresa nas redes sociais ou outros canais digitais, compartilhando conteúdos interessantes para o entretenimento de seus clientes e mantendo vivo o anseio deles por viajar.


“Podem ser destacadas vivências, curiosidades sobre as comunidades que fazem parte do destino ao qual a empresa está inserida, dicas de bem-estar atreladas à possíveis roteiros e experiências para o pós-crise. O empreendedor precisa lembrar que, nesse momento de pandemia, todos precisamos de boas e leves notícias. Então, essa interação com os clientes pode ser uma excelente oportunidade para que eles viajem sem sair de casa”, aconselha a gestora do NAE Barreirinhas.
Nesses conteúdos digitais, o empreendedor pode enfatizar ao cliente a necessidade de ficar em casa no momento, ressaltando que ele terá à disposição um serviço ou produto ainda melhor para usufruir na empresa quando tudo isso passar.
Para os empreendedores que precisam do atendimento do Sebrae, a instituição continua atuante, remotamente, pelo canal Fale com Especialista – acessado pelo portal www.sebrae.com.br. Da mesma maneira, as consultorias online gratuitas permanecem sendo oferecidas – o agendamento pode ser realizado via central de relacionamento no número 0800 570 0800 ou pelo WhatsApp 98 9 9991-2335.
Medidas do governo para apoiar o setor
O Governo Federal tomou algumas medidas para minimizar os impactos da crise nesta importante cadeia produtiva do país – que representa 8,1% do PIB nacional, emprega mais de sete milhões de brasileiros e possui 80% dos empreendimentos no segmento de pequenos negócios. As medidas estão reunidas em uma cartilha editada pelo Governo Federal e que pode ser acessada pelo site do Ministério do Turismo (www.turismo.gov.br).


A cartilha destaca, por exemplo, o acesso a micro, pequenas e médias empresas ao Fundo Geral de Turismo – o Fungetur, que tem foco em capital de giro. O Ministério do Turismo liberou mais de R$ 380 milhões para o financiamento e aumentou o prazo para o início da aplicação dos recursos, assim como reduziu os juros e elevou para um ano a carência para se iniciar o pagamento do crédito.
A linha de crédito com juros de 3,75% ao ano, disponível para pequenas e médias empresas para o pagamento da folha de funcionários também está explicitada na cartilha. O financiamento terá carência de seis meses e prazo total de 36 meses e será pago diretamente ao empregado. O funcionário da empresa que recebe até dois salários mínimos continuará a ter o mesmo rendimento.
“Entretanto, para os funcionários que ganham acima desse teto, vai ficar a critério da empresa complementar o valor dos dois salários mínimos previstos na linha de crédito. E mais: o empregador, que se compromete a pagar o valor que tomou de empréstimo, fica impedido de demitir o funcionário beneficiado por dois meses. A operação será feita pelo BNDES, com participação de bancos privados e do Banco Central”, informa o coordenador estadual de Turismo do Sebrae no Maranhão, Luiz Walter Muniz.
Outra informação importante contida na publicação do Mtur está relacionada à forma como operadores de turismo e consumidores devem agir quanto à remarcação de viagens e serviços turísticos, assim como cancelamentos – a exemplo de pacotes, passagens aéreas e reservas de hotéis. A Medida Provisória n.º 948 garante que o prestador de serviços ou a sociedade empresarial não são obrigados a reembolsar imediatamente os valores pagos pelo consumidor em casos de cancelamentos – podendo fazer isso em até 12 meses após decretado o fim da pandemia. A MP também prevê outras negociações para a empresa e o cliente, sem tantos impactos a ambos.