O movimento do trovadorismo no Maranhão ganha novo fôlego com a reativação da Academia Maranhense de Trovas (AMT), que tem como patrono o escritor, poeta, jornalista e educador, Carlos Cunha.


A AMT foi reativada na semana passada, durante Assembleia Geral Extraordinária realizada na Academia Luminense de Letras, em Paço do Lumiar, onde funcionará a sede provisória.
“Queremos fundir o passado e o presente para que o futuro seja de prosperidade para a Trova no Maranhão”, afirmou a escritora e jornalista Wanda Cunha, filha do poeta, jornalista e escritor Carlos Cunha abriu os trabalhos da Assembleia para a reativação da AMT, que renasce depois de quase três décadas de inatividade.
A Academia Maranhense de Trovas (AMT) foi fundada em 1968 pelo educador, jornalista, poeta e escritor maranhense, Carlos Cunha, juntamente com outros trovadores da época. Com a morte prematura de Carlos Cunha em outubro de 1990, a academia adentrou um processo de inatividade.
Cerca de 30 anos depois, a academia ganha vida nova, pelas mãos da escritor e jornalista, Wanda Cunha, filha de Carlos Cunha, atual delegada da União Brasileira de Trovadores em São Luís, juntamente com trovadores da atualidade.
O projeto de reativação da AMT conta com o apoio do poeta e produtor cultural Paulinho Dimaré e das jornalistas Franci Monteles e Yndara Vasques. Integra as ações de resgate da memória da vida e obra de Carlos Cunha, artista múltiplo, que em outubro completará 31 anos de falecido. O movimento conta também com o apoio da Academia Luminense de Letras, onde funcionará a sede provisória da AMT.
Para o presidente da Academia Luminense de Letras, Antônio Ferreira, a reativação da Academia de Trovas representa a expressão emblemática da trova no Maranhão. “A literatura maranhense precisava desta revitalização. Já temos quase 30 trovadores para a nova academia, mostrando que a trova ainda está viva e, assim, vamos continuar o trabalho que Carlos Cunha deixou. O trovador é um menestrel, o cantador da arte, do amor, da tristeza e da alegria”, observa Antônio Ferreira.
A Jucey Santana, presidente da Federação das Academias de Letras do Maranhão (Falma) destacou que as academias são eternas. Por esta razão, a reativação da Academia Maranhão de Trovas é muito importante para a literatura do Maranhão. “A Falma abraça este projeto de reativação da academia fundada por Carlos Cunha”, disse Jucey Santana.
Para a presidente da Associação Latina de Cultura, Dilercy Adler, este é um momento histórico e afetivo também. “. Carlos Cunha foi um artista múltiplo que, muito inteligente, deixou seu legado na intelectualidade maranhense. Agora, a trova renasce no Maranhão. Este renascimento é um marco e contribuirá para que a trova no Brasil tenha também a marca maranhense”, ressaltou Dilercy Adler.
O Trovadorismo
A trova é um gênero poético da idade medieval. Ganhou nova roupagem na Europa, mais precisamente no Sul da França e Portugal, onde desenvolveu-se como um movimento poético denominado Trovadorismo.
O Brasil herdou a trova de Portugal, gênero poético de forma fixa composto por quatro versos, cada um com sete sílabas poéticas, em que o primeiro, rima com o terceiro e o segundo, com o quarto. Diferencia-se da quadra pela completude de deleitar corações, com suas abordagens lírica, filosófica, humorística, satírica e descritiva.
Em 1967 foi criada a União Brasileira de Trovadores, expandida por Luiz Otávio, considerado príncipe dos trovadores, para quase todas os estados do país com seções e delegacias. Carlos Cunha foi eleito o primeiro delegado da União Brasileira de Trovadores do Maranhão, em 1970.
Os trovadores maranhenses da antiga academia chegaram a participar de eventos trovadorescos fora do Maranhão e trouxeram vários diplomas de honra ao mérito pelas trovas apresentadas.
A primeira diretoria da AMT fora: Carlos Cunha, presidente; Vice-presidente; L. Porciúncula de Moraes; 1° Secretário: Carlos Cardoso; 2° Secretário: Nicanor Azevedo; Tesoureiro: Antônio Alves Monteiro e Bibliotecário: Virgílio Domingues da Silva. A AMT, a partir de então, continuou a receber, nos seus quadros, ilustres trovadores, da essência de Conceição de Maria Gomes de Oliveira, Antônio Alves Monteiro, Vicente Maya, Olímpio Cruz, Florise Pérola Castro Vasconcelos, Dagmar Desterro e Silva, Emilio Azevedo, Fernando Viana, Sá Vale Filho e outros.
Texto: Franci Monteles