No Terreiro de Xangô, então sob a direção da Associação dos Amigos da Casa de Nagô, na Rua das Crioulas/Cândido Ribeiro, foi cumprida a tradição de tempo imemorial e aconteceu na noite da terça-feira a queimação de palhinha do seu presépio, com boa movimentação e todas as precauções, em vista da pandemia do Novo Coronavírus (a Covid-19).


Numa cerimônia emocionante e simples, a ladainha contou com acompanhamento musical, e, no seu encerramento, a queimação de palhinha, e distribuição de doces de bolo confeitado, e salgadinhos e refrigerantes. Serão os padrinhos do Presépio da Casa de Nagô, em 2022, a jornalista, pesquisadora e técnica do Iphan (Instituto do Patrimônio Histórico e Artístico Nacional), Izaurina Maria Nunes, e o folclorista Domingos Cantanhede. Estiveram presentes, além dos próximos padrinhos de um dos mais bem-ornamentados e bonitos presépios de São Luís e uma acentuada assistência: descendentes de ex-filhas de santo, o cantor Roberto Ricci e os integrantes da Associação dos Amigos da Casa de Nagô, Alex Corrêa (presidente da entidade, que rezou a ladainha), o jornalista, escritor e folclorista Herbert de Jesus Santos, Betinho Lima, Aírton Ferreira, Arthur dos Santos Martins (católico fervoroso da Capela de São Pedro), Rosinha, Euza, Tereza, Vera e Sebastiana, dentre outros.
Os raios e trovões de Xangô em versão ioruba — Conhecido como o rei de Oyó, Xangô é um poderoso orixá que tem o controle sobre os raios e trovões, e que também expele fogo pela boca. Quando fora rei, Xangô não poupava esforço para conquistar outros territórios para o seu reino. Apesar de ser guerreiro, fazia questão de tratar com justiça as questões que surgiam entre os seus súditos. Certa vez, interessado em buscar novas armas de conquista, Xangô pediu para que sua esposa, Iansã, trouxesse uma poção mágica do reino dos baribas. No caminho de volta, ela não resistiu à própria curiosidade e experimentou o líquido poderoso que carregava na cabaça. Sentido um gosto terrível na boca, cuspiu a poção. Entretanto, ao invés de expelir o líquido, ela soltou uma grande labareda. Xangô ficou empolgado e vaidoso com a nova arma. Em pouco tempo, decidiu exercitar os poderes daquele fantástico encantamento. Enquanto Xangô utilizava a poção, o povo temia os enormes estrondos e o brilho causado pelas chamas. O barulho produzido pela incrível arma ficou conhecido quanto trovão. Por sua vez, o brilho das chamas ganhou o nome de raio.
Texto: Herbert de Jesus Santos
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