Transcrito do MediaTalks
Os vencedores do Prêmio Pulitzer 2024, que desde 1917 reconhece anualmente os melhores trabalhos jornalísticos e literários dos EUA, foram divulgados pela Universidade Columbia, em Nova York.
Embora seja restrito a jornalistas e veículos americanos, o prêmio sempre foi uma referência para o jornalismo internacional, por homenagear o trabalho de grandes organizações de mídia com alcance global. O Washington Post e o New York Time ganharam três Pulitzers cada este ano.
Mas houve também organizações menores e inteiramente digitais que ficaram entre os três finalistas ou venceram em categorias importantes, como o californiano Lockout Santa Cruz e o Invisible Institute, de Chicago.
Principais vencedores da edição 2024
Reportagem Nacional
- Equipe da Reuters por uma série sobre questões contábeis envolvendo os negócios automobilístico e aeroespacial de Elon Musk, que provocaram investigações oficiais sobre as práticas de suas empresas na Europa e nos Estados Unidos
- Equipe do The Washington Post por reportagens sobre o rifle semiautomático AR-15, fazendo os leitores refletirem sobre os horrores causados pela arma frequentemente usada em tiroteios em massa nos EUA.
Reportagem Internacional
- Equipe do The New York Times, por sua cobertura do ataque do Hamas no sul de Israel em 7 de outubro, das falhas de inteligência de Israel e da resposta dos militares israelenses em Gaza.
Interesse público
- ProPublica, pelas reportagens inovadoras e ambiciosas de Joshua Kaplan, Justin Elliott, Bretty Murphy, Alex Mierjeski e Kirsten Berg que romperam sigilo que cercava a Suprema Corte para revelar como um pequeno grupo de bilionários politicamente influentes cortejou juízes com presentes luxuosos e viagens, levando o tribunal a adotar seu primeiro código de conduta.
Reportagem Investigativa
- Hannah Dreier, The New York Times, por uma série de reportagens sobre trabalho infantil entre migrantes nos Estados Unidos e as falhas corporativas e governamentais que o perpetuam.
Reportagem ‘breaking news’
- Equipe do Lookout Santa Cruz por sua cobertura detalhada e ágil, focada na comunidade, durante um fim de semana de inundações e deslizamentos de terra catastróficos que deslocaram milhares de residentes da Califórnia e destruíram mais de 1 mil casas e empresas.
Fotografia ‘breaking news’
- Equipe de fotografia da Reuters, por fotografias “cruas e urgentes” que documentam o ataque de 7 de outubro em Israel pelo Hamas e as primeiras semanas do ataque de Israel a Gaza.
Fotografia documental
- Equipe de fotografia da Associated Press por fotografias comoventes narrando massas sem precedentes de migrantes e sua árdua jornada do norte da Colômbia até a fronteira dos Estados Unidos.
Jornalismo Explicativo
- Sarah Stillman, The New Yorker, por uma denúncia contundente sobre a dependência do sistema jurídico americano na acusação de homicídio culposo e suas consequências díspares, muitas vezes devastadoras para comunidades negras.
Jornalismo local
- Sarah Conway do City Bureau e Trina Reynolds-Tyler do Invisible Institute por sua série investigativa sobre meninas e mulheres negras desaparecidas em Chicago, que revelou como o racismo sistêmico e a negligência da polícia contribuíram para a crise.
Reportagem em áudio
- Equipes do Invisible Institute e da USG Audio, por uma série poderosa que revisita um crime de ódio em Chicago da década de 1990, um amálgama fluido de memórias, história comunitária e jornalismo
Feature writing (texto em formato longo retratando um tema ou pessoa em profundidade)
- Katie Engelhart, colaboradora do The New York Times, por seu retrato imparcial das lutas jurídicas e emocionais de uma família durante a demência progressiva de uma matriarca, investigando com sensibilidade o mistério da individualidade de uma pessoa.
Comentário
- Vladimir Kara-Murza, colaborador do The Washington Post , por colunas apaixonadas escritas com grande risco pessoal a partir de sua cela na Rússia, alertando sobre as consequências da dissidência no país governado por Vladimir Putin e insistindo em um futuro democrático.
Crítica
- Justin Chang, do Los Angeles Times, pela crítica cinematográfica ricamente evocativa e abrangente que reflete sobre a experiência cinematográfica contemporânea
Reportagem ilustrada
-
Livros, Drama e Música
- Drama: Primary Trust, de Eboni Booth
- História: No Right to an Honest Living: The Struggles of Boston’s Black Workers in the Civil War Era, de Jacqueline Jones (Basic Books)
- Biografia: Master Slave Husband Wife: An Epic Journey from Slavery to Freedom, de Ilyon Woo (Simon & Schuster)
- Memória ou autobiografia: Liliana’s Invincible Summer: A Sister’s Search for Justice, de Cristina Rivera Garza (Hogarth)
- Poesia: Tripas: Poems by Brandon Som (Georgia Review Books)
- Não-ficção geral: A Day in the Life of Abed Salama: Anatomy of a Jerusalem Tragedy, de Nathan Thrall (Metropolitan Books)
- Música: Adagio (for Wadada Leo Smith), de Tyshawn Sorey
- Medar de la Cruz, colaborador do The New Yorker , por seu relato visual da prisão de Rikers Island, usando ousadas imagens em preto e branco que humanizam os prisioneiros e funcionários ao retratar seu amor pelos livros.
- Ficção: Night Watch, de Jayne Anne Phillips (Knopf)