Nascida francesa, e ponto final!— Presidente da Academia Maranhense de Letras, Jomar Moraes, sob o título de De Gripe e de Franceses no Maranhão, em sua coluna, no jornal O Estado do Maranhão, em 13.6.2001, fala de uma gripe que o consumiu durante toda a semana e o impediu de participar de muitos eventos, entre eles, a reunião da Academia Maranhense de Letras e o lançamento do livro de Lourdes Lacroix. Refere-se à autora como amiga e colega desde os anos 1970, quando fizeram o curso intensivo de Pesquisas Históricas, ministrado pelo brasilianista John Schulz. Considera que o trabalho da autora é honesto e exige uma honesta apreciação, mas afirma que São Luís foi fundada pelos franceses. Tal fato, segundo JM, não autoriza ninguém a supor que São Luís seja um burgo francês, dado que os portugueses construíram seu Centro Histórico. Ainda sobre a temática, em “Nascida francesa, com certeza” , Jomar Moraes ressalta a amizade com a autora e elogia seu estilo de escrita, observando que “A história é uma colcha a que muitos vêm fazendo questão de pespegar seus retalhos”. Considera que é louvável a intenção da autora de combater versões fantasiosas, mas arrisca-se transitar do oito para o oitenta, ou seja, afirmar que os franceses não vieram aqui, transitaram e moraram muito antes de 1612. Aponta, ainda, que muitas cidades nasceram de um forte e não conservaram o seu nome, como São Luís o fizera. Jomar Moraes, num primeiro momento, entende que a Fundação de São Luís não implica em terem, os franceses, construído uma cidade e, num outro, teme que o trabalho de Lourdes Lacroix possa levar à conclusão de que eles nem aqui vieram. Para ele, a permanência dos franceses antes e depois de 1612, assim como a conservação do nome do forte pela cidade, são garantias suficientes do nascimento francês de São Luís.
Exposição França Equinocial — Texto publicado em 5.10.2012: Em homenagem aos 400 anos de São Luís, está sendo realizada, no hall de entrada do Palácio Cristo Rei, a Exposição França Equinocial para Sempre. Organizada pelo professor, pesquisador e membro do Instituto Histórico e Geográfico do Maranhão (IHGM), Antônio Norberto, a exposição resgata um período da História do Brasil-Colônia, apresentando quadros, mapas e transcrições de documentos que nos auxiliam na compreensão desse importante período da história são-luisense. A exposição será realizada até dezembro e é aberta ao público. Tendo em vista a importância histórica e cultural que as obras agregam, a Universidade Federal do Maranhão e o pesquisador Antônio Norberto apresentam a série França Equinocial. Contaremos um pouco da história que envolve os quadros e os documentos presentes na exposição. O mapa Saint-Louis Capitale de La France Equinoxiale abre a exposição, retratando a São Luís de 1615. A obra, trabalho que reuniu grandes pesquisadores e documentos que estão no Brasil e na Europa, mostra de que forma se deu a ocupação francesa em nossa cidade. O mapa foi construído com imagens da Ilha, capturadas pelo satélite do Google, a partir das quais os pesquisadores localizaram o que existia de construções da França Equinocial, naquele período. A obra já foi publicada várias vezes no Brasil e na Europa e, inclusive, é capa de livro na França. O mapa traz em destaque as fortificações construídas pelos franceses e mostra de que forma contribuíram para o crescimento de São Luís que, qual outras cidades, nasceu em forma de cidadela. Percebe-se que a área foi ocupada pelos quatro principais fortes construídos pelos franceses, dentre eles o Forte São Luís, que representava o centro do poder político da época e ocupava a área onde estão localizados, na Praça Pedro II, o Palácio dos Leões, o Hotel Central, a Igreja da Sé e o Grand São Luís Hotel. O Forte do Sardinha, que, de acordo com relatos históricos, foi palco da entrega da cidade aos portugueses, também pode ser visualizado no mapa. No Bairro Basa, atual Ilhinha, onde existiu o forte, cujas ruínas resistiram até a década de 1950, há hoje uma praça, um lugar de histórias desconhecidas pela maioria dos ludovicenses. Outras construções, como serralherias, serrarias e a Igreja de Santo Antônio, primeiro convento capuchinho do Brasil e centro do poder religioso da época, também surgem no mapa, que será exposto em um museu da cidade de Cancale, na Bretanha. Foi dali que os navios de Daniel de La Touche, Seigneur de la Ravardière, partiram, em 1612, para o Brasil. Essa expedição, com os navios La Regente, La Charlotte e Saint-Anne, marcou o início da França Equinocial.
Discurso da Ilha em Compasso de Martírio — Toda Ilha deveria renascer todos os dias,/quando menos, para os justos,/e começar tudo de novo./Talvez aí eu tivesse a vida melhorada/em Saúde, Educação, Respeito, Povo, Heroísmo,/Estrada Brilhante, Inteligência Maior,/não ovo de um nada que não tem mais tamanho,/em ser da Liberdade um estorvo,/como fui melhor de pensamento,/no que não passou mais de antanho,/quando não me enforcavam todo tempo!/Seria Pátria, como manda o figurino/da linha e agulha do Hino Maranhense,/ que “E na estrada esplendente do futuro,/fitas o olhar, altiva e sobranceira”,/e, do que não senti com os pés esfolados, “Dê-se ao porvir as glórias do passado,/seja de glória tua existência inteira”!/Sem Justiça Social, Distribuição de Renda,/zombam da minha cara maquiada,/confundem estupor com estupenda,/política legal com palhaçada/dos piores fantoches da contenda,/picadeiro da indecência desregrada./Tudo onde fica mais em evidência/o sucesso (sem Sol) da veleidade,/e esperteza é muita sapiência,/e ninguém pode tocar em honestidade,/quando maior parte de mim é só carência,/não possui o viver da dignidade/perdida no orgasmo da indecência,/ que acha que o bem-comum não vale nada!/Nenhum político é da minha confiança/inteira, enquanto tanta excelência/preferir-se, com baixeza da arrogância,/mais alteza do que o Bem para a criança,/que mal tem o direito de nascer/numa subumana palafita, isto,/cheia de desesperança e de fístulas/sociais, que empobrecem mais o Cristo./E mais eu pago o pato desta conta/que cresce para baixo,/que nem rabo de cavalo,/onde não muito espanta que corruptor falo/diminui o quê humano ao nascer./Não desejo a lenda que não a da fortuna/comunitária, cultural, não minha acintosa revolta,/em me julgarem lerda, ou inocente,/para eu chamar, como última esperança, de volta,/as naus francesas que me trouxeram a alma profunda: La Charlotte, Saint-Anne, La Regente. (Do livro São Luís em PreAmar, de Herbert de Jesus Santos/2005)

