Foi assinado entre a Universidade Federal do Maranhão (UFMA), o Instituto do Patrimônio Histórico e Artístico Nacional (IPHAN) e a Petrobras, na segunda-feira (17), às 15h15min, contrato de serviço para a restauração e requalificação do prédio secular da Fábrica Progresso, onde também funcionou o Serviço de Imprensa e Obras Gráficas do Estado (Sioge), autarquia industrial, que marcou época com sua editora de livros. O ato solene ocorreu no próprio imóvel, na Rua Antônio Rayol, no Centro de São Luís, na adjacência do Mercado Central.


Ao abrir a mesa dos trabalhos, o reitor da UFMA, Natalino Salgado, assinalou a importância do restauro e requalificação do prédio, cedido pelo Estado, a partir de que vai abrigar o Museu de Arqueologia da instituição: “Com esta assinatura de contrato de serviço, estaremos bem próximos de recuperarmos um prédio secular que vai enriquecer muito mais nossa história e o patrimônio cultural. Quando concluirmos a obra, funcionará como o Museu de Arqueologia, onde ficará o acervo arqueológico encontrado!”— aludiu a que o museu irá abrigar inicialmente o conjunto de 78 mil peças de povos pré-históricos e do período da colonização do Maranhão, que foram encontradas, identificadas e catalogadas no processo de escavação da Refinaria Premium, e que estão sob a guarda da UFMA, na Cidade Universitária, até a transferência deste patrimônio para o museu. “Dentro de quinze meses, estaremos entregando a obra anunciada!”— Natalino Salgado otimizou.
Já o representante da Petrobras, William Frederick Schmitt, gerente de pós-projetos e administração contratual, realçou o apoio financeiro da empresa. “A Petrobras vai entrar com o recurso financeiro para ajudar na requalificação, e isso consideramos muito importante para resgatar essa história do povo maranhense, no que a Petrobras entende como algo relevante para o nosso cumprimento para com o Estado do Maranhão!
Por sua vez, Maurício Itapary, superintendente do Iphan (Maranhão), pontuou os ganhos para a cidade, em particular, e para o Estado, por extensão, com essa recomendada requalificação: “A sociedade ganhará um novo espaço, um prédio histórico, que passará por restauração e será devolvido como um imóvel, respeitando suas características originais e históricas. Esse é o papel do Iphan, ou seja, assegurar que esses imóveis sejam restaurados de acordo com a boa técnica e respeitando suas características!”


10 mil anos de História — Com investimento orçado em cerca de R$ 8.000.000,00, a requalificação do prédio garantirá a guarda e preservação dos 52.624 materiais arqueológicos encontrados no município de Bacabeira-MA, durante os trabalhos de prospecção e terraplenagem da Refinaria Premium I da Petrobrás. Consoante o professor e arqueólogo Arkley Marques Bandeira, do Departamento de Oceanografia e Limnologia da UFMA e coordenador de implementação da obra, o material resgatado ajuda a contar 10 mil anos de história. Ele explanou: “Esse acervo é representado por peças cerâmicas, peças feitas em pedra, lâminas de machado, facas, raspadores, isso tudo do período pré-colonial e depois com o advento das primeiras fazendas e engenhos implantadas na região, conseguimos reunir um acervo significativo dessas primeiras vilas coloniais, muita louça, garrafa, muito metal e pedra de moer. Então, ajuda a contar 10 mil anos de história naquela região, desde as primeiras populações — caçadoras, pescadoras, coletoras —, até a chegada das populações agricultoras e a do período histórico”, destacou.
Espaço para as relíquias do Sioge — Numa solenidade que contou com a presença de ex-funcionários do Serviço de Imprensa e Obras do Estado (Sioge), como o jornalista, poeta e prosador Herbert de Jesus Santos, Gregório Amaral (contador, no Sioge, fez Gestão Pública, na UEMA, já na Secretaria da Administração do Estado), José Ribamar Soares (que atuou na Expedição da autarquia), assim que foi cientificado, Natalino Salgado os recepcionou. Primeiramente, Herbert de Jesus Santos, a quem assegurou o espaço para haver a guarda das relíquias do Sioge, e parte da Imprensa Oficial do Estado. Muito sensível à história, ele não deixaria de fora, no contexto do restauro e de requalificação do prédio secular, a casa muito importante para a Inteligência e Cultura do Maranhão, que começou seu “boom” editorial, em 1975, na gestão do escritor Jomar Moraes (que seria presidente da Academia Maranhense de Letras), seguiria com administrador de empresa Francisco Camelo, jornalista e historiador Benedito Buzar (que foi presidente da Academia Maranhense de Letras) e do advogado e professor universitário Antônio José Muniz.
Mais emoções no antigo prédio do Sioge — Visivelmente emocionada, a professora de Física da UFMA, Daniely Gaspar de Souza, revelou que ia para o Sioge, desde criança, por ser filha do gráfico José Carlos de Souza, falecido, em 2019, aos 89 anos, e que trabalhou na equipe de Raimundo Wolff, e, posteriormente, com Raimundo Nonato Vasconcelos, no Diário Oficial. Daniely (graduada em Física, com mestrado em Engenharia de Materiais, e que leciona na cidade de Grajaú) enfatizou que chegou a estagiar no Sioge, no setor de telefonia. “Estar aqui, neste momento, é muito grandioso e emocionante!”– ressaltou. “Meu pai teve oportunidade de conhecer o Campus da UFMA, em Grajaú, três anos antes de morrer!’— relembrou.


De revisor literário a coeditor — Entrevistado por colegas da emissoras de televisão, antes e depois do ato de assinatura do contrato de serviço para restauro e requalificação do antigo prédio do Sioge, qual Adria Rodrigues, da TV Mirante, sintetizei que a minha passagem pelo Sioge começou em 1975, quando fui indicado pelo poeta e cronista José Chagas, que sabia que a editora fabulosa precisava de um revisor competente, e redigiu um bilhete com que cheguei ao presidente Jomar Moraes, solicitando a vaga oferecida. Ali, constituí família, casando-me com a professora ribamarense Marilda Alice Cardoso (Flor), voltei à UFMA (fui evasor do Curso de Direito), aprovado em novo vestibular, desta feita para Comunicação Social (Jornalismo), e fiz carreira no Jornalismo e na Literatura. Saí do Sioge para a Secretaria da Comunicação do Estado (Secom), no cargo de assessor de Imprensa e retornei àquele, na direção de Benedito Buzar,em 1991, e a seguir na de Antônio José Muniz, aonde fui membro da Comissão Julgadora dos Concursos Literários, ao lado dos brilhantes intelectuais Bernardo Almeida (poeta e cronista), Nauro Machado (poeta e ensaísta), Luís Augusto Cassas (poeta, ensaísta e crítico literário), e Ubiratan Teixeira (cronista e crítico literário). Não deu para eu dizer nas entrevistas que se voltassem com o Sioge a todo vapor, na sua editora, o Maranhão seria mais elogiado pela intelectualidade nacional baseada na Academia Brasileira de Letras e na União Brasileira de Escritores!
Texto: Herbert de Jesus Santos