Já em fase adiantada dos ensaios, no Teatro Itapicuraíba, o Grupo Grita vai encenar, na Via-Sacra, nos dias 17 e 18 de abril, pelas ruas e avenidas do bairro, o espetáculo Da Poeira aos Palcos: Um Diálogo Entre os Territórios.
O espetáculo Via-Sacra foi concebido no ano de 1981, com o objetivo de traduzir o sentimento libertário da Paixão de Cristo para a população, pelo idealismo de jovens artistas, como Gigi Moreira, Cláudio Silva e Zezé Lisboa, contando, na trajetória, com outros alterosos, que nem o professor e ator Nathan Máximo. Para dar mais força ao sucesso, centenas de moradores do Anjo da Guarda e região colaboram com a execução da peça, entre atores, produção e equipe técnica. A montagem percorre cerca de 2 km de ruas do bairro, com atos encenados em várias localidades.
Vale a pena repetir que o espetáculo da via-crúcis, que retrata os últimos momentos de Jesus na Terra, é interpretada por um elenco formado por atores da própria comunidade e que todos os anos atrai milhares de pessoas vindas de todo o Estado e que comemoram sempre a dramatização realizada a cada ano.
A origem num incêndio
O Bairro Anjo da Guarda foi originado de um incêndio ocorrido em 14 de outubro de 1968, nos casebres das palafitas do Goiabal, na adjacência da Madre de Deus, quando houve o traslado dos afetados para aquele lugar.
Como lembra o jornalista e escritor Herbert de Jesus Santos, que acompanhou o episódio e os primeiros remanejados, pelo Clube de Jovens da Madre de Deus em que, estudante do Liceu, era ativista. Consoante ele, foi criada às pressas uma estatal CETRAP (Companhia Estadual de Transferência de População) com que os pioneiros chegaram em caminhões, indo pelo Maracanã, por não existir a Barragem do Bacanga na época. Herbert esclareceu: “Só havia no Anjo da Guarda o Colégio Japi-Açu, e as casas, perto da Praça da Ressurreição, atualmente, não tinham um mínimo de conforto, vindo a melhorar alguma coisa, com água encanada e luz elétrica, em meados de 1969. Já calejado nessa peleja, com a construção da Barragem do Bacanga, em abril de 1970, acabando com a Praia da Madre de Deus, onde ficava minha casa paterna, ao lado da Capela de São Pedro, foi a vez de eu acompanhar minha mãe (viúva) e meus irmãos para barracos de palha, quanto centenas de outras famílias removidas! Está tudo no meu 11.o livro, Um Terço de Memória, Entre Capela da Onça e os Heróis do Boi de Ouro (A História de Fato e de Direito do Bairro Anjo da Guarda)!”
Edição: Redação JP Turismo