Como nós sabemos de cor e salteado, às voltas com os textos dos evangelizadores, ou sejam, os autores dos quatro Evangelhos. (São Marcos, São Mateus, São Lucas e São João), conhecendo-os, poderemos ter consciência melhor de Jesus, o personagem principal de toda a Bíblia. Como os outros livros da Bíblia, também os evangelhos só foram escritos muito tempo depois que aconteceram os fatos narrados. Por isso, primeiro os evangelistas conheceram Jesus; depois, escreveram sobre ele. Apenas São Mateus e São João avistaram-se com o Rabi da Galileia. São Marcos e São Lucas só através de outras pessoas, principalmente dos apóstolos São Pedro e São Paulo.
Daí por que chegou ao nosso conhecimento, a pérola preciosíssima que é “Dai a César o que é de César, e a Deus, o que é de Deus”!, nada menos que uma famosíssima passagem bíblica, que acabou virando sentença popular. A citação, proferida por Jesus, em primeira pessoa, encontra-se nos evangelhos sinóticos: em Mateus 22:21, Marcos 12:13-17 e Lucas 20:20-26. Situam-nos em que os fariseus fizeram um plano para apanhar Jesus em alguma palavra. Então mandaram os seus discípulos, junto com alguns sequazes de Herodes, para dizerem a Jesus: “Mestre, sabemos que és verdadeiro e que, de fato, ensinas o caminho de Deus. Não te deixas influenciar pela opinião dos outros, pois não julgas um homem pelas aparências. Dize-nos, pois, o que pensas: É lícito ou não pagar imposto a César?” O Divino Mestre, percebendo a maldade deles, disse-lhes, em cima da bucha: “Hipócritas! Por que me preparais uma armadilha? Mostrai-me a moeda do imposto!” Levaram-lhe então a moeda. E Jesus retrucou: “De quem é a figura e a inscrição desta moeda?” Eles responderam: “De César”! Jesus então deu por encerrada a questiúncula dos lorpas, pascácios e de bestuntos fracos: “Pois dai a César o que é de César, e a Deus o que é de Deus!”
Jesus e a A Lei de Deus — Trocando em miúdos, esperando não malhar em ferro frio e chover no molhado, nem jogar conversa fora da bacia, em sua quase totalidade, as chefias religiosas judaicas não se curvaram aos esforços de Jesus no sentido de fazê-las entender que estavam erradas perante a Lei de Deus. Em compensação, Altíssimo quanto deveria Ser, Jesus lhes dirigiu diversas parábolas com as quais lhes mostrou o verdadeiro caminho para os homens neste mundo.
Uma vez fariseus, sempre fariseus! — Sabemos que poucos chefes mudaram seu comportamento, e, dentre os que resistiram a Jesus, destacavam-se os fariseus, os quais, além das suas arraigadas convicções, tinham interesses políticos e econômicos contrariados pela pregação que ouviam do Messias, pobre e andarilho. Em nossa análise, também de estudioso do assunto, por isso, apresentaram um dilema para Jesus, com o qual, qualquer que fosse a resposta que Ele lhes desse, esperavam ridicularizá-lo perante o povo que o admirava.
Nazareno da verdade absoluta — Salta aos olhos, em textos abalizados, que Jesus tinha consigo a verdade absoluta, porque ele próprio era essa verdade, a qual está acima do conhecimento dos homens e isso os fariseus não raciocinaram ao armarem a arapuca que imaginaram. Jesus lhes respondeu de uma forma em que saiu fácil de uma situação constrangedora.
O outro lado da moeda— A história da moeda de César é tão acabrunhadora para os adversários de Jesus que, nos séculos de contestação da autenticidade dos quatro Evangelhos, tentou-se dizer que ela não poderia ser verdadeira, porque os judeus não usavam efígies humanas e não poderiam ter moedas com a imagem de César. Foi conversa mole para boi dormir, ou quiseram enganar os incautos, pois a Palestina estava sob domínio romano e por lá circulavam moedas trazidas da Capital do Mundo pelos soldados e por seus comandantes. Autores alterosos coincidem: Isto explica a autenticidade do relato de Mateus (o mais didático dos evangelizadores), porquanto a moeda não estava com Jesus, pois lhe foi entregue por um dos fariseus, homens ricos e ligados aos romanos que certamente carregavam consigo moedas que circulavam em Roma e na Palestina.
Madre de Deus lamenta a morte de Betinho, aos 81 anos, sepultado no Gavião
Foi sepultado, na manhã de ontem, no Cemitério do Gavião, o corpo do animador cultural Jocelebe da Conceição Nogueira (o popularizado Betinho ou Seu Beto), falecido, aos 81 anos, após Iutar, nos últimos meses, contra um câncer de próstata, que lhe ocasionou a falência múltipla dos órgãos, ocorrendo o óbito na tarde de anteontem. Seu féretro saiu da sua residência, onde aconteceu o velório, na Travessa Boa Vista, na Madre de Deus, acompanhado de familiares e de muitos brincantes e dirigentes de manifestações culturais do bairro e, dentre outros folcloristas, o jornalista, poeta, prosador e compositor Herbert de Jesus Santos (Betinho).
Jocelebe nasceu na Madre de Deus, na Rua São José, e foi vaqueiro do Boi, quando o famoso batalhão de matraca, após dez anos de licença cassada pela Polícia Civil, proibido de vadiar e louvar São João, qual seus congêneres, retornou, em junho de 1963, com a cantoria dos amos (considerados na Ilha) Mané Onça e Sabiá (este sucedido, em 1964, por Wanderley Pena, Vavá, o Poeta da Ilha). Jocelebe dirigiu o Boi depois da Era dos legendários Tabaco (Hermenegildo Tibúrcio da Silva), Alfredo Louzeiro e Ornilo Muniz. Foi ainda uma voz muito ouvida na diretoria da Turma do Quinto, em vitoriosos carnavais, na década de 1980.