Pelo que se ouvia de colegas de outras repartições públicas, não havia melhor que o Serviço de Imprensa e Obras Gráficas do Estado (Sioge) com motivação aos seus funcionários, pois pagamento salarial em dia, dos trabalhos extras, toda semana, pela produtividade, e, nas Boas-Festas, participação de lucro da empresa, cada qual ganhando um dinheiro a mais de acordo com a sua assiduidade, na contribuição ao planejamento exitoso da autarquia industrial. Foi assim na direção do advogado e escritor Jomar Moraes, membro da Academia Maranhense de Letras (AML), que modernizou o Sioge, com novas máquinas de digitação e impressão, firmou convênios com a Escola do Senai Theobaldo de Nigris de São Paulo, aprimorando servidores nas artes gráficas, dois de cada vez, passando um ano, na absorção das técnicas mais avançadas de reciclagem, na América Latina.


O Sioge havia se tornado uma fábrica de editoração de livros de todos os gêneros, em prosa e verso, e eu, assumindo a Revisão Literária, ajudei a prosperar essa atividade fabril de vital importância para a manutenção da nossa fama, como Terra de Literatos, por excelência, com os elogios não escasseados pela Academia Brasileira de Letras (ABL) e União Brasileira de Escritores (UBE). Com o Plano de Ação Cultural do Sioge (PACS), para o surgimento de novos talentos e consolidação dos escritores consagrados, não foram poucas, de 1975 (ano do meu ingresso na Revisão Literária) a 1980 (em que Jomar Moraes deixou a direção do Sioge), as noites de autógrafos, ali, qual as dos poetas Bernardo Coelho de Almeida, José Chagas e Nauro Machado, dos prosadores Ubiratan Teixeira, Mílson Coutinho e de Waldemiro Viana, que, com o romance Graúna em Roça de Arroz, começou uma subida espaçosa que nunca teve oscilação. Assim, sucessivamente!…
Se não houvesse acontecido a lastimável extinção do Sioge, em 1997, o Maranhão, tão respeitado por sua Inteligência e Cultura, em meio à intelectualidade brasileira, estaria com mais moços na bonançosa atividade intelectual, preparando que esse alteado conceito jamais sofresse solução de continuidade, como parece que paramos no tempo, nesse particular, ou com uma formidável retração na impressão de livros melhores por que sempre submetidos à apreciação de jurados da AML, UFMA, ABL e UBE. Eu, pessoalmente, com graduação em Comunicação Social/Jornalismo da UFMA, e pós-graduação em Gestão Pública, pela Fundação João Pinheiro (instituição de ensino e pesquisa em Belo Horizonte/MG), em convênio com a Universidade Federal de Minas Gerais, funcionário de carreira, poderia chegar a diretor-presidente do Sioge, com respaldo da AML, inclusive, ali, sempre atenciosa com a política de publicação de obras literárias.
Em todo dezembro, a Cidade ficava na expectativa de ser anunciado o resultado do concorrido Concurso Literário do Sioge, e os seus funcionários, gráficos (chamados internacionais, por Jomar Moraes, tal era sua cancha em seus trabalhos, diuturnamente, na Composição, Revisão, Impressão e Encadernação) e dos Recursos Humanos, esperando os sinais de Boas-Festas, iniciadas com a benfazeja participação de lucro anual do Sioge. As edições não sofreram solução de continuidade com o jornalista e historiador Benedito Buzar (1990/1), seguido da administração do advogado e professor universitário Antônio José Muniz. Tempos depois, foi que o poeta e prosador Bernardo Almeida faria sucessivas edições do seu maravilhoso memorial Éramos Felizes, e não Sabíamos. Realmente, nunca um título teve tanto a ver com a nossa vida literária nos áureos tempos do Sioge!
Texto: Do livro inédito Brilhantes no Tempo de Cada Um — São Luís em Verso, Prosa e Quatrocentona, de Herbert de Jesus Santos