Em entrevista, na tarde de anteontem, ao JP Turismo, o prefeito de Guimarães, Osvaldo Gomes (PDT/MA), tratando sobre a potencialidade turística, com belezas naturais, dentre outros amavios e peculiaridades da sua terra natal, foi mestre como Raimundo José de Souza Gayoso, que, em Compêndio Histórico-Político dos Princípios da Lavoura do Maranhão, sentenciou: “O objeto de que vou tratar, não é para utilidade minha, interessa ao bem público”! Assim mesmo, ele se comportou ao repórter Herbert de Jesus Santos, sem fazer ouvidos de mercador, com curso superior completo, que, em 2020, na campanha eleitoral, declarou ao TSE a ocupação de professor de ensino médio, nenhum bem como patrimônio, 49 anos, culminando com sua vitória, na eleição, fazendo parte da coligação O Desenvolvimento Não Pode Parar, formada pelos partidos PTB, PV, PC do B, PDT, Patriota, PSB e Cidadania.


Como se também inserido na construção lapidar de que “Um povo que não conhece sua História, está fadado a repeti-la!” — uma das frases mais repetidas do filósofo inglês, Edmund Burke, no sentido de que é impossível uma compreensão sólida da conjuntura atual sem um apreço pela História, Osvaldo Gomes começou sua exposição pela natureza dadivosa, em Guimarães, na junção da flora e fauna da Floresta Amazônica composta de manguezais, ilhas e de restingas, sendo um rico ecossistema com conexão na Baía de Cumã, que banha a maior parte do litoral do município, recebendo e distribuindo água para vários rios, qual o Rio Pericumã, considerado um dos maiores do Maranhão.


Polo Turístico Floresta dos Guarás — Assinalou que inserido na Área de Proteção Ambiental (APA) Reentrâncias Maranhenses, Guimarães integrou-se ao Polo Turístico Floresta dos Guarás, cujo nome de batismo fica por conta das aves guarás, que despertam mais atenção por sua plumagem tirante a rubro (vermelho de forte tonalidade, como o sangue).




Turismo nas praias de Guimarães — Osvaldo Gomes revelou que as praias de Guimarães, que considera um espetáculo à parte, eram, realmente, um tanto isoladas, até haver a inauguração da Ponte Central-Bequimão, em março de 2022, sobre o Rio Pericumã (MA-211), com o turismo ganhando uma força propulsora considerável, porquanto o percurso da viagem entre Guimarães e Cujupe (Terminal Ferry-Boat) foi reduzido para 107 km. “Agora, Guajerutiua, Itapiranga, Recreio (a que mais concentra turistas o ano inteiro) e Praia de Araoca (Arara), banhada pela Baía de Cumã (onde repousa o corpo do excelso poeta Gonçalves Dias), se oferecem com mais atrativos para visitantes brasileiros e estrangeiros, com exigência de praias bonitas e limpas!”— alardeou. Foi nas águas do baixio de Atins que o navio Ville de Boulogne naufragou, em 1864, levando à morte GD, por afogamento, ele que vinha com a saúde debilitada. O fato é comprovado com um pedaço do navio exposto no Museu Histórico e Artístico.


Riachos, lagos e igarapés convidativos —- Bairrista – no sentido alto do amor ao berço—, o prefeito vimarense deu uma dica aos futuros frequentadores de quem entende do riscado e conhece seu rincão que nem a palma da sua mão, valendo um guia de Turismo irrepreensível: “Para quem quiser se deleitar nas águas límpidas das fontes, a época mais ideal vai de julho a dezembro; fica mais difícil é só fazer a escolha entre os riachos, lagos e igarapés nos povoados de Bolívia, Jepuba, Damásio, São Vicente, Encontro e Paquetá!”


O “navegar é preciso” de Guimarães —- Famoso, também, pela fartura do pescado, não poderia ser diferente a informação de que a população de Guimarães ostenta uma relação atávica com o mar. Osvaldo Gomes enumerou as espécies de peixes mais apanhadas na região: Corvina, bandeirado, camurim, tainha, pescada, gurijuba, peixe-pedra, sardinha e guaravira. Na Praia de Cumã e circunvizinhanças, são avistados fragmentos de camboas de pedra, arte dos índios Tupinambás, assim como socós aproveitados para capturar peixes na maré vazante. Oswaldo Gomes explicou: “Muitos artefatos de pesca e práticas indígenas permanecem na técnica da rabiadeira e nos currais. A disponibilidade de peixes e crustáceos (camarão, caranguejo) assegura abundância alimentar e gera trabalhos criativos, dentre a construção de embarcações artesanais, colorindo a paisagem com o pano das velas”! Este repórter focalizou aí que assim é que pescadores e outros embarcadiços de Guimarães, em cascos, canoas e barcos, estão inscritos na primeira fase do verso “Navegar é preciso, viver não é preciso”, na genialidade do poeta português, Fernando Pessoa, numa sentença sobre a condição do homem, indissociável na tradição histórica dos lusos na exploração dos mares. Originariamente, a frase é atribuída ao general Pompeu, por volta de 70 a.C., com da missão de transportar o trigo das províncias para a cidade de Roma, que se transformava em um império de dimensões gigantescas e a necessidade de desbravar os mares era elemento fundamental. Em Guimarães, navegar é preciso no império do seu movimentado viver cotidiano!


E agora às festas, porque ninguém é de ferro! — Está convencionado que as vivências de um povo são coletadas com seus saberes e fazeres, ou seja, no Ser e Estar, como a nossa ascendência africana se manifestou, não tão-somente na miscigenação, inclusive, com tenacidade e coragem, no sacolejar do Tambor-de-Crioula, Tambor-de-Mina, Dança do Cacuriá, Festa do Divino e Bumba-Meu-Boi. Trazendo seu conhecimento no céu da boca e na ponta da língua, o prefeito Osvaldo Gomes situou, visivelmente, eufórico: “Ao lado de São Sebastião (20 de janeiro) e São João, outro grande evento cultural e tradicional de Guimarães, é o Festejo do Glorioso São José, Padroeiro do Município, em agosto e setembro, quando ocorre gente de todas as imediações, na participação das procissões terrestre e marítima, concluído com uma grande missa campal, na Praça dos Sagrados Corações, e à noite, com o reggae!”


Uma cidade povoada de histórias — A colonização portuguesa do município começou no final do séc. 16, quando a Coroa portuguesa construiu um forte na Baía de Cumã para vigiar a movimentação de franceses em direção a Alcântara ou São Luís durante as disputas que os portugueses tiveram com os franceses. Até então as terras que integravam o atual município de Guimarães eram ocupadas por aldeias do povo indígena Tupinambá, com destaque para a aldeia de Guarapiranga. Durante a disputa colonial pela área que formava a capitania do Maranhão entre Portugal e a França, quando os expedicionários gauleses ocuparam a região para formar a sua colônia chamada de França Equinocial, os Tupinambá fizeram aliança com aqueles, porém, com a derrota deles, os indígenas foram massacrados pelos lusitanos, sendo que os remanescentes foram aldeados em um núcleo populacional inserido dentro de uma sesmaria concedida a colonos portugueses que acabaria sendo conhecida como Fazenda Guarapiranga.


Cumã dos índios Tupinambás — Situada no litoral ocidental do Maranhão, Guimarães completou, no dia 19 de janeiro último, 265 anos. Os Tupinambás foram os seus primeiros habitantes, num aldeamento na extensão da baía por eles chamada de Cumã (na língua tupi, lugar onde se pesca o peixe). Porque apoiavam os franceses, com estes derrotados, na Batalha de Guaxenduba (em 19.11.1614), em Icatu, foram massacrados pela horda de Jerônimo de Albuquerque, mameluco pernambucano, a soldo de Portugal, um dos maiores genocidas da História Mundial.
Homenagem a Guimarães de Portugal —- Uma das aldeias virou Fazenda Guarapiranga, doada, em 1758, por seu dono, José Bruno de Barros, à Coroa portuguesa. O governador da ProvÍncia do Maranhão, Gonçalo Pereira, batizou o lugar de Vila de São José de Guimarães do Cumã, em homenagem a Guimarães de Portugal. Está localizada a uma latitude 02º07’59” sul e a uma longitude 44º36’04” oeste, a uma altitude de 41 metros em relação ao nível do mar. Sua população é de 12 086 habitantes. Possui uma área de 595 382 km².


Arquitetura, encantamento para visitante —- O acervo arquitetônico é mais um dos atrativos de sedução para os turistas. Fala-se na cidade que o planejamento, do séc. 19, projetou ruas ortogonais, com espaço para o verde, com garantia de agradáveis passeios sob as árvores, podendo ouvir histórias do lendário grande líder Tupinambá, o pajé Pacamão. No entorno da Praça Luiz Domingues, que delimita o centro da cidade, estão o Edifício José Bruno de Barros (Grêmio Cultural Vimarense), o Hotel Pindorama (o celebrizado sobrado do Homem da Perna Comprida) e o Museu Histórico e Artístico de Guimarães. Na Praça dos Sagrados Corações, acham-se o prédio do Fórum (antiga cadeia), Igreja de São José (datada do sséc.18) e a Casa Paroquial (com toda sua fachada coberta de azulejos únicos). Como Guimarães tem a sua gênese na época colonial, é muito comum encontrar construções antigas, um sobrado todo de pedras, a Casa Paroquial. Essa característica arquitetônica, aliada ao meio ambiente, faz com que Guimarães seja uma importante rota de turismo no litoral maranhense.


Mais Ilustres Vimarenses — Urbano Santos (Embora tenha sido eleito por três vezes presidente do Maranhão (em 1898, 1913 e 1918), só aceitou assumir o cargo da última vez. Não tomando posse de imediato, foi substituído pelos vice-presidentes José Joaquim Marques falecido em 9 de outubro de 1918) e Raul da Cunha Machado (até 21 de outubro de 1918). Assumiu a presidência do Estado e, após um mês, licenciou-se para assumir o Ministério da Justiça. Joaquim de Souza Andrade, mas conhecido como Sousândrade, poeta, foi o precursor do Moderrnismo no Brasil, com sua obra monumental O Guesa, ou Guesa Errante; talvez por haver Guimarães se desmembrado de Alcântara, costumam cravar seu nascimento ali. Jomar Moraes (escrritor, editor, presidente da Academia Maranhens dfe Letras, foi diretor do Sioge (Serviço de Imprensa e Obras Gráficas do Estado), imprimindo à auatarquia industrial primazia de editora por excelência elogiada pela intelectualidade nacional baseada na Academia Brasileira de Letras e União Brasileira de Escritores. Lopes Bogéa (Jornalista e compositor. Nasceu no pequeno lugarejo de Jericó, município de Guimarães, e, segundo reza a lenda, em noite com fogueira acesa e bumba-meu-boi tocando. Compôs dezenas de músicas de sucessos, dentre baiões, como os em louvação a São José de Ribamar, e marchinhas). Agenor Gomes (um dos líderes estudantis da Greve de 1979, pela Meia-Passagem no Transporte Coletivo de São Luís, ativista político, combatente da ditadura militar, prefeito do município de Guimarães e se tornou magistrado. Tem o livro Maria Firmina dos Reis e o Cotidiano da Escravidão no Brasil).


O descobridor de Maria Firmina e luz aos Bumba-bois — Foi o professor, pesquisador, poeta e ecologista Nascimento Morais Filho (o descobridor de Maria Firmina dos Reis) quem elucidou uma luz no fim do túnel sobre qual sotaque de bumba-bois surgiu primeiro, e, em julho de 1977, ele publicou no jornal O Estado do Maranhão o que levantou no jornal A Verdadeira Marmota, colecionado na Biblioteca Pública Benedito Leite, em São Luís, que, em 1860, o Bumba-Meu-Boi aparecia, em todo o Maranhão, praticamente igual. Pesquisador, igualmente, logo em jornais dei conta de que o bumba foi proibido pela polícia de vadiar, em junho de 1865. Motivo: A Guerra do Paraguai, o maior conflito armado internacional, até então, na América Latina, travada entre o Paraguai e a Tríplice Aliança do Império do Brasil, Argentina e Uruguai. Ela se estendeu de dezembro de 1864 a março de 1870; e precisaram da negrada e outras classes mais pobres, que compuseram os batalhões dos Voluntários da Pátria. Uma solicitação deste coestaduano aos vimarenses: Na referência à Maria Firmina dos Reis, coloquem o nome do seu resgatador dos porões da Biblioteca Pública Benedito Leite. É por causa do livro que lançou, Maria Firmina dos Reis: fragmentos de uma vida (São Luís,1975), que sabemos que ela não deixou registro fotográfico, mas que mesmo assim, devido a conversas com os dois filhos adotivos da autora, bem como ex-alunos, em Guimarães, Nascimento Morais Filho conseguiu estabelecer um retrato-falado minimamente satisfatório. Falamos de um intelectual e escritor maranhense portentoso, respeitadíssimo pela inteligência brasileira, e com obras, em prosa e verso, vertidas para várias línguas.
Um só tipo: o boi primordial — Quem beber na fonte dos jornais do séc. 19, na Biblioteca Pública Benedito Leite, verificará que, até 1860, não existia boi de matraca nem de zabumba, ou outro estilo. Era o boi primordial. Até o guarda-roupa e a forma de apresentação eram semelhantes. Seria impossível mesmo que o Boi nascesse, entre nós, de uma vez, com: matraca, ou Sotaque da Ilha (fixados em São Luís, depois em Icatu, Paço do Lumiar, Ribamar, etc.), zabumba, ou de Guimarães, costa-de-mão, ou de Cururupu, pandeirões, ou da Baixada (Pindaré, Viana, Penalva, São João Batista, etc.). Os brinquedos de orquestra achavam- se no futuro (meados do séc.20): de Rosário, Axixá, Morros, Primeira Cruz, Humberto de Campos, Santa Rita, etc.


Zabumba e tambor de fogo em Guimarães — Quando os Bois da Ilha colocaram as matracas e os caboclos de pena, em 1868, conforme o poeta, cronista e pesquisador Américo Azevedo Neto, na sua obra Bumba-meu-boi no Maranhão, no mesmo ano, precisamente, no povoado Jacarequara, então pertencente a Guimarães, um certo Gregório Malheiros substituiu por zabumbas e tambores de fogo os pandeiros idênticos aos dos bois da Ilha. A seguir, Damásio (há em Guimarães uma localidade e um boi com esse nome), com os novos instrumentos, aprimorou o sotaque, criando, desta forma, o grupo africano, que tempos depois seus brincantes exibiriam suas vestimentas vistosas e cintilantes.


Guimarães na Festa de São Pedro, na Madre de Deus — O bumba-boi da Associação Folclórica Vimarense, sotaque de zabumba, nos últimos anos, vem passando São Pedro, em São Luís. Primeiramente, apresenta-se no arraial da Praça de Santo Antônio, para amanhecer no Largo da Capela de São Pedro, no 29 de junho, no Bairro da Madre de Deus. Vai logo avisando, numa toada: “Eu sou de Guimarães e cheguei”! Sem nenhuma dúvida! Certamente, passam pelos bois de Leonardo, na Liberdade, e no da Vila Passos, o de Canuto, dois baluartes do sotaque de zabumba, que vieram de Guimarães pela década de 20/30, e fizeram questão de honra ao mérito continuar na Capital com o mesmo bonito de se ver criado na terra aonde vieram ao Mundo!
Texto: Herbert de Jesus Santos
Edição: Gutemberg Bogéa
Que maravilha!
Que aula de historia!
Nasci em Guimarães, tenho muito orgulho de ser v
Vimarense.
Parabens Prefeito Osvaldo Gomes.