Quando parte da estrutura de sustentação da Capela de São Pedro, na Madre de Deus, na ladeira da Rua São Pantaleão, desabou, assim que fui informado do ocorrido, não demorei ´para chegar ali, residindo fora do bairro, na manhã de 23 de julho de 2017, e daí não descansei, em matérias jornalísticas, até que a Secretaria de Estado de Infraestrutura (Sinfra) iniciou uma intervenção emergencial para a recuperação da área, como, jubilosos, em maio de 2021, presenciamos ao início da revitalização da área, pelo Governo do Estado, com o Programa Nosso Centro. Consoante Lívio Correa, presidente da Agência Executiva Metropolitana (Agem), a quem compete os trabalhos de restauro, “As obras estruturantes atingirão escadarias, canteiros e pátios, projetando esse espaço para ser uma referência no oferecimento de atividades culturais, educacionais, de lazer e turísticas”, e descartou sua entrega no dia 29 de junho vindouro, para a Festa de São Pedro, com a estimativa de que esteja concluído no segundo semestre. Ele explicou: “A maior preocupação é com a estrutura, principalmente com a lona de cobertura da capela, que está desgastada e será toda substituída. As estruturas metálicas que sustentam a lona também serão trocadas e os sistemas hidráulicos e elétricos mudados!”


Com um olho na missa e o outro no padre, o JP Turismo (semanário do Jornal Pequeno) cumpriu uma vigilância ininterrupta, em 2017, desde que a minha irmã mais velha (Maria Francisca dos Santos Nogueira-Maria Bagum, moradora da Rua do Pau-d´Arco) e Pedro de Jesus Santos, meu mano mais moço (na Av. Ruy Barbosa), ambos na Madre de Deus, além do meu sobrinho Edivaldo dos Santos Nogueira, primogênito de Maria Bagum (no Sá Viana), telefonaram-me, quase que simultaneamente, assim que aconteceu o desabamento na madrugada de 23 de julho. Eles conhecem de cor e salteado a minha benquerença por aquele espaço, com muitas pelejas nos ossos do ofício jornalístico, e todos nós descendentes de alguns dos criadores da Festa de São Pedro, em 1940, inclusive da primeira zeladora do templo, Marcelina Cirila dos Santos (D. Marcela): e filhos e neto do pescador Felipe Nery dos Santos (Filipão), organizador da tradição cultural por bom tempo. Por sua vez, a pedagoga Nilta Nascimento Azevedo, nascida na extinta Praia da Madre de Deus, acompanhou o repórter na urgência de reforçar todo o recinto, em 2017, e aplaudiu a resolução em 2021.


O fato como se deu, realmente — A imprensa estampou que “O Governo do Maranhão, por meio da Secretaria de Estado de Infraestrutura (Sinfra), iniciou uma intervenção emergencial para recuperação do Largo de São Pedro, ao lado da histórica capela, no Bairro da Madre Deus. Foi isolada a área, após desabamento de parte da estrutura das paredes da praça. Através dos estudos, descobrimos que a raiz da árvore ao lado da área afetada cresceu ao ponto de causar fissuras”, explicou, no ato, o secretário adjunto de Obras Civis da Sinfra, Enison Hipólito. Ele enfatizou, na ocasião: “Os serviços estão na fase de recuperação com a construção de duas cortinas de estaca de concreto armada, A próxima fase foi a compactação da terra e recomposição da encosta. A etapa final comportará os acabamentos da calçada e serviços de drenagem” .


Batendo sino e acompanhando a procissão — Na Festa de São Pedro de 2018, sem o restauro necessário, no largo, capela e imediações, o perigo era iminente, por conta de mais de mais 50 mil pessoas (cálculo do comandante do policiamento militar ao repórter, ali) da noite para o amanhecer. Foi o mais concorrido Pedro Santo dos últimos tempos, ano em que não houve os arraiais da Praça do Cemitério e do Beco do Gavião (Av. Ribamar Pinheiro), A prefeitura não correspondeu à demanda, no fornecimento de banheiros químicos, e centenas queriam ter essa prioridade ao mesmo tempo e a bagunça generalizou-se. São Pedro mexeu seus pauzinhos e uma chuva de quando em vez lavava a reincidência das necessidades fisiológicas, e as rachaduras na escadaria e pátio possuíram fôlego para ganhar recuperação três anos depois.


CD da Festa do Pedro Santo — Uma boa-nova com a revitalização do espaço será o lançamento do CD, em dia especial, contendo samba-de-enredo sobre a Festa de São Pedro, trabalho com assinatura competente do cantor, compositor e produtor cultural Wellington Reis. Lembro-me como se fosse hoje: Composto em parceria de Godão, Bulcão e minha, foi intitulado Festança de São Pedro: Os Guardiões da Aurora da Vida, como a Madre de Deus era tratada, em suas origens, e com que a Escola de Samba Turma do Quinto participou do desfile do carnaval de 1995.. Contém ainda ladainhas, quanto Rosas para São Pedro, de autoria do ´poeta Cesar Teixeira, e outra do mestre Sebastião Cardoso, etc.


Tudo a ver com o peixe de São Pedro — Em 2007, preocupei-me em fazer a concentração de parentes e amigos mais velhos, na capela, para uniformizarmos a origem da Festa de São Pedro, no bairro, pois a cada ano, por um lapso, saía uma versão diferente nos jornais. Resultou que a primeira foi em 1940. Pesquisador da Biblioteca Benedito Leite, publiquei logo no JP Turismo que, no jornal O Imparcial, de 28.6.1949, o presidente e o tesoureiro da Colônia dos Pescadores Z-1 Almirante Barroso, respectivamente, Severino Godofredo dos Santos e Gregório Tito de Sena(o popular Gregório Cambel), convidaram povo e autoridades para a inauguração da Capela de São Pedro de tijolo, no dia 29, com a missa solene, e a procissão marítima indo em frente da Igreja dos Remédios até à Ponta d´Areia, regressando à Madre de Deus” Daí encerrei o livro Tudo a Ver com o Peixe de São Pedro (A Festa do Pedro Santo, o Padroeiro dos Pescadores, no Bairro da Madre de Deus), que teve a palavra para a sua publicação do então deputado federal Eduardo Braide, ali, na véspera do Dia de São Pedro de 2018. Estou procurando, sem o exitoso ainda, falar-lhe pessoalmente, ele já prefeito de São Luís, sobre que o livro está no ponto de ser publicado! Fui ao seu gabinete, há pouco, onde as assessoras Mônica e Marilza, quando fui gentilmente recebido, encarregaram-se de levar o meu pleito a ele.
A Pedra da Igreja — Jesus diz em Mateus 16,18 “Tu és Pedro e sobre essa pedra edificarei a minha igreja, e as portas do inferno não prevalecerão contra ela!” (Mt 16:18). Simão Pedro Bar-Jonas, natural de Betsaida, conhecedor profundo do sistema de trabalho talvez o mais antigo do mundo, que é a pesca, era homem simples e bondoso, porém, quando irritado, enérgico e, por vezes, violento. No entanto, passados alguns minutos, arrependia-se, chegando até às lágrimas. Os seus sentimentos variavam como as ondas do mar!”
Texto: Herbert de Jesus Santsos