A alegria de quem escreve é o retorno de quem ler. Na semana passado ocupei o nobre espaço deste matutino para falar do comportamento de alguns jovens e crianças nos dias atuais. Dei o título de “Tempos estranhos, pessoas ausentes”.
Comecei falando de um garoto que chegou na emergência do hospital, fone de ouvido, celular nas mãos, absorto, alheio ao mundo em sua volta. Ele era o paciente, mas mãe a encarregada de responder às perguntas sobre seu estado.
Recebi dezenas de mensagens comentado a crônica, reproduzo algumas. A querida amiga Denise, cidadã do mundo, moradora de Porto Alegre, me escreveu dizendo que, “Me pergunto sempre, por que ter filhos?”. Denise optou por não procriar, e segue em sua liberdade a viajar pelo mundo.
Jaime, amigo brasileiro residente em Sydney, Austrália, diz que “os jovens de lá, são muito parecidos com os daqui. Quase não interagem com seu entorno; pai e mãe são meros saldos bancários, a lhes custearem uma vida de mordomias e conforto”.
Um amigo de São Paulo, Edgar, escreveu que não sabe como será o futuro dessa geração. Divorciado, com um casal de filhos adolescentes, a cada encontro com os filhos é um grande desgaste. Se exaspera com a falta de entusiamo deles em batalhar pelo futuro. Acha-os alheios à realidade”. Edgar, que veio de uma geração que teve de lutar por estudos e trabalho, se sente triste com a postura dos filhos.
Rodrigo, que conheci pelas redes sociais, muito jovem, sem filhos, me escreveu dizendo: “Muito preocupante o que está acontecendo com essa geração. O smartphone virou praticamente uma extensão do corpo. Não existe mais contato visual, troca de afeto, experiências. Como bem disseste, um gatilho para uma geração de ansiosos e deprimidos”, e arrematou, “Sem contar os episódios lamentáveis nas escolas. Todos articulados via internet, sem qualquer supervisão”.
Álvaro Soares, amigo lusitano, disse-me, “Querem tudo pra já. Bem no esquema ‘venha a nós o vosso reino, seja feita a tua vontade, assim na terra como no Céu’”. “E, ai do adulto que não disser ‘amém’”.
A querida amiga Teresa, ludovicense radicada no Rio de Janeiro, em mensagem, escreveu: “É verdade! Eu acho tudo isso muito estranho é bem preocupante, pois parece que estamos assistindo à construções com frágeis alicerces!”
Socorro, de São Luís, também por mensagem, “É como se encontra esta geração. É bem atual a crônica. O número de suicídio principalmente no Maranhão aumentou. O jovem hoje está com a aparência de um imbecil. A partir dos 10 anos se esses jovens não tiverem um acompanhamento psicológico vão se deteriorar. O sistema quer assim… fácil de serem manipulados. Quem não acompanha moda, quem não age como manada é deixado de lado e taxado como louco”.
Recentemente assisti, na TV, um documentário sobre a “Geração Miojo”, que quer tudo pronto em três minutos. Instantaneamente. A geração mais imediatista que já existiu, que não tem paciência pra nada. A geração que fica uma semana em um relacionamento e já enjoa da pessoa. A geração que fica um mês no trabalho e resolve pedir demissão por que não está gostando. Uma geração que não tem visão de longo prazo, que não consegue pensar no futuro.
Se esse é o nosso futuro, não deixa de ser preocupante. Estamos assistindo a formação de pessoas frágeis, despreparadas para um mundo cada vez mais competitivo e duro.
Luiz Thadeu Nunes e Silva – Eng. Agrônomo, Palestrante, cronista e viajante. Autor do livro “Das muletas fiz asas”, o latino americano mais viajado do mundo com mobilidade reduzida, visitou 151 países em todos os continentes. E-mail: luiz.thadeu@uol.com.br