A pandemia do coronavírus impôs duro revés à indústria do turismo em escala global. Dados de julho da Confederação Nacional do Comércio de Bens, Serviços e Turismo (CNC) sinalizam que o setor acumula queda de R$ 182,86 bilhões no faturamento desde o início da pandemia. A expectativa é que o ano feche com perdas perto de 40% com relação a 2019 e perspectiva de retorno aos níveis de antes da pandemia apenas no terceiro trimestre de 2023.


polos turísticos do estado – Foto: Divulgação
Com esse cenário, o setor foi obrigado a se reposicionar adotando novas relações de consumo e de experimentação do produto turístico. Entre essas, está a valorização do turismo interno, de atrativos e equipamentos localizados nas proximidades do local de residência do viajante, em um eixo de até 300 Km, com segurança e facilidade de acesso.
Vantagens para fomentar o turismo interno – É nesse contexto que se coloca uma iniciativa do Sebrae no Maranhão, organizada em parceria com entidades de classe do setor (Associação Brasileira da Indústria de Hotéis – ABIH/MA; Associação Brasileira de Agências de Viagens – Abav/MA; Sindicato das Empresas de Hospedagem e Alimentação – Sehama; Associação de Bares e Restaurantes da Avenida Litorânea – ASLIT; Associação Brasileira de Bares e Restaurantes – Abrasel/MA e Sindicato de Bares, Restaurantes e Similares – Sindibares) – um Clube de Vantagens, que surge como uma estratégia para dinamizar os negócios do trade na retomada.


O Clube tem como objetivos fortalecer o turismo interno, divulgar equipamentos e produtos turísticos do entorno, focando nos próprios maranhenses e ludovicenses, que muitas vezes não conhecem os atrativos ou produtos turísticos das proximidades de seu local de residência. A iniciativa abrange, em princípio, o Polo São Luís e se inscreve entre as ações de responsabilidade do Sebrae no Plano Avança Maranhão, de apoio às empresas do turismo na retomada pós pandemia.
Adicionalmente, espera-se que a iniciativa contribua para ampliar a carteira de clientes das empresas participantes e o fluxo de vendas e, ainda, para elevar o movimento de visitantes no Polo São Luís, especialmente dos maranhenses, com reflexos para a lucratividade das empresas e geração de negócios neste momento de reposicionamento de mercado.
“Com a pandemia, vimos que o turismo no entorno, nas proximidades do local de residência do viajante, ganhou ênfase, tornando-se uma estratégia interessante. O Clube surge para fortalecer e fomentar essa alternativa, dando oportunidade para que as pessoas possam desfrutar de destinos e equipamentos em suas proximidades. Com essa iniciativa, agrega-se valor a esse fluxo, a partir das vantagens ofertadas pelas empresas integrantes do Clube. Então, com o mote de estimular as pessoas a visitarem esses locais, estamos apoiando as empresas com uma alternativa que vai ajudar muito a melhorar a lucratividade de seus negócios e, ao mesmo tempo, estimulando o maranhense, o ludovicense, a desfrutar dessa possibilidade, de conhecer e vivenciar esses atrativos”, explica a analista técnica do Sebrae e gestora do projeto Turismo Criativo no Polo São Luís, Shamia Renata Coimbra.
Projeto piloto – O projeto piloto abrange, inicialmente, de 20 a 30 empresas do Polo São Luís como ofertantes de benefícios. São empresas como bares, restaurantes, hotéis, pousadas, agências de viagens, motéis, hostels e albergues. Posteriormente, deve se expandir para outros ramos, contemplando negócios ligados direta ou indiretamente à cadeia do turismo. Os empreendimentos estão sendo mobilizados pelas entidades de classe e, com o apoio de uma consultoria viabilizada pelo Sebrae, estão sendo identificadas as vantagens a serem oferecidas, além de captação, na outra ponta, dos beneficiários dessas vantagens.


“Em um primeiro momento, vamos atuar no piloto com empresas do polo, captadas com a ajuda das entidades de classe, junto às quais estão sendo levantadas as vantagens que podem oferecer. E, paralelamente, temos uma consultoria trabalhando para identificar empresas e corporações (grandes empreendimentos, com alto número de colaboradores) que podemos atingir, na outra ponta dessa relação de consumo do Clube de Vantagens”, frisa Shamia Renata Coimbra.
Ao focar corporações que tem um grande fluxo de funcionários que se deslocam entre filiais localizadas no polo São Luís e permanecem nessas localidades nos finais de semana, as vantagens oferecidas pelas empresas do Clube podem significar também oportunidade para que esse público e suas famílias, que às vezes moram em cidades próximas, possam usufruir nos finais de semana, ou mesmo em pequenas viagens de férias para conhecer atrativos do polo.


Após a validação do projeto piloto, nos próximos meses, a iniciativa prevê uma segunda etapa, com a expansão do Clube de Vantagens para a comunidade em geral – turistas e clientes finais do trade – e para outros polos de Turismo do estado. Segundo Shamia Renata, nesta fase inicial de captação das empresas interessadas em participar do Clube já há sinalizações de interesse de empreendimentos dos polos Lençóis e Chapada das Mesas, o que sugere que a iniciativa tem grande potencial para se tornar uma estratégia de mercado interessante. “Nesta primeira etapa, estamos trabalhando para viabilizar a adesão de empreendimentos do Polo São Luis e esperamos que, com o decorrer da iniciativa, outras empresas percebam a boa oportunidade e se engajem no Clube”, acrescenta a gestora.
Iniciativa deve fomentar negócios
Embora a Pesquisa Mensal de Serviços (PMS) do Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE) já aponte um crescimento da atividade turística de 4,8% em julho ante o mês de junho, configurando a terceira alta seguida desde o início da pandemia, o ganho acumulado de 36,1% ainda está longe de se contrapor à queda de 68,1% nos meses de março e abril, que resultou no fechamento de quase 450 mil empregos formais no setor. Daí a importância de iniciativas como o Clube de Vantagens e da aposta no turismo interno.
Para o gerente da Unidade Regional do Sebrae em São Luís, Mauro Ribeiro Formiga, ao fomentar o turismo interno, essa iniciativa deve contribuir significativamente para a melhoria dos negócios e para o início da recuperação de postos de trabalho fechados com a pandemia.


“O Clube tem potencial para gerar um movimento que deve se traduzir em incremento no desempenho das empresas na recuperação pós-pandemia, já que o turismo foi um dos setores mais afetados com a crise. Esse movimento também vai contribuir para divulgação e promoção e no acesso a equipamentos e atrativos que estão no nosso entorno e que, muitas das vezes, não são conhecidos por nós mesmo, ludovicenses e maranhenses. As ações vão fortalecer o Polo São Luís, podendo ser replicadas nos outros polos trabalhados pelo Sebrae no estado, sendo uma estratégia concreta para a geração de negócios, melhoria da lucratividade das empresas e recuperação de postos de trabalho”, analisa o gerente.
Texto: Laurene Leite