Folguedos são festas populares de espírito lúdico que se realizam anualmente, em datas determinadas, e algumas têm origem religiosa, católica e, ao mesmo tempo, folclórica, como é caso da Festa de São Pedro, no Bairro da Madre de Deus, em São Luís, com bumba-bois, em louvação ao santo, no amanhecer de 29 de junho, no largo da capela, procissão marítima, às 14h, seguida da terrestre, às 16 h, e missa campal, às 18h. Acontecendo há 83 anos, neste ano, pela primeira vez, atrações folclóricas e shows de grupos artísticos e cantores nativos começaram a movimentar o Arraial do Pedro Santo, desde a noite de 20 de junho, quando iniciou a novena que é a reza de um conjunto de orações, durante nove dias. Está mesmo quanto no samba-de-enredo da Escola de Samba Turma do Quinto, no carnaval de 1995, Festança na Madre de Deus, Aurora da Vida, de autoria de Luiz Bulcão, José Pereira Godão e Herbert de Jesus Santos: “Da Rampa Velha que eu fiz/continua firme a Madre Deus/E pelo meu Santo, eu fiz o meu canto/com uma luz a clarear/Lá no altar, azul e branco é poesia./Vou festejar, soltar toada é minha fantasia!/Manoel Pinto traz teu boi,/vem guarnece aquilo tudo que não foi!/ Bumba Ilha vadiar: zabumba, Pindaré e Axixá!/ Olha, já rompeu aurora, a maré tem hora, paga a tua promessa/Toca o sino, Marcela, solta foguete, Seu Doca,/Filu enfeita o santo, Pureza sorri como o céu:/é de tirar o chapéu, a Madre Deus já vai saindo em procissão!/Glorioso, Senhor São Pedro, ó Patriarca do Mar/, dê mais luz aos nossos sonhos,/tua festa eu vou guardar!(…)” E de Bulcão, para o Bloco Organizado URTA, no carnaval de 1979, e em alusão a que a Barragem do Bacanga, em 1970, sumindo a Praia da Madre de Deus, forçou a ida de muitos dos nossos, nascidos no bairro, para o Anjo da Guarda, e ficou a procissão reunindo todos nós: “A minha vila é um pedaço de céu no chão!/É tradição que o novo tempo modificou/: A Tabatinga, a escadaria e a Rampa Velha, tudo é nostalgia!/Do lado de lá,/um anjo guarda aquela gente,/o pescador é guerreiro, no mar, contra a corrente!/A procissão vai saindo, não morreu:/continua unindo toda a Madre Deus!(…)”


Novena com atrações folclóricas
Na segunda-feira (26.), além da santa missa, a partir das 20h, fazendo estreia no espaço, houve exibição da Cia. Guarnicê, show de Vicente Melo, Gabriel Melônio e Boi da Mocidade de Rosário; dia 27: Cia. Barrica, Boi Brilho da Mocidade, Boi da Maioba e Boi Novo Capricho; dia 28: Boi de Umberlino Cururupu, Cofo de Sotaques, Boi Unidos de São Bento e Boi da Pindoba; Dia de São Pedro (29) de madrugada ao amanhecer: encontro de bumba-bois; 11h: saída da imagem para a Rampa Campos Melo; 13h30min: procissão marítima, 16h: procissão terrestre, com saída da Rampa Campos Melo; e às 18h: após a chegada do cortejo: missa campal no Largo de São Pedro.


Parceiros: Iate Clube e Manoel Ribeiro
Em se tratando da procissão marítima, este jornalista, poeta, prosador e folclorista, em colaboração à comissão organizadora, adiantou que o ex-deputado Manoel Ribeiro, que há 50 anos participa da Festa de São Pedro, irá no seu barco Kaio Jorge e que a lancha Bahia Star, do seu irmão Afonso Ribeiro, levará de novo o andor do santo pela Baía de São Marcos. Herbert ressaltou: “Fui na manhã de domingo passado, com o guia de Turismo e poliglota Simão Cireneu Ramos, para falar, no Iate Clube, com Sérgio Marques, presidente da AVEN (Associação de Vela e Esportes Náuticos do Maranhão), que não se achava, ou já havia passado, ali, e que engrandecerá o cortejo marítimo, com mais associados, levando-se em conta sua presteza ao evento nos anos anteriores!”.
O apogeu do festejo junino


Num panfleto de 25.6.1991, a então Empresa Maranhense de Turismo (Maratur) enfocou que “Na véspera de São Pedro (28 de junho) é quase um pecado se ficar em casa, enquanto a cidade se diverte, ao som de quadrilhas, tambor de crioula e outros grupos folclóricos que fazem a festa, e depois se dirigem para a Madre de Deus, o mais tradicional bairro de São Luís, para ver a concentração de bumba-meu-boi, que na ocasião se dirigem em massa para o bairro a fim de pagarem suas promessas”. Mais adiante, o informativo destacou que “Pescador humilde, São Pedro ficou na história como Padroeiro dos Pescadores, Chefe dos Apóstolos e primeiro Papa e Bispo de Roma. Em São Luís do Maranhão, a festa começa no dia anterior e entra pela madrugada, quando a Madre de Deus abre suas portas e é literalmente invadida por fiéis, brincantes e grupos folclóricos”.
Espetáculo inesquecível


Na parte que toca em visitantes da cidade e seus atrativos, o comunicado realçou que ”O espetáculo da festa é inesquecível e uma imagem marcante é das proximidades do Hospital Geral, no final da Rua São Pantaleão, e onde pode se ver, lá embaixo, cercado por duas ladeiras íngremes, o arraial completamente lotado. .É um verdadeiro mar de cabeças, de chapéus de pena e fitas dos brincantes de bumba-meu-boi, de roupas coloridas e barracas de palha, numa festa que não tem hora para terminar. O espetáculo torna-se mais atraente quando dia amanhece e pode-se ver ao fundo as águas do Rio Bacanga cortadas pela barragem do mesmo nome.”
O ponto máximo


Conclui assim o folheto, com muito conhecimento: “Mas o ponto máximo da festa, cujo objetivo principal é o pagamento de promessas, acontece com a saída da procissão marítima, que, atualmente, parte da Rampa Campos Melo, para a Baía de São Marcos, em horários determinados de acordo com as marés. A imagem do santo é levada até o local de carro, posto na parte superior de uma embarcação, de maneira que possa ser vista por todos; após o trajeto retorna ao local de partida, voltando para a Madre de Deus, em procissão a pé!”
Texto: Herbert de Jesus Santos