Caiu no céu da boca dos ludovicenses mais esclarecidos, a eleição do governador Flávio Dino, para a cadeira 32 da Academia Maranhense de Letras (AML) deixada vaga com o falecimento do seu pai, Sálvio Dino, jornalista, advogado, político, escritor, historiador com uma vida intensa dedicada às letras e ao parlamento, deputado cassado pela ditadura militar, em 1964, inclusive com o seu parceiro de extensas batalhas idealistas, jornalista, advogado, historiador e memorialista Benedito Buzar, que seria padrinho de batismo de Flávio Dino. A imprensa, dando plantão na cobertura do inusitado (um governador, no exercício do poder, concorrendo à imortalidade acadêmica, sem um livro até então), fazia o seu papel, e informou a contento, após o primeiro escrutínio, e noticiou em cima da bucha: “O governador Flávio Dino foi eleito, no final da tarde desta quinta-feira (21), para a Academia Maranhense de Letras (AML), e vai ocupar a cadeira de nº 32, em substituição ao intelectual Sálvio Dino, seu pai, que faleceu em agosto de 2020. Dino disputou a vaga com Antônio Guimarães de Oliveira, José Rossini Corrêa, José Carlos Sanches e Azenate de Oliveira –, e foi eleito com 25 votos dos 35 válidos.”
AML, um primor de obedecer aos protocolos — Mantendo uma tradição datada da sua criação (10 de agosto de 1908), alusiva ao dia e mês do aniversário de Gonçalves Dias, uma embaixada de imortais, tendo à frente o presidente Carlos Gaspar, foi ao Palácio dos Leões dar conta do recado da votação. Em lá chegando, falou e disse ao chefe do executivo: “Quero dizer da nossa alegria em recebê-lo em nosso convívio, na nossa fraternidade, na nossa convergência, no nosso entendimento, em prol da cultura, em prol do crescimento intelectual do Maranhão. A Academia é um órgão que presta serviço à comunidade, porque trabalha com cultura. Nós recebemos o senhor de braços abertos!”— o presidente da AML arrematou: “A Academia é isso. Contamos com sua ajuda, com sua colaboração e com sua presença!”
Prometendo ser coguardião da Cultura — Ao agradecer sua eleição, para o quadro da AML, especialmente por que para a cadeira que fora ocupada por seu pai, o governador se dispôs a colaborar para a manutenção do legado da Casa de Antônio Lobo, que completou, no dia 10 de agosto, 113 anos de fundação: “O meu pai, entre tantos amores, tantos afetos, ele tinha muito orgulho de integrar a Academia. É um gesto de deferência também à memória dele como confrade dos senhores e senhoras! Só posso me comprometer em ser um coguardião de tão grandiosa tradição do nosso Estado!”
Pode ressuscitar o Concurso Literário Gonçalves Dias — Flávio Dino já pode começar a ser coguardião de tão grandiosa tradição do nosso Estado, com a ressurreição do Prêmio Gonçalves Dias de Literatura, com o último se dando em 2007, no Governo Jackson Lago, sendo secretário estadual da Cultura, o poeta Joãozinho Ribeiro. A Secma, em todo o Estado, recebeu 273 obras e premiou 25 em nove categorias. Dentre os ganhadores, nomes consagrados: poeta Fernando Braga, poetisa Lenita de Sá, cronista e teatrólogo Ubiratan Teixeira, contista J. Ewerton Neto, ensaísta Jomar Moraes, contista Geraldo Iensen, e poeta Chagas Val; e dentre os novos talentos: José Marcelo Silveira, Márcio Coutinho, Ricardo André Martins e José Arimatéia Leite Coelho.
Justiça para o livro A Ilha em Estado interessante — O governador, que atravessará os umbrais da imortalidade, em breve, tem tudo para ser salomônico e mandar dar a lume meu 18.º livro (o quarto premiado de crônicas), A Ilha em Estado Interessante, não publicado pelo seu pupilo, o ex-prefeito Edivaldo Holanda Júnior, que, num surto de violência raivosa, em 2015, considerou extinto o Concurso Literário Cidade de São Luís, para eu não ganhar mais nada, e só me pagou 7 dos dez salários mínimos devidos aos primeiros lugares. Aprovaram-me o doutor em Literatura da UFMA, Dino Cavalcante, e uma jornalista e mestra da USP (Universidade de São Paulo).
Um poderoso currículo de graduações e obras literárias — Da Academia Brasiliense de Letras, Rossini Corrêa, poeta, ensaísta, pesquisador, nasceu em São Luís, em 1955. Seus livros mais conhecidos são: Canto Urbano da Silva (1984), Almanaque dos Ventos (1991), Baladas do Polidor de Estrelas (1991), Dois Poemas Dramáticos para Vozes e Violinos (Thesaurus, 2001), quase todos premiados em concursos da Secma e do Sioge, em São Luís, e venceu tantos outros em diversas partes do País. Possui graduação em Ciências Sociais pela Universidade Federal de Pernambuco (1978), em Direito pela Universidade Católica de Pernambuco (1981), mestrado em Pimes pela Universidade Federal de Pernambuco (1982) , mestrado em Direito Canônico pela Faculdade Teológica Panamericana (1998), doutorado em Sociologia pela Universidade de Brasília (1987) , doutorado em Direito Canônico pela Faculdade de Teologia Filadélfia Internacional (1999) , doutorado pela Faculdade de Teologia Antioquia Internacional (1998) , pós-doutorado pela Universidade de São Paulo (1991) e aperfeiçoamento em Excelência em Oratória pelo Instituto Superior Multidisciplinar de Brasília (2003). Atualmente, é Professor Titular do Centro Universitário de Brasília.
Não podemos deixar os moinhos virarem serpentes! — Se ganhasse o pleito na AML, teria muitos feitos para respaldar seu sucesso. Teriam os nove votos dos acadêmicos recebidos por Rossini Corrêa, para a imortalidade, algo a ver com o peixe da alterosa obra de Miguel de Cervantes, Dom Quixote de La Mancha, na qual o ás espanhol utilizou um personagem romântico e sonhador qual uma metáfora para criticar a sociedade na qual vivia? “Mudar o mundo, meu amigo Sancho, não é loucura, não é utopia, é justiça!” – Dom Quixote em diálogo com Sancho Pança, sempre atônito com aquele brigando com moinhos de vento. A história do engenhoso fidalgo Dom Quixote e do seu fiel escudeiro permanece conquistando leitores. O clássico é considerado o expoente máximo da literatura espanhola e, em 2002, foi eleito por uma comissão de escritores de 54 países o melhor livro de ficção de todos os tempos.