Numa plateia que foi prejudicada pela chuva torrencial caída, não pelo espetáculo proporcionado, em uma hora de duração, no Teatro João do Vale, no Centro Histórico de São Luís, na noite de sexta-feira passada, jovens atores ribamarenses deram um show de encenação com a peça O Dilema de Pai Francisco. Ou seja, a comédia do bumba-meu-boi do Maranhão, que não é mais exibida pelos grupos do folguedo, e que, na na tarde de ontem, na Rádio Timbira, no Programa Coisa Nossa, foi levantada a possibilidade de ter apresentação no Arraial da Cidade (da Prefeitura de São Luís), em conversação entre Sandro Paixão (diretor da produção), Herbert me Jesus Santos (jornalista, poeta, prosador e folclorista) e José Raimundo Rodrigues (radialista e apresentador da programação). Este ficou de avistar-se com o secretário municipal da Cultura (Secult), Marquinho Duailibe, com o propósito de O Dilema de Pai Francisco ser inserido entre as atrações daquela espaço junino, que é encerrada com a ressureição do boi, após o Nego Chico cortar a língua do novilho mais bonito da fazenda do seu patrão e dar para a sua mulher (Mãe Catirina, grávida), ser preso e reabilitado pelo fazendeiro quando veterinário e pajés fazem o touro voltar à vida, e a festa começa com dança e toadas dos cinco sotaques das brincadeiras. Teve representação de artistas do Grupo Folclórico e Cultural São José, que, no espaço, no começo do ano passado, mostrou seu talento e o da sua idealizadora, professora e dramista Maria da Conceição Paixão Silva Maria Paixão), sobre O Nascimento de Jesus e Os Reis Magos, e que tem enredo ainda para A Paixão de Cristo.


Assim, O Dilema de Pai Francisco, baseado no auto do Bumba-meu-boi, com maior identidade no Maranhão, tem centro na agonia do marido (Pai Francisco ou Nego Chico) diante do desejo da sua mulher grávida (Mãe Catirina) de comer a língua do boi mais estimado do fazendeiro do qual o casal era empregado. O contexto do drama surgiu do cordel escrito pelo poeta Paulo Roberto Paixão Silva, filho de Maria Paixão, esta que adaptou o texto para peça teatral, que, com o engajamento de filhos e netos, foi encenada pela primeira vez em 2003, no quintal da sua residência, na Rua João Alves Carneiro, n.º 260, onde instalaram um arraial junino, e que foi presenciada por familiares e amigos, sob o olhar incentivador do patriarca Nycanor Moraes Silva, também poeta compositor. “A partir daí, passou a receber convites para apresentação em escolas e entidades do município de Ribamar!” — ressaltou a mestra e dramista.
Os personagens: índios e caricatos — Componentes: Tomaz (Pai Francisco), Mara Daniela (Mãe Catirina), Diego (fazendeiro), Naldo e Nikima (vaqueiros), Cauã (índio), Edilene, Manuele, Juliana, Viviane, Duda, Sofia, Luzia, Lara, Lindy, Mayrlene(índias), Eduardo Malaba (cazumbá), Doquinha (doutor), Rodrigo (miolo do boi), e Maria José (narradora). Comissão técnica: Maria da Conceição Paixão Silva (diretora), Sandro Paixão (diretor de arte), Maria Daniela (figurinista), Paulo Eduardo (confecção do boi), e equipe de apoio: Júlio César, Nycanor Júnior e Núbia Cristina.


Incentivos e teatro na Tondela — Observadores, há um bom tempo, em São Luís, vêm elogiando as performances do Grupo Folclórico e Cultural São José. Dentre os seus maiores incentivadores, Herbert de Jesus Santos, conhecendo de perto a competência do elenco e dos diretores, começou a auxiliar, em 1993, quando houve a encenação de O Nascimento de Jesus, no auditório do Sioge, em que ele era assessor e coeditor de livros. No ano passado, junto ao diretor do Teatro João do Vale, em São Luís, Gilberto Mineiro, ele possibilitou O Nascimento de Jesus e Os Reis Magos. Para ele, repórter, redator e cronista do JP Turismo, o conjunto merece todo apoio do prefeito Júlio Matos e da Câmara Municipal, que poderiam unir forças já e tornar A Tondela, na Rua Grande (Av. Goncalves Dias), de espaço de nenhuma utilidade para um belo e grande Teatro Municipal de São José de Ribamar.
Fantasias de jornal — Sem nenhuma ajuda oficial, há uns anos, o grupo encenou peça natalina, na frente da igreja-matriz, com as fantasias feitas de jornal, que valeram matéria da TV Mirante, em reportagem do jornalista Douglas Pinto, antes do quadro telejornalístico e comunitário Chame o Douglas!


Do quintal ao Teatro João do Vale — Este salto considerável lembrou-me A Via-Sacra do Anjo da Guarda, com o Grupo Grita que já encenou recordando sua ascensão de Da Poeira ao Palco, que estimulei, na Imprensa, desde o primeiro ano, em 1981. Não foi por pouca coisa que, em 2016, fui condecorado com o Titulo de Cidadão Ribamarense, graças à então vereadora Valberlena Moraes, pelo seu esposo, hoje, de saudosa memória, ex-vereador Francisco Moraes (Chicão), meu amicíssimo de longas datas. Foi uma justiça por uma coleção de serviços prestados, graciosamente, a São José de Ribamar, na Educação e Cultura, que começou a ter mais vulto na Escola Pirata do Samba, fundada pelo inesquecível Ribamar Jacaré, em 1959, quando, em 1979, fui seu compositor e diretor de carnaval, com a agremiação ribamarense, com o samba-de-enredo Origem da Cidade de São José de Ribamar, de minha autoria, ganhando o campeonato, no concurso dentre as escolas de samba do Grupo B, em São Luís, subindo para o Grupo A!”
Texto: Herbert de Jesus Santos