Sem perder tempo, em vista do declínio da pandemia da Covid-19, a diretoria da Escola de Samba Turma do Quinto anunciou, em 26 de agosto, o tema do seu enredo ao carnaval de 2022: O cantor e compositor maranhense Josias Sobrinho, que, na celebração de 50 anos de carreira, terá sua vida e trajetória artística decantadas na Passarela do Samba Chico Coimbra. O evento oficial de lançamento foi no primeiro sábado de setembro, na quadra da agremiação, na Madre de Deus, quando o homenageado foi recepcionado pelo presidente, Lílio Guega, e colegas dirigentes, numa cerimônia prestigiada pelo secretário de Estado da Saúde, Carlos Lula. Não lhe faltariam seus chegados nos diversos ramos culturais: Cantores e compositores Joãozinho Ribeiro, Chico Saldanha, Zé Pereira Godão (Bicho-Terra e Boi Barrica), Vandico (Turma do Vandico), Wellington Reis, Neto Peperi (que comandou roda de samba com a bateria da TQ, do mestre John, e canto de Alessandra Loba, Wellington Xororó e Silvestre Durans);Toninho Dantas (Grupo Piaçaba), Miguelzinho, presidente do Boi da Madre de Deus; Jorge Coutinho, do bloco Cobras nas Estrelas; Jeovah França (Sambista Caroçudo); Cecéu (Bloco Dragões da Madre Deus); este repórter; e o presidente da Favela do Samba, jornalista Euclides Moreira; e o jornalista Joel Jacintho. Foram sentidas as ausências dos compositores de mão-cheia Cesar Teixeira e Luiz Bulcão e do querido cantor Gabriel Melônio, certeza de que estarão no próximo encontro. A composição que a TQ levará à avenida sairá em outubro.
Ao microfone, Josias assinalou que a homenagem “São duas grandes referências para mim, meu trabalho, minha vida. Completar cinquenta anos de imersão musical e receber da Turma do Quinto um carnaval de presente, são coisas que nenhum cartão de crédito pode pagar”! Revelou que chegou à Turma do Quinto e ao Boi levado por Cesar Teixeira, companheiro musical no início do Laborarte, em 1972. Fechou com ouros: “Teremos o primeiro carnaval após a pandemia. Esses dois anos sem um terreiro ardendo em luas e matracas, um ano sem a alegria indispensável de fofões e pungadas só confirmaram como nos orgulham essas verdades. A cultura que nossos antecessores nos doaram nos faz muita falta! Precisamos disso para viver!”
Já Lílio Guega, fiel ao seu estilo: “Celso Brandão começou aqui, passou anos em outras quadras, e voltou apontando um grande tema para samba-enredo, sem dúvida!”— enfatizou por todos colegas de diretoria da sua satisfação pela Turma do Quinto levar Josias Sobrinho para a avenida. Por sua vez, Celso Brandão, diretor de carnaval: “Josias é de um talento extraordinário, com uma capacidade de encontrar harmonias, letras e melodias perfeitas. Traz em suas obras o Maranhão de forma muito marcante; é um querido, de uma trajetória valorosa da nossa cultura musical, então estava mais que na hora da agradecê-lo, sendo enredo da Turma do Quinto, que é sua escola do coração!”
“Aos 68 anos, Josias Sobrinho carrega em sua obra a poesia, a cultura e a beleza da natureza nordestina, sempre expressando nos seus versos, de forma bem peculiar, a simplicidade da nossa gente!”— analisaram.
Meu agradecimento a Josias Sobrinho — Ao cumprimentá-lo, com De Cajari pra Capital, estamos aqui, pode contar conosco!, eu o tratei como há muito tempo, desde as reportagens jornalísticas, fã em seus shows e cricri na solicitação para ele ajudar o secular Boi da Madre de Deus em exibições amiúde no Largo de São Pedro, com outros parceiros contumazes: Cesar Teixeira, Chico Saldanha e Joãozinho Ribeiro, que, quando secretário de Estado da Cultura, viabilizava palco e som. Repito para não reprisarem a calamidade: Ao assumir a presidência, com outros abnegados, em 2007, retirei o brinquedo centenário de um atoleiro de dívidas, com muitas contas de água e luz atrasadas; contraí empréstimo numa financeira gerenciada por Antônio Henrique, filho do jornalista Marinaldo Gonçalves (quitado com os cachês das chamadas do Boi) e restaurei a sede; cimentei o quintal; comprei refrigerador, fogão industrial; mandei fazer roupas de fita; e com aquisição de matéria-prima para as de seis caboclos de pena; e fechei a prestação de contas de dois anos de mandato, com festas da morte com muita comedoria.
Meu agradecimento a Godão — O compositor Zé Pereira Godão falou comigo, após muitos anos, e ficou mais engrandecido com elogios a mim, que agradeci e selou a reaproximação com um aperto de mão. Lembrei-me depois de Luiz de França, compositor legendário da Turma do Quinto e querido amigo do Meu Pai (Felipe Nery dos Santos-Filipão), quando este, diretor de bateria, e aquele, ás da cabaça, e foi como compusera o inesquecível samba que marcou o Jubileu de Prata da agremiação gloriosa: “Fica 25 abençoado, já passou para nós é a maior glória!/Deus abençoe a nossa união/, vamos partir para uma nova história!/Salve a nossa escola de samba,/salve o nosso samba brasileiro!/ Na base da cuíca e do pandeiro,/é por isso que o Quinto,/em batuque, é o primeiro”! Não faltou o de Cristóvão (“Tá fazendo 25 anos que eu desfilei pela primeira vez! Tá fazendo 25 anos que eu vou contar pra vocês!(…)” Ali, ele saudava a chegada de novos compositores, que marcariam época, no Quinto, da altura de Paletó (Raimundo Costa) e Henrique Reis (Mestre Sapo). Era o carnaval de 1966, que não teve Filipão, falecido no Dia do Ano-Novo, com que seus colegas de diretoria, por inspiração do presidente Nazinho (Anacleto) Neves, exibiam uma tarja preta na gola da fantasia, no desfile. Cristóvão me emocionaria tempos depois, eu o entrevistando para O Imparcial, em busca de um fato inusitado da escola de samba nascida em alusão ao 5.º Batalhão Naval, sediado no Hospital Geral, na 2.ª Grande Guerra, e ele em cima da bucha: “Betinho, num concurso difícil, na Praça Deodoro, reforcei com os batuqueiros o pedido do teu pai, e falei Seu Felipe, agora tome as providências! Foi a conta! Com a Deodoro levantada de aplausos, o Quinto de novo campeão! Foi antes daquele samba O presidente pede força de vontade, pois vai haver mais um concurso na cidade!(…)”
“Ninguém se perde no caminho da volta!” — Estou, publicamente, falando da minha satisfação em voltar a conversar com Godão, parafraseando José Américo de Almeida, escritor paraibano, que cunhou “Ninguém se perde no caminho da volta, porque voltar é uma forma de renascer”! Em outras palavras, o bendito de Luiz de França: “Deus abençoe a nossa união! Vamos partir para uma nova história”! Cristóvão, no também azul-celeste, arremataria com seu mais famoso bordão: “Eu acho é bom”! Também acharão assim as minhas filhas (que chamam Cesar Teixeira de tio, desde pequenas, pois sempre tratado de irmão por mim, e cada nascimento delas foi comemorado com roda de samba nossa) e que sempre nos viram também perto de Godão e Bulcão, na Madre de Deus; se depois com pendências, eles não disfarçaram, ao contrário dos possessos, na penumbra raivosa, que há muito me prejudicam com tramas sórdidas, até literariamente, extinguindo concursos, para eu não ganhar possibilidade de publicar meus livros. Por coincidência, desde 2012 estou com muitas obras inéditas! Já sabem, porém, que combato o bom combate, à luz da razão, a um passo de preciosas e justas vitórias!
Composição da diretoria da Turma do Quinto: Lílio Guega (presidente), Silvestre Durans (vice), Albino Aranha (tesoureiro), Antônio Bumbunga (2.º tesoureiro), Marcos Assunção (secretário), Tereza Cristina (vice-secretária), Celso Brandão (diretor de carnaval), Washington Coelho (carnavalesco), Gersinho Silva (diretor de divulgação) e Madison Peixoto (diretor de harmonia). Muitos sucessos para a nova direção da Gloriosa!
Texto: Herbert de Jesus Santos