Um sábado para que se mantenha vivo na memória a importância das manifestações culturais maranhenses. 08 de maio é a data comemorativa de uma das mais fortes e representativas datas do calendário oficial da cultura popular do Maranhão: o Dia Municipal do Bloco Tradicional. E para celebrar a data, a Associação Maranhense dos Blocos Carnavalescos reunirá representantes dos Blocos Tradicionais para a grande celebração festiva hoje, a partir das 16h, com a realização da live ‘Resistência Cultural do Bloco Tradicional’, na Tharssia Eventos, na Estrada da Maioba, n° 32-B.


Uma live que irá render homenagens a importantes personalidades dessa categoria carnavalesca como mestres Olegário Gama, do Bloco Tradicional “Os Velhinhos Transviados”; Zé Roberto, comandante do Bloco Tradicional “Os Brotos”, mestre Banjo Sapateiro (in memoriam), assim como outras personalidades que deixaram suas marcas nessa trajetória belíssima que contemplou a cidade de São Luís com uma evolução marcante em se tratando de figurinos, instrumentalização rítmica e musicalidade.


Um ritmo que ultrapassou as barreiras do tempo e se mantém presente contribuindo para fomentar a cidade de São Luís como um destino de importante efervescência cultural carnavalesca e folclórica ao lado de ritmos como bumba-meu-boi, tambor de crioula, entre outros.
Na programação da live haverá esse super show, apresentado por representantes de 33 grupos tradicionais da cultura popular do período de carnaval, fazendo a festa e relembrando sucessos que se eternizaram em palcos e passarelas da cidade de São Luís.
A produção irá primar pelos protocolos sanitários e de segurança, primando pela vida e todos os cuidados no combate a Pandemia do Covid 19. “Lembramos que só será permitido um ou dois cantores de cada Bloco para interpretação de uma música. Na ocasião haverá um grupo de 15 pessoas para fazer acompanhamento na percussão e a harmonia de todos os grupos”, disse o presidente da Associação, Brasa Santana.
A Data
O Dia Municipal dos Blocos Tradicionais foi Instituído pela Câmara de São Luís, por meio da Lei Municipal nº 4.698/2006. A data homenageia o dia do nascimento do carnavalesco Walmir Moraes Corrêa, conhecido como Mestre Walmir, falecido em 2010. Os blocos tradicionais são uma das principais referências do carnaval de São Luís do Maranhão, e atualmente existem mais de 48 blocos tradicionais na cidade.
Os grupos são oriundos da Ilha de São Luís, tendo surgido na década de 1930. Seu ritmo era mais cadenciado e suas fantasias mais simples do que hoje em dia. Fizeram parte de um inventário da Prefeitura de São Luís para que o Iphan reconhecesse a manifestação como patrimônio imaterial do Brasil. Porém, a pesquisa não foi completada (devido ao falecimento de sua coordenadora, a saudosa Michol Carvalho) e o projeto foi arquivado. Haverá novo pedido brevemente. Um dos pontos que o Iphan vetou foi uma suposta origem dos blocos me solo carioca, o que não é verdade. Apesar da influência nacional do carnaval do Rio de Janeiro, os blocos surgiram de forma espontânea pelo país e, em São Luís, além dos blocos de sujo e turmas de samba, registrou-se o surgimento de pequenos grupos que iam às ruas fantasiados, tocando pequenos instrumentos e cantando sambas.
O Dia


Trata-se do nascimento do mestre Walmir Moraes Corrêa (Mestre Walmir), considerado o maior dirigente carnavalesco do Maranhão em todos os tempos e um dos ícones da cultura popular maranhense. Sua história de vida artística confunde-se com a dos blocos tradicionais, sendo que Mestre Walmir dedicou sua vida a essa categoria cultural, desde criança até o ano de 2010, quando nos deixou no dia 27 de junho.
Dedicado professor da antiga Escola Técnica Federal do Maranhão, Walmir Moraes Corrêa é natura de São Luís do Maranhão, filho de Seu Hermírio Moraes Corrêa e Dona Maria de Lourdes Rocha Moraes Corrêa. Foi reconhecido como Mestre pela Câmara Municipal de São Luís e entidades culturais, entre elas o Conselho Internacional de Folclore (CIOFF), a Organização Internacional de Folclore (IOV) e o Ministério da Cultura (MinC). Professor, artesão, poeta, compositor, desenhista, projetista, pedreiro, desportista, fabricante de instrumentos de percussão, dirigente carnavalesco e representante cultural, ensinou duas gerações a arte do bloco tradicional, desde a elaboração dos instrumentos, organização dos grupos e montagem de desfiles de passarela e apresentações de rua até a organização enquanto entidades e elaboração de projetos.
Dirigiu e conquistou títulos (ao lado do irmão Waldete Cabeça Branca) da Tribo Os Apaches e Bloco Os Vigaristas, além de outras manifestações artísticas. Em 1976 fundou o Bloco Tradicional Os Foliões junto ao irmão Waldete e aos amigos Carlos Augusto, Luís Fernando e Mauro Sérgio.


Destaca-se como autêntico símbolo da cultura popular, sendo uma das maiores referências do carnaval maranhense em todos os tempos. Seu nome foi dado a um concurso literário infanto-juvenil e a uma premiação cultural, além de que ganhará publicações sobre sua vida, documentário em vídeo e um futuro espaço para exposições culturais.
Texto: Joel Jacinto