São placas que simbolizam tudo aquilo que foi percorrido pela professora, escritora e mulher Maria Firmina dos Reis. São jornadas reconstruídas na busca incessante de catalogar toda uma trajetória de luta, ensinamentos, legado deixado pela mestra régia dos vimaranenses, a abolicionista e poetisa, que com sua história, reconduz crianças e adolescentes ao caminho vital da educação e da literatura.
Uma cidade que enriquece seus moradores com informações acerca dessa que foi uma escritora maranhense, com requintes românticos no século XIX, nascida em 11 de março de 1822, e que a partir daí referência as múltiplas homenagens que são realizadas em sua memória e a celebra, como aconteceu na segunda-feira (11/11), em reverência a data de seu falecimento, justo na cidade em que a poetisa escolheu para viver.
A autora de Úrsula, considerado o primeiro romance abolicionista do Brasil, nasceu em São Luís, mas aos 22 anos mudou-se para Guimarães como professora concursada e lá viveu até falecer, aos 92 anos de idade. Hoje conhecida como ‘terra do sol e do mar’, Guimarães sempre foi cantada em verso e prosa por Maria Firmina, que não poupava elogios às belezas naturais de uma das mais belas cidades do litoral ocidental maranhense.
A escritora ganhou projeção internacional graças ao trabalho realizado conjuntamente na cidade de Guimarães, o que cada vez mais eleva o nome da escritora e transforma a cidade, desde a educação de seus moradores vinda da educação básica até a formação profissional. Uma trajetória que desperta o interesse de estudantes, professores, pesquisadores e doutores de todo o Brasil e que pela dedicação a obra da escritora, estão sendo homenageados ao longo dos anos.
Medalha Maria Firmina dos Reis
A outorga da medalha Maria Firmina dos Reis é um reconhecimento oficial dessas iniciativas que colaboraram para que a escritora seja, atualmente, uma inspiração para diversos trabalhos científicos e um atrativo cultural e turístico para o município.
A festa que abriu a semana da literatura na cidade de Guimarães foi marcada também pela entrega da medalha Maria Firmina dos Reis a nomes maranhenses e nacionais. O evento realizado na Unidade Escolar Edson Anchieta, contou com a presença na mesa de autoridades municipais, jurídicas e escritores.
“É uma grande satisfação receber aqui em Guimarães pesquisadores e compositores do Rio de Janeiro, São Paulo, Paraíba, Piauí, Bahia e Maranhão para esta homenagem a Maria Firmina dos Reis, salientou o juiz de Direito, Agenor Gomes, Presidente da Academia Vimanarense de Letras.
Durante a solenidade, a entrada simbólica das bandeiras e a entonação dos hinos nacional e municipal. Após os atos foi aberta a Semana Literária de Guimarães e feita a outorga da medalha Maria Firmina dos Reis, com abertura para os agradecimentos dos homenageados.
Receberam a outorga, na segunda-feira, dia 11 de novembro, as seguintes personalidades: Denise de Lima Santiago Figueiredo, João Batista Lopes Bogéa (in memoriam) representado pela filha Heleudes Nazaré Bogéa, Josias Silva Sobrinho, José Eduardo Sereno, Jéssica Catherine Barbosa de Carvalho, Loreley Fernandes Nascimento Moraes, Luiza Leite Bruno Lobo, Ceres Fernandes, Marco Adriano Fonseca, Maria da Conceição Carneiro, Maria Lira do Socorro Pereira, Natércia Moraes Garrido, Patrícia Fernanda Massetti de Lima, Rafael Balseiro Zin, Raimundo Luiz Ribeiro, Gutemberg Marques Bogéa, José Antônio Silva (Capixaba), Luzinei Araújo e Terezinha Barbosa Avelar.
Também foram contemplados com a medalha, mas não puderam comparecer: José de Ribamar Coelho Santos (Zeca Baleiro), Francisco de Assis Duarte Saldanha, Carlos César Teixeira Souza, José de Ribamar Froz Sobrinho, Alfina Pereira de Freitas, Eduardo de Assis Duarte e Constância Lima Duarte.
O cantor e compositor Josias Sobrinho esteve recebendo a homenagem e falou da importância de Maria Firmina dos Reis para literatura brasileira e para a história.
“Receber a comenda Maria Firmina é uma grande honra para mim, afinal de contas trata-se de um perfil de extrema relevância para a literatura brasileira, para a educação igualitária e para a cidadania. Além de proporcionar o convívio com a cidade de Guimarães e seus marcos históricos possibilita também o fortalecimento de relações de amizade e conhecimento”, comentou, o compositor maranhense.
Para o poeta, e compositor, membro da Academia Ludovicense de Letras, Joãozinho Ribeiro, a Semana Literária e a outorga da Medalha Maria Firmina dos Reis enaltece a história da escritora no município, sendo digno de aplausos também a grandeza do evento.
“Digno de várias manifestações de aplausos e reconhecimento, a abertura da Semana Literária, com a outorga da comenda Maria Firmina dos Reis, foi um momento glorioso para a cultura do município de Guimarães. A presença de escritores, poetas, pesquisadores, jornalistas, magistrados, professores, chefes do executivo e do legislativo local refletem a diversidade, a riqueza e a magnitude do evento”
Semana Literária
E na semana que completou 107 anos de falecimento de Maria Firmina dos Reis (11/11/10917), Guimarães ainda promove a sua literatura e arte entre seus moradores, estudantes, professores e visitantes. Por toda essa semana acontece a 17ª Semana Literária, projeto protocolado pelo atual prefeito Osvaldo Gomes durante seu primeiro mandato como vereador na Câmara Municipal de Guimarães.
Uma lei instituída com o objetivo de promover a leitura e o interesse por literatura, tendo este ano o tema “Contos e encantos das vozes negras na literatura brasileira”, onde está sendo exaltada toda a riqueza cultural e folclórica desse município que detém atrativos seculares e um vasto acervo preservado em memória das suas tradições e raízes, assim como da literatura brasileira.
De acordo com Osvaldo Gomes, a trajetória de vida de Maria Firmina dos Reis no município de Guimarães nos permite cada vez mais buscar detalhes de sua história e assim valorizar cada vez mais suas obras para o conhecimento universal da literatura.
“A outorga da Medalha Maria Firmina dos Reis é uma forma de homenagear homens e mulheres, personalidades que contribuíram e contribuem com a literatura, cultura e artes em nosso município e em outros estados. Um mérito aqueles que ajudam a manter a memória viva dessa sublime escritora”, conclui Osvaldo Gomes, Prefeito de Guimarães.
O evento realizado por toda essa semana promove uma efervescência cultural na cidade e entre as principais atividades programadas: ilustrações de capas de livros, criação de quadrinhos, escrita de contos, desenhos de personagens, Quiz literário, representação teatral de cenas de obras literárias e jogos de tabuleiro.
Nos espaços públicos da cidade estão acontecendo mostras de filmes ligados ao tema, rodas de conversa sobre temas raciais, exposição de livros e pinturas, visita ao museu da cidade, a lugares históricos e ao Farol do Saber, além de exposição de trabalhos literários, danças afrodescendentes, festival de músicas, toadas, karaokê e exposição de comidas típicas.
“Nesse ano de 2024, o Brasil encerrou a sua participação nas Olimpíadas de Paris com 20 medalhas, sendo três de ouro, sete de prata e mais de 10 bronze. O que aconteceu em Guimarães nesse 11 de novembro, data em que rememoramos a despedida da nossa amiga, foi algo parecido com o que aconteceu na capital francesa, fazendo com que a comitiva de pesquisadores, poetas e demais artistas que foram homenageados pudesse voltar para casa com as suas respectivas medalhas, alçando mais uma vez o nome de Maria Firmina dos Reis ao Panteão da nossa literatura e fazendo com que ela se torne cada vez mais conhecida e reconhecida como a primeira romancistas da história do Brasil. Um dia memorável, que guardaremos para sempre nas nossas melhores recordações”, finalizou, Rafael Balseiro Zin, sociólogo e Doutor em Ciências Sociais pela Pontifícia Universidade Católica de São Paulo, onde atua como pesquisador no Núcleo de Estudos em Arte, Mídia e Política (Neamp/CNPq).
Texto: Gutemberg Bogéa

