Faz, exatamente, hoje, 199 anos que aconteceu a Adesão do Maranhão à Independência do Brasil, em 28.7.1823. No ensejo, para os que empacaram na teimosia de considerarem o mercenário escocês Lord Cochrane o herói do conflito, e não citam, por escassez de leitura, ou por insuficiência de argúcia, que a verdadeira figura arquetípica, personagem modelo, que reúne, em si, os atributos necessários para superar, de forma excepcional, um determinado problema de dimensão épica, no caso, seria o boiadeiro baiano Salvador Cardoso de Oliveira, temos uma monografia de Felipe Ucijara Guimarães Mendes, para a UEMA, que trata da Independência no Maranhão em Luís Antônio Vieira da Silva e Mário Meireles (este, visto por vesgos e tortos sem muita essência). Em síntese, para os vesgos e tortos, são eles, assim: “História da Independência da Província do Maranhão (1822-1828), de Luís Antônio Vieira da Silva, cuja edição original é de 1862; e História da Independência no Maranhão, de Mário Meireles, publicado no ano de 1972. Tal análise identificou no livro de Mário Meireles a ação de uma “memória historiográfica” de longo alcance que remete ao livro de Vieira da Silva. Compreender os motivos da permanência no livro de Mário Meireles, 110 anos depois, da mesma montagem narrativa dos episódios históricos presente no livro de Vieira da Silva, foi um dos principais objetivos deste trabalho.”
O autor do texto acadêmico examina de lupa História da Independência na Província do Maranhão, e prosseguiu sua assertiva: “(…)Assim, o pensamento político expresso no livro de Vieira da Silva reflete o período de transição marcado pela década de 1860, ou seja, entre o respeito ao legado português na figura, por exemplo, de seus valorosos homens (como o Marechal Silveira, o Major Fidié e o Capitão Francisco de Paula Ribeiro), e a abertura a uma experiência nacional autêntica (com laivos de republicanismo), representada no livro em questão por Salvador Cardoso de Oliveira, que deixa mulher e filhos, na Bahia, para se unir à sorte da causa brasileira.
Cochrane, de lobo do mar a “El Diablo” —- Cochrane foi contratado pelo imperador D. Pedro I para organizar e comandar a marinha brasileira. Apelidado de “loup de mer” (lobo do mar) — ou, segundo alguns historiadores, de “El Diablo”, em espanhol –-por Napoleão Bonaparte, devido as suas façanhas em batalhas navais, durante as chamadas Guerras Napoleônicas (1803-1815), quando o imperador francês atacou várias nações europeias, o almirante escocês Thomas Cochrane entrou para a história como uma das figuras mais controvertidas do seu tempo. Ele é tido por alguns como herói, por sua competência, astúcia e vitóriasno mar a serviço, primeiro, da Grã-Bretanha e, depois, de Chile, Peru, Brasil e Grécia (onde sua atuação foi insignificante). Há também, no entanto, os que o tratam de vilão, acusando-o de ser um corsário, pirata, ladrão dos mares, porque seria “louco por dinheiro”. Muito longe de Simón Bolívar, militar venezuelano que teve papel fundamental no processo de independência de cinco nações do continente sul-americano, donde imortalizou-se quanto O Herói da América.
O Maranhão antes da Adesão — O Estado Colonial português, juntamente com grande número de lusitanos que aqui viviam, iniciaram intensa repressão aos que propagavam a favor da Adesão do Maranhão à Independência, sobretudo no interior do Estado. Somente em 28 de julho de 1823, quase um ano depois da emancipação do Brasil, o Maranhão aderiu a Independência. A partir desse acontecimento, o Maranhão deixa de ser Estado Colonial de Portugal para se constituir em Província do Império do Brasil. Os governantes passam a ser escolhidos pelo imperador do Brasil com o título de Presidente da Província do Maranhão.
Um erro histórico de leitura — Com fortes influências da elite lusa, o Grão-Pará, como era conhecido na época, foi a última província a reconhecer o Império Brasileiro, o que só aconteceu em 15 de agosto de 1823. O Maranhão, assim, não foi o último Estado do Brasil a aderir à independência em relação a Portugal. À época, o Maranhão era uma das mais ricas regiões do Brasil. O intenso tráfego marítimo com a metrópole, justificado pela maior proximidade com a Europa, tonava mais fácil o acesso e as trocas comerciais com Lisboa do que com o sul do país. Os filhos dos comerciantes ricos estudavam em Portugal. São Luís era conservadora e avessa aos comandos vindos do Rio, capital do Brasil Imperial, por ter interesse em continuar com as relações com Portugal por conta das situações política e econômica. A Ilha, que era tradicional reduto português, foi bloqueada por mar e ameaçada de bombardeio pela esquadra do Lord Cochrane, sendo a província obrigada a aderir à Independência em 28 de Julho de 1823.
A inversão de valores da Assembleia Legislativa — Cochrane, para não perder a viagem, ameaçou bombardear São Luís e justificou seu saque por que era a quantia que o Maranhão (Brasil) estava lhe devendo. Morreu podre de rico! Salvador Cardoso de Oliveira, pobre e adoecido, teve rejeitada pela Assembleia sua proposição para haver recursos financeiros para a Educação das suas filhas adolescentes. Essa história parece que se repete, aqui, todo o dia!