O Bumba-meu-Boi é a manifestação folclórica de maior envergadura no contexto da cultura popular maranhense. Existe uma diversidade de formas pelas quais tal brincadeira se apresenta e, a cada ano, as mudanças são cada vez mais visíveis. No entanto, os sotaques, ou seja, os ritmos característicos de vários grupos ainda sobrevivem em meio a tantas alterações. Nos Bois do Sotaque de Matraca “Sotaque da Ilha”, os instrumentos de percussão que se destacam são as matracas, dois pedaços de madeira, de variados tamanhos, com média de 30 cm de comprimento, que são percutidos uns contra os outros, de forma frenética, com ritmo próprio, o que confere uma sonoridade contagiante.


Nesse sotaque, existem ainda os pandeirões ou tinideiras, tambores-onça e maracás. Os pandeiros são instrumentos circulares, feitos geralmente de jenipapo, cobertos com couro de bode ou cabra, e são afinados a fogo, em fogueiras acesas ao largo das apresentações que os grupos realizam durante a noite. O tambor-onça é um instrumento cilíndrico, feito à base de flandres ou madeira, com uma das aberturas coberta por couro. No centro desta, pela parte aberta, é fixado um bastão no centro da cobertura de couro. Esse bastão é lubrificado com azeite, água ou pela própria saliva do tocador, que assim umedece um pano que é friccionado no bastão, produzindo um som semelhante ao urro de uma onça, daí a denominação do instrumento. Algumas vezes, caso não haja pano, a própria mão do instrumentista é utilizada diretamente no toque.
Os maracás, por sua vez, são fabricados com flandres. Possuem um aspecto circular e um cabo, por onde o brincante o segura e o percute. No interior dos mesmos são colocados fragmentos de chumbo ou outro material semelhante, e que, ao serem balançados, produzem um som característico. Os maracás são manejados pelos amos, vaqueiros ou rapazes. Em tal sotaque, merecem estaque os chamados Bois da Ilha, Maioba, Maracanã, Tibiri, Madre Deus, Mata, São José de Ribamar, dentre outros.