Quem teve o privilégio de participar das duas sessões do show “Só Ouvir” ganhou uma verdadeira experiência musical e imersiva de presente de fim de ano da cantora Flávia Bittencourt. Um show sensorial que teve a música como carro chefe de um verdadeiro “banquete de sentidos”, sob a produção executiva de José dos Reis Pinto.


Esse novo e caprichado trabalho da cantora, compositora e musicista foi realizado graças ao patrocínio do Grupo Empresarial Ciclo Cairu, via Lei Estadual de Incentivo à Cultura; e teve o cineasta Arturo Saboia assinando a direção de fotografia das gravações. O espetáculo, com direção musical de João Simas, em breve também poderá ser conferido em plataformas digitais.


Com plateia limitada e bem próxima, Flávia interagiu com seus convidados em um show mais intimista, porém moderno e cuja proposta era aguçar os sentidos; por isso o local escolhido – a LightLand, espaço de projeções de imagens mapeadas em 360º no São Luís Shopping.
Em cena, junto com a cantora, dois bailarinos mesclavam-se às imagens mapeadas, num balé que parecia dar ainda mais vida às canções interpretadas – de grandes sucessos da MPB às músicas autorais consagradas de Flávia Bittencourt, a exemplo de “Leve”, quase um hino de como encarar a vida com mais resiliência e leveza nesses tempos tão desafiadores. E Vazio, cuja letra de Flávia é um convite à superação: “Pode o vazio, ser assim tão frio…..Mas eu preciso, sair desse abismo, e me esvaziar de vez, de tanta escuridão”.


Ao interpretar a antológica “Cajuína” escrita por Caetano Veloso em homenagem póstuma ao fundador da Tropicália Torquato Neto; Flávia deu voz às reflexões importantes dos versos: “Existirmos, a que será que se destina”….. E mais, “Apenas a matéria vida era tão fina” ….. Perfeito para nos lembrar nessa virada de ano, do quanto a saúde emocional deve ser prioridade, e do quanto precisamos ressignificar a vida a cada novo ciclo.
Com pleno domínio de palco, tocando diversos instrumentos alternadamente, e dona de uma amplitude vocal privilegiada, Flávia soltou a voz, o corpo e a emoção, para dar vida ao repertório primoroso escolhido por ela, e que foi um verdadeiro passeio poético, com releituras muito personalizadas de canções atemporais de Belchior (Comentários a Respeito de John), Luiz Gonzaga (Assum Preto), Leonardo (Temporal de Amor) e The Fevers (Mar de Rosas), entre outras.
Com o cantor Beto Ehong, Flávia interpretou “Na Fita”; fazendo um revival dos arraiais juninos, que devido à pandemia estão adormecidos nas lembranças de todos, à espera de uma volta presencial triunfal quando seguro for.


E junto às cantoras Djuena Tikuna, Emanuele Paz e Anastácia Lia a força do feminino se revelou em música e atitude ao interpretarem juntas a canção “Bruxas”. No “gran finale” que deixou a plateia tanto extasiada, quanto fortalecida e animada, veio a última peróla com “Eva”.
Sim, Nietzsche estava mesmo certo ao dizer que “sem a música, a vida seria um erro”. E a gente completa: Com Flávia Bittencourt e o seu “Só Ouvir” a vida se revela um grande acerto… Uma bela poesia existencial, que nos convida a ter força e resiliência para atravessar as tempestades e ter a música como aliada, em nossa jornada na terra. Salve “Só Ouvir”! Bravo, Flávia Bittencourt por esse show tão especial e lindo!
Texto: Adriana Vieira