Pela dureza, sutileza e autenticidade do saudoso autor, que chocou plateias, provocando não apenas admiração, mas também repugnância e ódio pelo seu temperamento polémico, ele não pouparia ou perdoaria o estrategista que orientou equivocadamente o fugitivo a ir para o município do inimigo em Esplanada na Bahia se esconder na sede da polícia vermelha. Talvez até a Esplanada dos Ministérios fosse mais seguro para o esconderijo do meliante.
Muito bem caros leitores e leitoras. A propósito, ultimamente o Planalto vem pautando a imprensa brasileira pobre de notícias. Acabou o jabá, ou seja, a mídia paga. E isto irrita patrões e empregados do ramo. Em frente ao Palácio da Alvorada todos os dias o Presidente Bolsonaro, dá entrevistas polêmicas, pinta e borda e a semana fica recheada de pontos e contrapontos.
O caso de destaque na semana que termina foi a morte do Capitão Adriano, miliciano, expulso da Polícia Militar do Rio de Janeiro por envolvimento com o jogo do bicho.
Segundo notícias veiculadas na grande imprensa o de cujus tinha trânsito livre na família Bolsonaro a ponto de ser homenageado com recebimento de medalha no passado, mesmo estando preso ou condenado, salvo engano, por um dos filhos do presidente na Assembleia Legislativa do Rio de Janeiro.
Procurado pela polícia carioca Adriano se refugiou no Estado da Bahia, precisamente em uma fazenda e no último dia 09 deste mês (fevereiro), numa operação mortal e incompreendida A foi morto, segundo o IML baiano, por tiros disparados a pelo menos um metro e meio de distância.
A celeuma da morte de Adriano acabou causando um bate boca público entre o Governador petista da Bahia e Jair Bolsonaro. Há suspeitas de que o ex capitão fora torturado e executado. As circunstâncias dos disparos e a dinâmica do crime estão sendo investigados sob orientação de um representante do Ministério Público. Não se falou até agora em perícia técnica da operação, tampouco na reconstituição do embate que teria ocorrido. No auge da tecnologia nenhum dos cerca de oitenta policiais militares empenhados na missão filmou a desastrosa operação.
O certo meus amigos é que a operação policial fugiu a todos os padrões técnicos que as polícias do mundo todo seguem em situações similares. No caso em comento eram cerca de setenta e cinco a oitenta policiais militares que tentavam prender uma única pessoa. A regra em situações dessa natureza é não ter pressa. O processo técnico é desgastar o alvo que seria o capitão Adriano, até cansá-lo e capturá-lo vivo. Mas há controvérsias sobre os fatos.
Eis aí leitores a grande questão e discussão no país. A quem interessava encontrar o ex oficial vivo ou morto? Ora, ao governo petista baiano interessava colher algum depoimento que incriminasse a família Bolsonaro e até o presidente para depois estampar na imprensa. Neste sentido a linha de uma possível tortura com resultado mal sucedido pode ter sentido. Mas carece de investigação.
E a polícia do Rio de Janeiro? Qual era a missão? Evidentemente que pela lógica deveria levar o morto vivo, uma vez que o mandado de prisão fora expedido pela justiça do Rio. E o capitão estava sendo investigado por uma força tarefa, já que era o elo principal entre Queiroz e Flavio Bolsonaro em negociatas possivelmente ilícitas no poder legislativo.
O que este leitor não conseguiu entender é o presidente Bolsonaro dizer que vai pedir perícia independente, já que ele não é parte legítima na investigação. O que ele quer provar?
O Ministério Público da Bahia pediu que a justiça determine a Perícia Técnica que seja determinado novo exame de natureza necroscópica e que os peritos apontem no laudo a direção que os projeteis percorreram no corpo, o calibre das armas usadas nos disparos, a distância entre os atiradores e Adriano e outras informações que considerem relevantes.
A propósito, o que chama a atenção deste articulista e que não foi ventilado por ninguém é o fato da operação não haver sido comandada por um delegado de polícia, de preferência o presidente das investigações e um promotor do GAECO do Rio de Janeiro que compõe a força tarefa.
MOZART BALDEZ
Advogado
Presidente do SAMA