Na última terça (31), se encerrou a exposição “Luiz Pazzini: Vida e Obra de um Teatro de Memórias”, que se iniciou no dia 16 de junho e teve como palco a Galeria de Arte do SESC — Centro. O evento ocorreu como uma forma de homenagear o teatrólogo, ator e arte-educador que faleceu em abril do ano passado, como uma das vítimas da Covid-19.


“O propósito é que o visitante consiga ter contato com a vida e obra do Mestre Pazzini, a partir de uma aproximação com os seus aspectos do seu íntimo, de familiares, de objetos da sua casa. Como também perceber o homem do teatro que ele era, onde se é provocado a dar vasão para a sua construção de uma poética da memória no teatro maranhense”, conta o ator, produtor e um dos curadores da exposição Victor Silper.
De acordo com dados do SESC, 148 pessoas visitaram presencialmente a exposição durante os mais de dois meses em que ela esteve aberta para o público, sendo o mês de agosto o que mais recebeu visitantes. O número é expressivo, levando em conta que espaços do setor cultural estão reabrindo aos poucos no Maranhão, sempre utilizando medidas de segurança contra o coronavírus.
Sobre Luiz Pazzini
Natural de Serverínia, cidade localizada no interior de São Paulo, Luiz Roberto de Souza, mais conhecido como Luiz Pazzini, chegou ao Maranhão no ano de 1992, para se tornar professor do extinto curso de Educação Artística, do Departamento de Artes da Universidade Federal do Maranhão (UFMA). Sua forma de trabalhar com dinâmica e perseverança contribuíram para se tornar querido e respeitado no cenário cultural local e nacional.
As intervenções culturais, palestras, saraus, performances e peças teatrais que produziu, dos primeiros instantes ao final de sua carreira, foram outros fatores que fizeram o artista ganhar seu espaço na arte maranhense, sem falar da forte relação com as artes plásticas nos seus espetáculos, contribuindo para uma interdisciplinaridade das linguagens, feita através de propostas visuais de cenários e figurinos, que eram grandes obras de arte.
“Pazzini sempre foi uma pessoa singular, compartilhava muitas experiências, seja em situações profissionais ou situações pessoais, a maior vontade dele sempre foi contribuir para diferentes formações e multiplicar a arte pelos lugares que passava e frequentava, era uma grande ser humano e um grande trabalhador da área artística que contribuiu para o Maranhão”, expressa a produtora, mediadora e técnica cultural do SESC Paula Barros.
Luiz Pazzini recebeu postumamente, em 2020, o título de Professor Honoris Causa pela Universidade Federal do Maranhão e contará com a publicação de um dossiê temático a cerca dos seus processos artístico-pedagógicos na cena maranhense, na Revista Rascunho, da Universidade Federal do Maranhão, organizado pelos artistas maranhenses e acadêmicos de teatro Gilberto Martins e Victor Silper.
O homenageado também foi, em 2001, o fundador do grupo de teatro Cena Aberta, que há cinco anos, possui como um dos membros Larissa Ferreira, artista que também trabalhou nas áreas de curadoria e produção no evento. Ela explica ser impossível falar do teatro do estado sem falar de Pazzini e explica como sua convivência com o mestre, de quem foi aluna.
“Após ter participado de um projeto de extensão, iniciei minha trajetória no teatro e cheguei a ser aluna do próprio Luiz Pazzini quando entrei no curso de teatro da universidade e foi aí que recebi o convite para fazer parte do Cena Aberta. Tudo isso contribuiu para que nós passássemos a ser, a nos sentir uma família, como se fossemos amigos, ele não foi só meu professor e diretor”, explica a curadora.


Larissa Ferreira também revela que os organizadores da exposição têm planos para que ela volte a funcionar, dessa vez, de forma permanente.
“Estamos nos organizando para que a exposição passe a acontecer na casa que era do próprio Pazzini, que é a sede do Cena Aberta, localizada na Rua das Hortas, Centro de São Luís. Se tudo ocorrer como planejamos, a nova exposição começará a ser montada em outubro e, a partir do mês seguinte, em novembro, as pessoas vão poder começar a visitá-la”.
A exposição sobre a vida do teatrólogo foi realizada, produzida e curada por membros do Grupo Cena Aberta: Necylia Monteiro, Larissa Ferreira, Victor Silper, Tiago Andrade e Lígia da Cruz; contou com o apoio cultural do SESC Maranhão, sede do evento; Expografia e Apoio Técnico de Paula Barros, Larissa Micenas e Thamires; e a parte do apoio administrativo foi de responsabilidade da Beco Produções Culturais.
Texto: Ítalo Cavalcanti