Icatu completou 407 anos de fundação em 26 de outubro de 2021, com programação oficial-festiva organizada pela Prefeitura do município na gestão do prefeito Wallace Azevedo (Republicanos) e olhos voltados para o futuro. Na linha do tempo, a cidade é a segunda mais antiga do estado do Maranhão. Sucede apenas São Luís, a capital. Em linha reta 36 quilômetros separam as duas cidades.


A programação oficial de comemoração de mais um aniversário da cidade, após a alvorado despertadora, teve início em um marco arquitetônico inicial da cidade: a Igreja de Nossa Senhora da Conceição, segundo consta no Dicionário Histórico-Geográfico da Província do Maranhão, de César Augusto Marques (São Luís – 1870) erguida em 1689.


“É com uma imensa alegria que estou aqui para comemorar uma data que não é importante apenas para os icatuenses, mas todo o Brasil. Icatu é uma das cidades mais importantes e mais bonitas do estado do Maranhão e do país”, frisou o governador em discurso para o público presente na praça Jerônimo de Albuquerque.
Parte da programação festiva se desenvolveu na praça Jerônimo de Albuquerque, marco em homenagem ao fundador da cidade, mas se irradiou pelo município inteiro que se destaca no país por concentrar a maior parte da sua população na zona rural. Percentualmente, quase 70 por cento dos habitantes estão fora da sede. Há localidades distantes quase 80 quilômetros da sede.
No futuro próximo a cidade passará a contar com o hospital totalmente reformado, ruas com nova pavimentação, areninha destinada a desenvolvimento de atividades esportivas e o restaurante popular com alimentação a preço acessível e sem, distinção à população. Foram esses os compromissos assumidos pelo governador do Estado, Flávio Dino, com o prefeito Wallace e a população de Icatu.


Com potencial ecológico turístico e histórico destacável, Icatu está localizada no litoral Nordeste do Maranhão. O município é banhado pelo rio Munim e pela baía de São José de Ribamar. A cidade surgiu às margens da baía de São José de Ribamar a partir do forte de Santa Maria. Fundada por Jerônimo de Albuquerque em 26 de outubro de 1614, por determinação do rei de Portugal.
Economia
No passado os batelões e chatas (grandes embarcações nativas da antiguidade que desaparecem com a escassez do material do qual eram feitas) aportavam no porto de Icatu após navegar pelas águas calmas do Munim. As grandes manadas de bois desembarcavam no porto de Igarapé da Fonte Grande.
A população economicamente ativa do município vive até hoje da pescaria artesanal, agricultura familiar e as salinas que ainda resistiram ao tempo.
Cultura


O calendário cultural é repleto de manifestações que permeiam o ano inteiro o cotidiano das pessoas e encantam visitantes. Bumba-meu-boi, Tambor de crioula, festa do Divino Espírito Santo, Carnaval, Dança da Mangaba, Dança da Mina, Dança ou Jornada de São Gonçalo, Festa do Reisado,
As lendas da cavala canga, manguda, mãe, d´água, currupira ouro enterrado, gente que vira porco, soam distantes, mas ainda permanece na memória dos moradores mais antigos de Icatu.


A icatuense Basica Azecedo foi uma das grandes incentivadoras da cultura local. Ficou notabilizada pela montagem de peças caseiras muito apreciadas pelos moradores. Na gestão do prefeito Zozildo Preto, autor da obra “Momentos Culturais – Um misto de religiosidade e prazer na Vila do Icatú – Maranhão”, Basica recebeu a justa homenagem dando nome à Praça Folclórica e Teatro de Rua, à beira do Munim, na sede da cidade.
Marcos históricos e natureza
Consta na história que com vistas a colonizar o Brasil recém-descoberto os portugueses organizaram a Jornada Milagrosa a partir de Pernambuco, com uma esquadra comandada por Jerônimo de Albuquerque. O desembarque das tropas portuguesas em terras do Maranhão aconteceu na baía denominada de Guaxenduba, depois de São José.


Foi nesse local que os portugueses ergueram o forte de Santa Maria sob orientação do engenheiro Francisco Frias, o mesmo que traçou o desenho urbano da cidade de São Luís. No mês seguinte, no dia 19, ali aconteceu a sangrenta batalha desigual: enquanto os franceses partindo de Itapary, na costa de São José de Ribamar, contavam com o reforço de mais de 3 mil índios aliados, os portugueses estavam em número muito inferior.
Mais tarde esse episódio bélico se imantou de lendas como a aparição de Nossa Senhora em socorro aos soldados portugueses feridos de guerra, e no milagre da transformação da areia em pólvora.


A praia de Santa Maria, principal cenário da Guerra de Guaxenduba, é um dos atrativos turísticos da cidade. Os vestígios do Forte de Guaxenduba estão localizados a 30 quilômetros da sede, é um dos mais importantes marco histórico do Maranhão.
Há outros lugares de beleza exponencial que oferecem opção de lazer e contato direto com a natureza, como a Lagoa do Nofre e as ilhas de Itacuruça, Nova, Jerimum e Cangatá.
Festa em parceria com o Governo do Estado
“Não tem sido fácil administrar Icatu. As dificuldades são muitas e as críticas são ácidas e improcedentes”, assinalou o prefeito Walace Azevedo em pronunciamento feito na Câmara na sessão solene pela passagem do aniversário de 407 anos da cidade.
Depois de quase duas décadas lutando para ter o comando da gestão do município, o prefeito Walace acredita que, embora crivado de dificuldades, o momento é oportuno para projetar o município não somente no estado, mas em todo país.


Consciente do enfrentamento da falta de recursos e carências acumuladas, o prefeito buscou apoio do governo do estado para realizar as festividades de aniversário da cidade. Conseguiu a programação musical com a contratação de banda e apresentação de grupos folclóricos.
“Toda essa festa aqui está sendo custeada pelo governador Flávio Dino. Estive com ele e fiz o pedido e agora estou sendo atendido”, afirmou o prefeito para a população que ocupou a praça Jerônimo de Albuquerque. “Não sou irresponsável de fazer despesa quando muito necessitamos de recursos para atendermos nossa população. Sei pedir e por isso fui atendido”, sublinhou.
Intercâmbio com a Europa a partir dos Açores


Na semana passada o icatuense Paulo Matos, assessor especial do Governo do Estado e embaixador natural do município, esteve realizando visita oficial à Ilha de Açores, arquipélago pertencente a Portugal formado por ilhas vulcânicas e de grande potencial turístico. Foram os açorianos os primeiros colonizadores do Maranhão. Os primeiros casais aportaram em São Luís (1619) e também em Icatu, por volta de 1677.
No município do continente, os açorianos além de instalaram a municipalidade com a construção da Câmara Municipal, deixaram marcas como a arquitetura de moradia e suas bandeiras de portas e janelas trabalhadas. Em passeio pela cidade é possível ainda encontrar esses vestígios.
A partir desta passagem histórica, Paulo Matos emplacou tratativas sobre intercâmbio turístico entre Icatu e Açores. Para abril de 2022 está agendada uma visita oficial de autoridades da Ilha de Açores ao Maranhão onde serão iniciados os estudos sobre a geminação de cidades do arquipélago com Icatu. Esse encontro é a continuidade de um grande congresso realizado em 2009, reunindo autoridades do Maranhão e Portugal, em torno das comemorações dos 400 anos da Câmara de São Luís.
“Cidades irmãs são cidades com afinidades históricas que passam a estabelecer parcerias na área da cultura, culinária, arte e também possibilidades de realização de negócios. E é uma porta de entrada para o intercâmbio com a Europa”, explica Paulo Matos.
Solenidade para os cidadãos icatuenses


O deputado federal João Marcelo (MDB) foi uma das personalidades agraciadas com o título de cidadão icatuense em sessão solene realizada na Câmara Municipal de Icatu, uma das mais antigas instaladas no país. A concessão do título de cidadão ao parlamentar maranhense foi projeto do vereador Denilton.
“Fico muito feliz em receber essa acolhida. Só posso prometer continuar sendo amigo dos amigos, dando atenção aos que mais necessitam”, declarou João Marcelo. O parlamentar recebeu o título ao lado de outras pessoas da comunidade como José Ribamar Correia Azevedo, o Zé Merengue, ex-vereador, secretário municipal e empreendedor Merengue, nascido em Axixá. Merengue foi o vereador mais jovem eleito para compor a Casa Legislativa icatuense.
Icatu em 3 por 4
Icatu ou Hycatu – Na linguagem indígena dos tupi-guarani significa “fontes de águas boas”
Arrayal de Santa Maria de Guaxenduba – Foi a primeira denominação Vila de Icatu. O nome foi dado pelo fundador da cidade, Jerônimo Albuquerque.
Vila de Icatu – O lugar assim foi chamado a partir de janeiro de 1688. A confirmação oficial viria por meio da Lei Provincial Nº 7, de 29 de abril de 1835. Mais tarde a vila passaria a se desenvolver na margem direita do Rio Munim por solicitação da Provisão Régia de 1758 aprovada pela Corte Portuguesa.
Divisão administrativa – A partir de 1911, o município se subdividiu em três distrito: sede, Axixá e Salgado. Atualmente é dividido em Icatu e Itapera.
Município – A Lei Estadual Nº 1.139, de 10 de abril de 1924, elevou a vila à categoria de cidade.
Padroeira – Nossa Senhora da Conceição que é homenageada em 8 de dezembro.
População – Pouco mais de 21 mil habitantes.
Território – 1.458 km²
Hino de Icatu – De autoria do ex-prefeito José Maria Matos (Zezinho Matos)
Texto: Henrique Bóis