Com mais brilho, euforia, exibições de personagens alusivas à Data Magna da Cristandade, no Centro de São Luís, e notável participação comunitária. Ao contrário do acontecido em igual período, no ano passado, ocasionado pela disseminação do surto pandêmico do novo coronavírus, assim está se passando o período pré-natalino em parte da Av. Beira-Mar, Praça D. Pedro II, Largo do Carmo e Praça João Lisboa, em todas as partes com grande aprovação popular.
![José, Maria e o Menino Jesus na encenação mais bela do Nascimento do Salvador - Foto: Rodrigo Ribeiro](https://jpturismo.com.br/wp-content/uploads/2021/12/Foto-1-1.jpeg)
![José, Maria e o Menino Jesus na encenação mais bela do Nascimento do Salvador - Foto: Rodrigo Ribeiro](https://jpturismo.com.br/wp-content/uploads/2021/12/Foto-1-1.jpeg)
Desfile natalino e cantata — Desde a noite do dia 4 de dezembro, a beleza arquitetônica do prédio da Reffsa, que sedia o Museu Ferroviário e Portuário do Maranhão, está oferecendo diversidades culturais que asseguram ir até 30 de dezembro.
Em sua agenda alardeada: desfiles natalinos, atrações culturais, aparições do Papai Noel, de quinta a domingo. Na noite do dia 18 de dezembro, visitantes e nativos apreciariam a Cantata Natalina, com transmissão da a mensagem de força, amor e esperança ao público.
![O antigo prédio da RFSA serviu de palco para uma das mais belas decorações de Natal, em São Luís, neste ano - Foto: Rodrigo Ribeiro](https://jpturismo.com.br/wp-content/uploads/2021/12/Foto-2-2.jpeg)
![O antigo prédio da RFSA serviu de palco para uma das mais belas decorações de Natal, em São Luís, neste ano - Foto: Rodrigo Ribeiro](https://jpturismo.com.br/wp-content/uploads/2021/12/Foto-2-2.jpeg)
A origem da celebração – Tudo começou na cidade de Nazaré, na Galileia, onde o Anjo Gabriel anunciou à Virgem Maria que ela fora escolhida para ser a mãe do Filho de Deus, e onde Jesus passou sua infância, provavelmente, por isso, o segundo centro de peregrinação mais procurado de Israel (depois de Jerusalém). Maria, uma jovem muito religiosa, após casar com José, um carpinteiro (José de Nazaré, o Operário), precisou viajar já grávida para Belém de Judá, a fim de participar do recenseamento obrigatório engendrado pelos romanos dominadores de parte do Mundo conhecido. Depois de uma cansativa viagem feita a cavalo, o casal chegou à cidade, que, por conta do censo, estava cheia, sem mais quartos em nenhuma hospedaria para que eles pudessem descansar. Porque a estribaria de um albergue era o único lugar que acharam para repousar, foi ali, diante de alguns animais, que Maria deu à luz o Menino Jesus, logo visitado pelos Reis Magos, que, consoante a Bíblia, realizaram uma leitura dos astros e constataram que o brilho singular de uma estrela anunciava o nascimento do Rei dos Reis, Jesus. Eles saíram do Oriente e foram ao encontro do local do nascimento do menino sagrado, em Belém, seguindo a orientação da Estrela, levando presentes para Ele: Melquior ofereceu ouro, que representava o sinal da realeza; Baltazar levou incenso, que simbolizava o sinal de que Jesus era Filho de Deus; e o último Rei, Gaspar, concedeu mirra, um medicamento natural do Oriente Médio, que caracterizava a humanidade de Jesus. Ao nascer em um local simples, Jesus deu início a esse costume de Natal, que seria representado por milhares de anos.
Criação do Santo Pobrezinho de Assis — Ficou voz corrente que foi São Francisco de Assis, por volta de 1223, em Greccio/Itália, quem idealizou essa forma de prestar homenagem ao Menino-Deus, construindo, então, o primeiro presépio. A partir dessa data, generalizou-se nas comunidades franciscanas esse costume de se representar simbolicamente o Nascimento do Salvador. Com o tempo, estendeu-se por terras italianas e todo o universo cristão. Pegou carona excepcional em pintores, escultores, músicos realizadores de grandes obras inspiradas nesse motivo, que também foi mote para representações teatrais. Acredita-se que, no Brasil, o presépio pode ter sido introduzido pelos primeiros colonos, podendo essa prática ter sido reforçada com os padres jesuítas, em 1584, sendo, por vezes, acompanhado de cantos, danças e dramatizações, usados quanto veículos para tornar mais compreensíveis aos índios e colonos os dogmas da fé e religião católicas. No Maranhão, esse hábito religioso também se difundiu, tanto que nas primeiras décadas do século 20 já era muito cultivado em São Luís.
![Bonecos gigantes simbolizando concorridas festas de fim de ano - Foto: Rodrigo Ribeiro](https://jpturismo.com.br/wp-content/uploads/2021/12/Foto-3-2.jpeg)
![Bonecos gigantes simbolizando concorridas festas de fim de ano - Foto: Rodrigo Ribeiro](https://jpturismo.com.br/wp-content/uploads/2021/12/Foto-3-2.jpeg)
O espírito natalino grandioso numa manjedoura — Num bordejo, em bairros centrais, a Reportagem do JP Turismo constatou que, mesmo com o movimento retraído pela pandemia da Covid-19, há o aguçado clima festivo para a celebração do período natalino, na preparação da chegada do Menino Jesus. As luzes da cidade, ruas, casas, prédios e igrejas se ornamentaram para a Magna Data. A tradição não sofre solução de continuidade e é representada sobremodo com a montagem dos presépios. A recriação da manjedoura, dos animais e reis reforçam a memória do Natal para os cristãos. Durante a noite, iluminados, muitos deles viram atração para famílias e crianças que guardam a lembrança das decorações em fotos. “Em diversos tamanhos e cores, a armação dos presépios se diversifica com a disposição dos fazedores e o espaço destinado à instalação. Todavia, independentemente da proporção das imagens, o propósito do ritual é recriar a palavra bíblica do Nascimento de Cristo e resgatar o espírito de fé das pessoas!” — estimou Dorilene Sousa Santos, mestra em Turismo, formada na UFMA, e residente na Av. Ruy Barbosa, na Madre de Deus.
![– O Mágico de Oz simbolizado por personagens que marcaram época no cinema - Foto: Rodrigo Ribeiro](https://jpturismo.com.br/wp-content/uploads/2021/12/Foto-5-1.jpeg)
![– O Mágico de Oz simbolizado por personagens que marcaram época no cinema - Foto: Rodrigo Ribeiro](https://jpturismo.com.br/wp-content/uploads/2021/12/Foto-5-1.jpeg)
No Centro de São Luís, sem perder o rumo da tradição — A Cidade habituou-se a ver os presépios dos Paços da Quaresma (neste ano, só no Beco da Pacotilha, não foi erguido o da Rua Afonso Pena), e os do Museu Histórico e Artístico do Maranhão (Rua do Sol, 203-Centro). As igrejas se esmeram na tradição: o Convento e a Igreja de Nossa Senhora do Carmo, na Praça João Lisboa, e pertencentes à Ordem dos Capuchinhos, um dos templos católicos tradicionais, localizando-se numa área tombada pelo IPHAN desde 1955. Na Igreja de Santo Antônio, aliás, houve o primeiro presépio natalino de São Luís. Na Igreja da Sé, na Praça D. Pedro II, na Igreja dos Remédios, na Praça Gonçalves Dias, na Igreja do Desterro, no largo do mesmo nome, na Igreja de São Pantaleão e na Igreja de São João, na Rua da Paz, etc.
![Presépio da Casa de Nagô renova em todo Natal uma tradição que vem do tempo imemorial - Foto: Arquivo](https://jpturismo.com.br/wp-content/uploads/2021/12/Foto-5-1.jpg)
![Presépio da Casa de Nagô renova em todo Natal uma tradição que vem do tempo imemorial - Foto: Arquivo](https://jpturismo.com.br/wp-content/uploads/2021/12/Foto-5-1.jpg)
Na Casa de Nagô, de culto de matriz africana — Assim como o da Casa das Minas, na Rua São Pantaleão, o primeiro terreiro de matriz africana (jeje), no Maranhão, na Casa de Nagô, na Rua das Crioulas, obedecendo a uma tradição que remonta a um tempo imemorial, no terreiro, também, de raiz afro, de origem iorubana, que vem do meado do séc.19, a feitura do presépio, com a planta murta, na semana antecedente ao Natal, segue um ritual de ladainha encabeçado por abnegados com apoio da Associação dos Amigos da Casa de Nagô, com Betinho Lima e Aírton Ferreira. A queimação de palhinha, no Terreiro de Xangô (Casa de Nagô), com galhos de murta, ao contrário de outros locais, em São Luís, no Dia de Reis (6 de janeiro), acontece sempre no dia 2 de fevereiro, consagrado à Iemanjá (Rainha do Mar), mãe de Xangô, quando serão escolhidos os padrinhos do presépio do próximo ano.
![Professor e pesquisador, Sebastião Cardoso falou sobre as lapinhas e murtas dos presépios – Foto: Arquivo](https://jpturismo.com.br/wp-content/uploads/2021/12/Foto-6.png)
![Professor e pesquisador, Sebastião Cardoso falou sobre as lapinhas e murtas dos presépios – Foto: Arquivo](https://jpturismo.com.br/wp-content/uploads/2021/12/Foto-6.png)
As lapinhas de murtas — Pesquisador e produtor cultural, ex-diretor do Centro de Cultura Popular Domingos Vieira Filho, Sebastião Cardoso destacou que um dos símbolos mais utilizados pela população maranhense são as lapinhas de murta, ou presépio de murtas, feitos na época natalina, mas com características folclóricas singulares em relação a outras regiões do País, com os enfeitados ainda com ariris. “Durante a época de Reis no Maranhão, são feitas queimações de palhinhas de uma planta chamada murta, evento religioso e de cultura popular realizado no Maranhão, marcadas pelo desmonte do presépio que reproduz a cena do Nascimento de Jesus e a visita dos Reis Magos, havendo manifestações folclóricas que representam os pastores, como as pastorais e a dança de reis”, explicou. “A tradição dos presépios, nesta época do ano, se renova em vários pontos da cidade. É o espírito natalino que prevalece!” — arrematou.
Texto: Herbert de Jesus Santos
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