Dos mais de mil leitos abertos na rede hoteleira do Maranhão no primeiro semestre deste ano, parte deles foi acrescentada aos hotéis existentes em São Luís e novas unidades inauguradas na cidade e em polos interligados com a capital, como os Lençóis Maranhenses.


Os números exponenciais entusiasmam o presidente da seccional maranhense da Associação Brasileira da Indústria do Turismo, ABIH, Armando Ferreira. A associação contabiliza leitos de hotéis, pousadas, flats, studios, hostels, pensões, motéis. Na estatística da entidade não são contabilizados os leitos ocupados por meios de aplicativos de atuação global como o airbnb, entre outros.
Segundo Armando Ferreira, o crescimento acentuado pós pandemia foi alavancado pelo adensamento da política de divulgação do destino turístico Maranhão em campanhas realizadas tanto pelo Governo do Estado como pela prefeitura de São Luís.
“Além das presenças em grandes eventos e feiras, a divulgação do Maranhão ganhou grande repercussão pelo reforço do calendário de festas, como o São João estendido por mais de 60 dias. Também muito contribuiu o treinamento dos destinos emissores, trabalho realizado junto às operadoras para venda de pacotes”, salienta o presidente da ABIH-MA.


para crescer ainda mais – Foto: Divulgação
Para o presidente do setor responsável pela geração de grande parte dos empregos formais do, com a elevação dos negócios, abriram-se mais oportunidades. O Maranhão segue então com destaque a tendência nacional, reduzindo cada vez mais a taxa de desocupação da rede hoteleira local.
Segundo dados da Pesquisa Nacional de Hospedagem, realizada pelo Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística em parceria com o Ministério do Turismo, em 2016 ao estado contava com 531 estabelecimentos de hospedagem, de variados tipos e categorias, sendo a maioria situada em centros urbanos, e pouco mais de 10% desse total localizados na orla marítima ou ilha.
Segundo série histórica da pesquisa Nacional por Amostras de Domicílio, PNAD, iniciada em 2012, a taxa atual de desocupação no país é de 6,8%, uma das menores registradas. Com a ocupação ultrapassando a marca de 50% da rede, já se sente o clima de pleno emprego no setor de turismo no estado.
Todo o somatório de leitos no estado era de 36. 292 leitos. Percentualmente a rede hoteleira do estado corresponderia a 1, 7% da rede nacional e 7,1% da rede da região Nordeste. Desse universo, nove estabelecimentos eram enquadrados na categoria luxo. Pelo cadastro do Ministério do Turismo, apenas cinco estabelecimentos estavam na categoria hostel.
Em tempos recentes, a rede vem sendo reforçada por unidades habitacionais, como apartamentos, quartos, chalés e casas de veraneio alugadas por temporada. Há prédios inteiros que estão negociando vagas por meio de aplicativos.
Esse tipo de hospedagem albergada, na qual os quartos são compartilhados coletivamente, vem experimentando grande crescimento, sobretudo, no centro histórico de São Luís em anos recentes.
Opção para quem se propõe a compartilhar espaços, a plataforma Airbnb tem se expandido em São Luís. Com preços em escala a partir de R$ 80, estas opções saem em conta com ofertas de cama de casal com travesseiros extras e ferro de engomar, além dos serviços de cozinha compartilhados com o anfitrião em alguns casos. No leque de ofertas se encontram casos curiosos como o motel pousada que se apresenta como sendo único na capital maranhense com diárias em torno de R$ 300,00.


No total o número de leitos no ano do levantamento da ABIH era de 22.104, ocupando a quinta colocação no ranking dos estados do Nordeste, depois da Bahia, Pernambuco, Ceará e Rio Grande do Norte.
A realidade atual é muito diferente. Parte desse vertiginoso crescimento, na avaliação do presidente da ABIH-MA, Armando Ferreira, se deve ao esforço de pessoas com expertise comprovada. Cita o trabalho desenvolvido pelo secretário adjunto de Comunicação do Governo do Estado e ex-secretário de Turismo, Airton Maranhense.
“Ele tem feito um trabalho extraordinário na comercialização de destinos. Agora com esse reconhecimento dos Lençóis Maranhenses como Patrimônio Natural da Humanidade pela Unesco o trabalho dele deve se expandir ainda mais”, considera Ferreira
Média de diária


O momento de prosperidade do setor tem colaborado para que o Maranhão alcance também a média de preços de diárias praticados nos destinos vizinhos. Até recentemente o estado ocupava posição subalterna em relação aos valores das diárias na rede hoteleira. Enquanto a média de cidades como Fortaleza (CE), o preço médio da diária até o início deste ano era em torno de R$ 350,00, alcançando até R$ 400,00 no período de alta estação, em São Luís o valor médio era de R$ 280. Atualmente, a média na capital maranhense é de R$ 300,00.
Houve também modificação no planejamento da comercialização em datas especiais, como, por exemplo, o réveillon. Desde o mês de agosto, as operadoras já comercializam pacotes para o réveillon. A estratégia deverá garantir taxas de ocupações quase integral, no período de 29 de dezembro a 2 de janeiro do ano de 2025.
Referências históricas
Na história da hotelaria em São Luís, alguns endereços deixaram suas marcas. O Hotel Central, Lord Hotel, Hotel São Francisco, Quatro Rodas (hoje Blue Tree) imprimiram de maneira indelével suas presenças no cenário do turismo da capital maranhense.
Erguido onde outrora foi o Palácio dos Holandeses, o Palácio do Comércio foi inaugurado em 1943, daí em diante funcionando em duas dependências o Hotel Central com seus traços da art déco, enfeitando a paisagem da Avenida Maranhense (depois Pedro II).
Antigo Hotel Vila Rica, pertencente ao grupo Serson, o Grand São Luís Hotel foi combalido pela pandemia em 2019, quando encerrou suas atividades. Antes disso havia feito a primeira paralisação em 2004, quando então foi adquirido por empresários maranhenses.
Texto: Henrique Bóis