Considerada uma das mais antigas celebrações religiosas de São Luís, o festejo de Santo Antônio, teve início no dia 1º e terá seu encerramento hoje, 13 de junho, reunindo fiéis e turistas na cidade. Uma celebração organizada pela igreja com uma variedade de atividades religiosas e culturais. As noites foram de apresentações folclóricas, além de manifestações culturais que destacam a rica tradição do Maranhão.


Foto 1 – Largo de Santo Antônio recebe atrações folclóricas desde o primeiro dia do mês de junho – Foto: Junior Foicinhas
O encerramento do evento que acontece na noite desta sexta-feira, dia 13, promete ser memorável, com o batizado do Boi de Axixá e a apresentação do Cacuriá Balaio de Rosas, pertencente ao grupo cultural Laborarte. Uma festa que cultua a fé religiosa, valorizando as tradições culturais e reunindo famílias em correntes de oração e confraternização comunitária.
A partir desta data as noites juninas na capital maranhense ganham mais charme, e o clima de tradição enche de inspiração os brincantes e a população, quando se parte para celebrar ainda no mês os principais santos joaninos.
O zumbir e reluzir de fogos cruzando os céus da cidade, as barracas de palhas, fogueiras e ecoar de matracas, pandeiros nos arraiais da cidade anunciam verdadeiramente um dos períodos mais esperados do ano, o São João e seu intenso calendário folclórico.


Uma tradição secular no pais, que no Maranhão se potencializa como atrativo principalmente na capital São Luís, levando a beleza da festa para o mundo. Um folclore que cada vez mais recebe visitantes e que tem transformado a cidade Patrimônio da Humanidade em uma das grandes vitrines da cultura popular.
Para Sayonara Evilar, vinda de Santa Catarina para conhecer os Lençóis Maranhenses e que se sentiu bastante emocionada com o lugar visitado, ganhar como brinde dias a mais numa cidade de possibilidades culturais tão ampla é um privilégio, uma oportunidade única que ficará guardada para sempre na memória.
“A festa em São Luís ganha uma outra dimensão, outros aspectos são incorporados, a força rítmica e corporal se misturam as tradições do período, dando um toque especial a festa. É incrível ouvir os sons e ver personagens característicos cultuados em toda sua autenticidade”, afirma a visitante catarinense.
Barracas de palha com uma variedade gastronômica da culinária maranhense se destacam no arraial montado no Largo da Igreja de Santo Antônio e em outros arraiais. Os saborosos bolos de milho, macaxeiras, as tortas de camarão, caranguejo, sururu ganham as mais diversas formas atraindo os que visitam os festejos do santo que nesse ano teve início no primeiro dia do mês. Peixes diversos, vatapá, cuxá, entre outras opções podem ser servidos em porção ou se preferir acompanhados, a critério dos clientes.
Na praça carrinhos de pipocas, milhos ativam o comércio informal entre as ornamentações e vendedores de souvenirs. As bebidas também são comercializadas e com um gostinho bem maranhense do Guaraná Jesus e sucos de bacuri, buriti e cupuaçu, dando um sabor especial ao paladar dos visitantes vindos de outros destinos que chegam para conhecer o São João do Maranhão.


Divino e maravilhoso
Para se viver o São João maranhense em toda sua essência e conhecer profundamente esse que se tornou um dos maiores teatros populares do planeta, encantando a todos que chegam a cidade, passos importantes precisam ser seguidos. São os batizados que já começaram a acontecer, mais que na sua maioria são realizados às vésperas de Santos Antônio ou até mais próximo do dia de São João, quando muitas agremiações folclóricas aproveitam a igreja que leva o nome da festa, São João localizada na esquina entre as ruas da Paz e Antônio Rayol para os seus rituais de bênçãos que acontecem desde a madrugada por todo o transcorrer do dia 24.
São nos rituais dos batizados que são realizados os pedidos de proteção aos brincantes, assim como a apresentação das novas indumentárias. Vivenciar esse momento é absorver cada trajetória construída, além de um conhecimento mais profundo acerca da encenação do auto do bumba-meu-boi, onde a Mãe Catirina e o Pai Francisco protagonizam o enredo contado de maneira pulsante e bem intimista durante as apresentações.


Indumentárias e personagens
Em meio a todo esse teatro a céu aberto, os personagens se sobressaem em um colorido deslumbrante das indumentárias trabalhadas e bordadas em paetês, lantejoulas, veludos, cetins, chitões, chapéus, plumas, penas de todas as formas que expressam a identidade das festas populares maranhenses.
Uma festa que de tanta popularidade mantém viva uma cultura que resgata as raízes mais profundas e mostra ao mundo os artistas mais populares através do canto e da dança. Uma festa pulsante tocada por atores coadjuvantes, ritmistas que fazem ecoar nos ares da Ilha sons que levam os visitantes aos arraiais diversos espalhados pelos quatro cantos da cidade.
Um São João também como megas estruturas de arraiais que são montados em pontos como Praça Maria Aragão, Arraial do Ipem e Arena Castelão, esses recebendo shows nacionais de estrelas brasileiras do forró, sertanejos e outros gêneros que se misturam em meio ao folclore maranhense.
Para Edna Santos, paulista de Bauru, de passagem pela Ilha do Amor que também aprendeu a chamar São Luís assim, esse universo folclórico existente, mantido pelas raízes mais autênticas do bumba-meu-boi expressa toda a grandeza de uma cultura viva, cultuada em sua condição mais pura e participativa de sua gente.
“É maravilhoso está aqui e conhecer aquilo que só ouvimos falar ou ler através das informações jornalísticas, o folclore em São Luís ganha ares, ultrapassa o tempo, exala cheiros e temperos vindos da gastronomia, das vestimentas suadas, das fumaças dos fogos e das fogueiras acessas que aquecem os pandeiros e tambores nas homenagens ao São João, finaliza Edna Santos.
Texto: Gutemberg Bogéa