Festa, no Bairro da Madre de Deus, só faltava a literária, e já tem com a 1.ª FELIMD (1.ª Festa Literária da Madre Deus),ocorrida no dia 20 de dezembro passado, no Largo do Caroçudo, das 13 às 19 h, seguida de exibição de manifestações da Cultura Popular, prosseguindo até às 23 h. Tendo como Patrono o Poeta José Chagas (cujo século foi reverenciado, neste ano, pela Academia Maranhense de Letras), foi idealizada pelo presidente do Conselho Cultural da Madre de Deus, professor geógrafo e animador cultural Jorge Coutinho, o contou com autores, como o jornalista, poeta e prosador Herbert de Jesus Santos, nascido no bairro, a diretora da Biblioteca Pública Benedito Leite, bibliotecária Aline Nascimento, e o professor historiógrafo Flaviomiro, das escritoras de literatura infanto-juvenil Márcia Montenegro, Milanya Caminha, Érica Natacha e Márcia Vieira, idealizadora do Projeto Ler e Conhecer, com a sobrinha de José Chagas, Deusana Chagas, e com o presidente da Academia Vimaranense de Letras e Artes, historiador Agenor Gomes.


Na programação, aconteceu intensa movimentação do Grupo de Escoteiros do Mar 18Tão, do Parque Amazonas, contação de histórias e hora da leitura, por equipe da Biblioteca Pública Benedito Leite, e apresentação do Bloco Os Fuzileiros da Fuzarca, Trupiada Amigos de Sabiá, Bloco Afro Aiya Amadê, Bloco Tradicional Show Feras e Bateria da Escola de Samba Turma do Quinto
Conversa de gente grande —- Na roda de conversa, dentre outros manifestantes, pronunciaram-se Márcia Vieira, que destacou ser o evento importante para realçar mais o surgimento de escritoras do gênero literatura infanto-juvenil; e Herbert de Jesus Santos, que elogiou a iniciativa, mas que deveria ser melhor programada, sem a concorrência de uma sexta-feira de confraternização natalina, e com folga para ser dois dias, podendo ser assim em 2025, e com uma equipe maior de colaboradores. Herbert falou de cadeira: “Sem a constância de uma data, observamos altos e baixos até na FeliS (Feira do Livro de São Luís), criada pelo então prefeito Tadeu Palácio, em 2007, e que tem tudo para consolidar-se quanto uma das maiores do Brasil, e ainda não engrenou, e já foi mais forte nos primeiros anos”! Por sua vez, Jorge Coutinho argumentou que a 1.ª FELIMD deveria acontecer nos dias 7 e 8 de dezembro (Feriado de Nossa Senhora da Conceição), e em celebração aos 301 anos do bairro, e não foi por causa de uma série de obstáculos, alguns ultrapassados pelo auxílio da diretora da Biblioteca Pública Benedito Leite, Aline Nascimento, a quem ele aproveitou a presença para agradecer e aos outros que prestigiaram a promoção, qual autores que expuseram as suas obras.
Tricentenário de origem do nome — A 1.ª FELIMD, noticiada nos veículos de comunicação nativos, suscitou contestações sobre os 300 anos alardeados para o Bairro da Madre de Deus, pelo professor de História Flaviomiro Mendonça, que organizou o título Madre Deus: Balaio de Histórias, e do historiador e ex-presidente do Instituto Histórico e Geográfico do Maranhão(IHGM), Euges Lima, para os quais, tricentenário poderia ser para a origem do nome, não para o bairro, muito mais novo. Por sinal, filho da Madre de Deus, poeta, prosador e pesquisador, com bibliografia de inúmeras obras, inclusive de prêmios literários, já estou fazendo questão de que seja dado uma luz definitiva ao impasse, e solicitarei posicionamento do IHGM, por intermédio da atual presidente do sodalício, mestra Dilercy Adler. Talvez, em todo esse tempo haja interpretações apressadas sobre a antiga Ponta de Santo Amaro, que muito tempo depois virou Vila de Pescadores, primeiramente, e de Operários, esta, por causa das Fábricas de Tecelagem Cânhamo e São Luís, num dos quartéis (período de 25 anos) dos 1900. Em seu livro História da Medicina do Maranhão (de 1993), com o Hospital Geral na capa, Mário Meireles assinalou, saindo assim num dos nossos jornais, recentemente “A Madre Deus surgiu de sítio de roça no lugar denominado de Ponta de Santo Amaro ou Sítio da Madre Deus, como ficou conhecido. Nessa localidade o Capitão-Mor Manuel da Silva Serrão construiu uma ermida para abrigar a imagem de Nossa Senhora da Madre Deus, Aurora da Vida, em 1713, tendo início a ocupação do futuro bairro, inicialmente batizado de Madre de Deus”. Aí ficou evidenciado o futuro bairro, que passa antes por lugar, vila, até ganhar a formação de bairro! Em seu Dicionário Histórico-Geográfico da Província do Maranhão, de 1860, Cesar Marques cunhou (como está em meu livro de estreia, Uma Canção Para a Madre de Deus, de poemas): “existe no Hospital-Militar, a Capela sob a invocação de Nossa Senhora da Madre de Deus, Aurora da Vida, erigida por ordem da Rainha I de Portugal”. Maria I (1734-1816) foi rainha de Portugal entre 1777 e 1816, e veio para o Brasil com o filho, príncipe regente D. João, fugindo do Bloqueio Continental imposto por Napoleão Bonaparte, imperador da França, para enfraquecer, economicamente, a Inglaterra.


A Capital do Estado de Espírito de São Luís! —- No Pacotilha, jornal antiescravagista, em São Luís, um anúncio de 1891 convida a população para a Festa da Morte do Boi da Madre de Deus, no Matadouro Municipal, com variadas atrações, evidenciando que a centenária brincadeira dava o ar da sua graça há um bom tempo. O Matadouro Municipal era onde hoje se encontra prédio da FEBEM, na adjadência da quitanda do saudoso e querido comunitário Zé Albino. Com o Matadouro Municipal, a Madre de Deus já se consolidava como bairro: Madre de Deus, este que tambem ligeirinhos chamam de o bairro cultural de São Luís, e eu, prudentemente, lembro que não, pois São Luís é maior, culturalmente. Contudo, o poeta aqui crava e assina essa pérola, sem medo de ser feliz: Madre de Deus é A Capital do Estado de Espírito de São Luís!
Texto: Herbert de Jesus Santos