Nesta quinta (24), o jovem artista de 24 anos Carlos Eduardo Marques Mendes, mais conhecido como Cadu Marques, realizará o lançamento do seu primeiro livro, intitulado “A memória como tradição e as invenções de uma vida”, no Tebas Bar e Café, no Centro de São Luís, comentando sobre detalhes da sua vida, assim como a importância da escrita.


Natural de São Luís, Cadu Marques é filho de quilombolas oriundos do Centro dos Violas, quilombo localizado em Santa Rita, cidade que fica a 83 quilômetros da capital maranhense, tal fator é fortemente explorado na obra, que possui poemas divididos em 56 paginas, fazendo referência a diferentes pontos da vida do autor, entre eles, sua infância, família e ancestralidade.
“Enquanto jovem negro e quilombola, lanço esse livro para evidenciar a cultura do meu povo e para deixar claro que eles sempre estarão comigo. Sempre fomos silenciados, mas dessa vez não conseguiram me calar, logo no começo, tem um poema onde eu apresento o meu povo quilombola e falo dessa resistência que faz parte de nós”, afirma o escritor.
A idéia de lançar um livro era um dos desejos de Cadu Marques desde a sua adolescência, época em que aproveitava os exercícios das aulas de Língua Portuguesa para se concentrar em criar textos bem feitos dentro da sala de aula, atividade que despertava sua imaginação, a partir daí, passou a aprimorar suas habilidades na escrita.


Os poemas presentes na obra literária foram elaborados nos anos de 2018 e 2021, o artista conta que o principal desafio foi a demora para concretizar o objetivo, visto que teve de lhe dar com a questão financeira que envolveu o livro, mas conseguiu obter o patrocínio necessário graças a Lei Aldir Blanc.
Quanto ao processo de escrita, ele deixa claro que não teve muitas dificuldades e,em entrevista, revela como o processo ocorreu.
“Meu processo de escrita é bem intuitivo, eu escrevo aquilo que sinto a partir do que vivo, do que vejo e das minhas experiências. Posso estar em qualquer lugar e os versos vêm a mim, como a chuva que cai do céu e escorre direto pelas ruas, ou seja, é algo muito natural e singelo, a escrita sempre foi meu encontro mais particular”, conta Cadu Marques.
A importância da poesia


Com experiência em diferentes áreas da arte e da cultura, o autor da coletânea de poemas que será lançada no Tebas explica que aprendeu a conviver com o lado poético, seja nos livros ou em certas situações da vida e explica a importância que a poesia tem na sociedade.
“A poesia é a arte que fala pela gente, sem ela, o mundo seria vazio, já que a poesia o completa, comporta e afeta, o que faz com que exista uma relevância na sua permanência de forma vitalícia na sociedade em que vivemos. Espero que todos aprendam a serem poetas na nossa caminhada, para deixarmos nossa vida mais leve”, fala Cadu Marques.
Sobre o autor


Cadu Marques nasceu em 1997, em São Luís – Maranhão, é graduando de licenciatura em teatro– UFMA e Processos Fotográficos – IFMA, também Integra a Cia Chão de Cozinha, onde desenvolve e exercita suas habilidades ligadas ao oficio da área teatral.
Roteirizou o curta documentário “Ouro – uma produção árdua e desvalorizada”, que foi selecionado para dois festivais: a 44º edição do Festival de Cinema Guarnicê, onde ganhou o prêmio de melhor filme / curta maranhense, e o FestivalPerifericu, em São Paulo.
Escreveu dois poemas presentes em coletâneas do Projeto Apparere: “O cabra do Nordeste” que compõe a coletânea “o Nordeste de João Cabral de Melo Neto”, e o poema “Grito”, que faz parte da coletânea “Teremos Meio Ambiente? ”. Roteirista, fotógrafo e poeta, narra em suas escritas: memórias, vivências e experiências.
Ficha técnica
Escritor: Cadu marques
Editora: Editora Lux
Capa / ilustrações: Andressa Aguiar
Produção: Cia Chão de Cozinha
Comunicação: Hemylly Mendes
Realização: Cia Chãode Cozinha
Apoio: Tebas Bar e Café, Negruse e Núcleo de Pesquisa Teatral Rascunho
Patrocínio: Governo do Estado, Lei Aldir Blanc, Governo Federal
Texto: Ítalo Cavalcanti