O Batalhão do secular Boi da Madre de Deus sofreu uma baixa considerável, com o falecimento, na manhã de 23.2.2021 (terça-feira), de Benedita Carvalho (Bita), vítima de infarto, em sua residência no Angelim. Seu corpo foi velado na sede do Boi da Madre de Deus e enterrado no Cemitério do Gavião, na tarde da quarta-feira. Era filha de Toinho Roxo, legendário vaqueiro do Boi de matraca secular do bairro e pandeirista famoso da Escola de Samba Turma do Quinto.


Originada de uma casa de sambistas madredivinos, bem jovem, foi baliza (precursor do passista) da Turma do Quinto, como no samba-enredo dos 50 anos, de autoria de Henrique Reis (Mestre Sapo), valorizando o carnaval do Maranhão; no Batalhão do Boi da Madre de Deus, índia de destaque. Ultimamente, sem perder a abnegação pela tradição cultural mais antiga, cuidava das roupas de pena da trincheira dos caboclos reais e das índias; e era costureira das fantasias do bloco Fuzileiros da Fuzarca. Deixou filhos, que vieram de Turiaçu (MA) e de Brasília (DF), para assistirem ao seu velório e sepultamento.
O passamento de Bita ensejou lembranças de filhos do bairro notáveis: O compositor, produtor cultural e artista plástico Magno Gérson Silva (Gersinho Silva) recordou que seu tio por parte de mãe, Manoel da Paciência Nogueira (Manoel Pinto, nome inesquecível do Boi da Madre de Deus, e irmão mais novo do não menos Hermenegildo Tibúrcio da Silva-Tabaco), costumava chamar o pai de Bita, Toinho Roxo, de “Boêmio da Vila”, por trajar-se de calça e camisa branca na goma, quando ia, justamente, para a pândega. Visão que teve, o jornalista, poeta, prosador, compositor e folclorista Herbert de Jesus Santos (Betinho): Seu pai, Felipe Nery dos Santos (Filipão), pescador requisitado, na praia da Vila, também era parceiro, que ninguém era de ferro, de Toinho Roxo, na Turma do Quinto, em que foi chefe da batucada, e no Boi da Madre de Deus e nas pagodeiras. Herbert, por sua vez, rememorou: “Quando Filipão faleceu, no 1.º de janeiro de 1966, foi Toinho Roxo que levou a bandeira da escola de samba para cobrir seu caixão, numa comissão liderada pelo presidente Nazinho Neves, com Tabaco, o compositor Luiz de França e os batuqueiros mais moços Joel de Cesário e Antônio Félix Moreira (Bruxela), e colegas da Comissão Organizadora da Festa de São Pedro; ali, uma vaquinha solidária arrecadada na reunião dos sambistas, na manhã de Ano-Novo, na sede da casa de D. Bibica, no Largo da Av. Ruy Barbosa, foi entregue para a viúva, Minha Mãe (D. Dora). Por essas e por outras, não deixo de prestar atenção ao Boi da Madre de Deus, Turma do Quinto e à Festa de São Pedro!”
Texto: Herbert de Jesus Santos