Por Paulo Melo Sousa
Quando fui convidado por Gutemberg Bogéa para compor os quadros do JP Turismo, fiquei não somente honrado, mas particularmente feliz. Ali no Jornal Pequeno fiz alguns cursos no antigo auditório, dentre os quais um de Oratória, com o falecido Ribamar Reis, isso no início dos anos 80 do século passado. E lá estava sempre o velho Bogéa a nos dar boas vindas com sua fala sempre incisiva e bem humorada. Lourival é mais velho do que eu, Ribinha tem a minha idade e foi meu colega de turma, e Gutemberg (o Guto) é o caçula da turma. Todos trabalham no Jornal Pequeno, um empreendimento herdado do velho Bogéa e que evolui neste novo milênio, unindo tradição e modernidade. Eu já os conhecia desde a época em que estudávamos no antigo Maristas da rua do Outeiro, esquina com rua Grande.
Na saudável boemia ludovicense dos anos 80, exacerbada no Carnaval e no São João, sempre me reencontrava com Gutemberg nas folias da vida. Banda do Baixo Leblon, Arraial do Laborarte, em frente à igreja de Santo Antônio. Bons velhos tempos. Foi há cerca de 20 anos que comecei a colaborar com o JP Turismo, suplemento cultural e turístico que completa 30 anos de vida. Balzaquiano, desde há muito o espaço democrático deste Caderno atingiu maturidade. Já abordamos aqui temas não somente ligados ao seu foco inicial, o turismo. Fizemos denúncias, críticas construtivas, enfrentamos algumas polêmicas cabeludas, mostramos equívocos de políticas culturais municipais e estaduais, abordamos a questão do patrimônio cultural, tanto material quanto imaterial. Enveredamos em editoriais com a palmatória da palavra solta e ácida, verdadeiros palmatoriais, colocando os dedos nas feridas da corrupção da politicalha Timbira. Mostramos as belezas naturais do Maranhão e do Brasil, desbravamos destinos turísticos nunca dantes navegados, muitas das vezes somente com a cara, a coragem e a disposição de quem faz jornalismo por amor ao que faz.
Mesmo discordando de algumas pautas, acreditando que seria possível se fazer mais, ousar mais, o diferencial do JP Turismo é justamente manter ativa a trincheira democrática de um espaço no qual a censura não tem espaço, com a devida licença poética. E isso se deve especialmente a Gutemberg Bogéa, que manteve até agora, muitas das vezes a duras penas, e somos testemunha disso, um reduto jornalístico no qual o turismo e a cultura encontram abrigo seguro, com ampla divulgação, mesmo num tempo em que são menosprezadas, nunca diminuídas, por falsos e novidadeiros profetas, como diria o nosso amigo e também colaborador deste espaço cultural, Herbert de Jesus Santos.
Portanto, sempre mantive bom relacionamento com o JP Turismo, notadamente com o seu editor chefe, Gutemberg Bogéa, que sempre nos franqueou o espaço para publicação de textos, alguns inofensivos, de franca divulgação cultural, outros já bem contundentes, para não dizer raivosos, de cunho acusatório, polêmicos. Longa vida ao JP Turismo, ânimo e força para mais 30 anos de contribuição jornalística de primeira linha para a arte, a cultura e o turismo do Maranhão.

