“Os ludovicenses dizem, orgulhosamente, que quem dorme em São Luís, amanhece poeta. É um exagero, uma hipérbole, mas tem lá uma relativa verdade. A Ilha do Amor é, de fato, um celeiro de poetas. E, na quantidade existe muita qualidade, ao nível dos melhores poetas do Brasil. Nenhuma cidade brasileira possui tantos bons poetas quanto São Luís do Maranhão, vivos ou já imortalizados. Acho que temos um pouco do espírito contemplativo dos antigos gregos, influenciados pelo vento, o mar, a maresia e os crepúsculos. Aliás, dizem, também, que a alma dos são-luisenses se alimenta de crepúsculos e poesia. Então, nada mais pertinente e poético do que se criar no coração do nosso Centro Histórico, Patrimônio Cultural da Humanidade, a Praça dos Poetas. Essa boa ideia, já aplaudida pelos ludovicenses, só enriquece a nossa identidade com a poesia, símbolo que nos envaidece e que nos faz merecer o título de Atenas Brasileira.”


Com a aquiescência dos rigorosos críticos de plantão, que vão ruminar e engolir em seco essa ousadia jornalística numa introdução extensa e muito mais bonita (Em jornalismo, o lide, do inglês “lead”, é a primeira parte de uma notícia, geralmente, o primeiro parágrafo com duas linhas posto em destaque), valho-me deste entrecho do poeta Alex Brasil, meu camarada egresso da Faculdade de Comunicação Social (Jornalismo e Publicidade) da UFMA, membro da Academia Maranhense de Letras, para fazer de todos nós estas preciosidades vernaculares e dar as boas-vindas à Praça dos Poetas, para que seja do pertencimento das gerações porvindouras. Parafraseando Gonçalves Dias, quando menos para os meus conterrâneos de procriações mais próximas à minha, não pestanejarei em lhes orar tete-a-tete: “Meninos, eu vi”!
Aliás, para não perder a viagem, na manhã de ontem, já dei o brado de protesto, ao ver, na entrada do monumento memorável, uma selva de carros de todas as marcas e tamanhos, fazendo um estacionamento bagunçado, empatando a nossa passagem, no que fui considerado pelo gari da prefeitura Francisco Correia dos Santos, de 54 anos, natural de Urbano Santos e há 10 em São Luís: “Moço, eles empatam tudo de bom; o ingresso na beleza dessa praça e a minha limpeza, aqui!” — reclamou e eu me fiz caixa de ressonância dele, para as autoridades competentes, se não estão entre os errados, tomarem as devidas providências.


A Praça dos Poetas, Bem da Atenas Brasileira — Quando o contatei ao telefone, na manhã de ontem, o premiado romancista, novelista e contista Lucas Baldez demonstrou sua maranhensedade à flor da pele e assinalou que falava pelo coração com a boa-nova lida, nos matutinos, e assistida em telejornais: ´”É um espaço, além do mais, muito aconchegante, e para unirmos o útil ao agradável, como apreciar uma paisagem que só fará bem aos olhos, da nossa cidade linda, e realizarmos lançamento de nossas obras”! Lucas Baldez teve logo a sua apreciação reforçada pelo jornalista, poeta e prosador de mão-cheia JM Cunha Santos, ao ser sacudido com a zoada do meu celular e minha identificação, e do assunto e da pergunta: “Meu poeta, esse logradouro aprazível será uma revigoração da nossa concepção de Atenas Brasileira, que você, quanto o saudoso ensaísta e editor Jomar Moraes, defendem muito a contento, qual você escreveu bem e bonito no Sotaque da Ilha retrasado. Agora, ficaria tudo muito melhor, para a Inteligência e Cultura, se as autoridades competentes retornassem, quando menos, com os certames havidos, e o último, o Concurso Literário e Artístico Cidade de São Luís, da prefeitura, foi mandado, infelizmente, para o espaço!”


Aonde iremos prestigiar a literatura, bom papo e o memorial — Localizada no Centro Histórico de São Luís, na esquina da Av. D. Pedro II com a Rua Newton Bello (Montanha Russa), está a Praça dos Poetas que o Governo do Maranhão entregou à Capital maranhense. No espaço, existiu um sobrado colonial entre o século XIX até meados do século XX, vizinho à antiga casa de Ana Jânsen. A Praça conta com um mirante e, no trajeto até ele, são homenageados 10 autores (poetas e prosadores) da terra: Ferreira Gullar, Catulo da Paixão Cearense, Nauro Machado, Sousândrade, Bandeira Tribuzi, José Chagas, Gonçalves Dias, Maria Firmina dos Reis, Dagmar Destêrro e Silva e Lucy Teixeira. O espaço tem ainda quiosques, banheiros públicos e tratamento paisagístico, além de detalhes arquitetônicos que remontam o colonial e o moderno. A obra integra o Programa Nosso Centro, do Governo do Estado, e faz parte de um amplo programa de requalificação da cidade antiga, por meio de ações como o Programa de Revitalização do Centro Histórico da Prefeitura de São Luís, financiado pelo Banco Interamericano de Desenvolvimento (BID), e o PAC Cidades Históricas, do Governo Federal/IPHAN.
Texto: Herbert de Jesus Santos