Mais de uma pessoa já havia chamado a nossa atenção para peças publicitárias em outdoors, alusivas ao aniversário de 408 anos de São Luís, com erros graves de português, com vocativo (que pode vir antecedido por interjeições de apelo, tais como ó, olá, eh!, etc.) sem aplicação correta, antonomásias da Cidade sem as iniciais maiúsculas, falta de pontuação e termo que não é ludovicense, como se comum.
Na preparação do nosso espírito, a agência de publicidade avisou aos navegantes do “lançamento de uma campanha em homenagem ao 408º aniversário de São Luís, a ser celebrado, de forma inusitada, no próximo dia 8 de setembro. Este ano, devido a pandemia do novo coronavírus, não teremos programação cultural para evitar aglomerações, o que não impede ninguém de oferecer a cidade presentes carinhosos e que expressam o orgulho de ser ludovicense”. Foi mais: “Na campanha não só são destacados personagens usando algumas peças do bumba-meu-boi maranhense e do reggae – que deu a cidade o apelido de Jamaica Brasileira”. Aí foi pior a emenda do quer o soneto: “(…) Como algumas expressões que relatam o jeito maranhense de ser, por meio de seu vocabulário peculiar, que se estampam nas várias placas(…)”
Caminhando com a Fundação de São Luís — Já anotados os desastres linguísticos e de criatividade, nas peças publicitárias, encetei um périplo que renderia algumas reivindicações ao próximo prefeito de São Luís, com a história na ponta da língua. Comecei, às 8h, onde acontecera a Fundação da Cidade, a 8.9.1612, com o nome de São Luís, em homenagem ao Rei de França, Luís IX, o Rei Santo, e em honra de Luís XIII, o Rei-Menino, numa expedição chefiada por Daniel de la Touche, sob o título de Senhor de la Ravardière, um experiente lugar-tenente general da Marinha Francesa do século XVII, nobre, de religião protestante. Na corte, com a regente Maria de Médici, tendo angariado fundos com o almirante François de Rassilly (líder católico), partiu de Cancale, em março de 1612, com uma caravela e duas naus: “Saint-Anne”, “La Régente” e “Charlote”, tripuladas por 500 homens, entre eles frades capuchinhos. Chegaram em julho, avistando um ponto elevado na Ilha Grande (Upaon-Açu), domínio dos Tupinambás chefiados por Japi-Açu, que participariam da missa, em 8 de setembro, oficializando o nascimento de São Luís.
A Praça dos Poetas — Na adjacência de onde acontecera o feito magnífico, observei, com alegria incontida, no cocuruto da Montanha Russa (Rua Newton Prado), esquina com a Av. Dom Pedro II, a Praça dos Poetas, obra do Governo do Maranhão, numa maneira de utilizar um espaço importante com a exaltação à Inteligência e Cultura Maranhense. Defronte do Largo do Carmo, em papo com o veterano taxista Zequinha e o folclorista João do Sá Viana, populares reclamaram que o logradouro nem tivera a revitalização propagada concluída e já havia uma tribo de ciclistas passeando e podendo piorar com a dos esqueitistas, sem vigia no local.
Praça do Desterro e Fonte do Bispo — O logradouro histórico vai precisar da atenção do futuro inquilino do Palácio de la Ravardière, necessitando de uma restauração em regra. Foi por ali que, em 25.11.1641, São Luís foi tomada pelos holandeses, que desembarcaram em frente à ermida do Desterro, começando a saquear a cidade sem encontrar quase nenhuma resistência. O Bairro da Fonte do Bispo originou-se de uma fonte histórica d’água, que carece de mais benefícios. Aconteceu de uma divergência, em 1699, entre o bispo dom Frei Timóteo do Sacramento e o governador do Pará (que administrava o Maranhão), representado pelo ouvidor-geral Mateus Dias da Costa. Foi decretada a prisão domiciliar do bispo, em seu palácio, no Largo de Santiago. Sem poder receber visitas e sem ter como renovar os meios de sobrevivência alimentar, rompeu o isolamento e, de vasilha em punho, foi apanhar água na fonte mais próxima de sua residência. Desde então, a nascente ficou conhecida como Fonte do Bispo.
As favelas na frente e do lado do Liceu — Será uma mão de obra hercúlea, a retirada das barracas de todos os feitios da frente do Liceu e atrás das paradas de ônibus. Com o reinício das aulas, no tradicional Colégio do Estado, com a zoada estridente, torna-se uma missão impossível estudar, ali, qual já foi acusado, antes da suspensão das aulas por conta da pandemia do novo coronavírus. Só no Centro, há um monte de problemas que deverão ter uma resolução urgente e a contento, quanto ônibus dirigido por motoristas, com a função de cobrador, prejudicando a fluidez no trajeto, trabalhos para o novo prefeito e uma vereança dispostos a arregaçarem as mangas pelo bem-estar da coletividade.
Texto: Herbert de Jesus Santos