Os destinos exóticos tendem a registrar um desempenho melhor do que a média do setor de turismo em 2025. A tendência é global, conforme dados da feira World Travel Market (WTM), realizada em novembro, em Londres, que revelou, ainda, que o segmento de turismo de aventura é o que mais cresce globalmente, com seis em cada dez turistas considerando critérios ambientais na escolha do destino.
Pesquisa conduzida pela plataforma Booking, com mais de 27 mil viajantes distribuídos em 33 países, identificou uma mudança no perfil dos turistas contemporâneos. A gerente comercial da plataforma no Brasil, Maria Izabel Leme, explica que os dados mostram viajantes “buscando experiências mais autênticas e uma conexão mais profunda com eles mesmos e com os outros”.
A Tailândia figura entre os destinos com maior volume de reservas no cenário global, evidenciando o interesse crescente por países asiáticos. Para viajantes que pretendem conhecer o continente, onde ficar hospedado em Bangkok está entre as buscas mais frequentes.
A fundadora do blog Viaja que Passa, Fê Moro, contextualiza essa busca por experiências diferenciadas. “Quando se fala em destino exótico, muita gente imagina lugares remotos, com paisagens fora do comum, culturas muito diferentes das ocidentais e uma boa dose de aventura. Mas o que é considerado exótico depende do ponto de vista. Para um brasileiro, Bangkok pode parecer exótica. Para um tailandês, o Rio de Janeiro é que chama a atenção.”
Para ela, a grande marca desses destinos é o potencial para ser uma experiência “profundamente transformadora”. No entanto, ela adverte que para uma experiência genuína, é preciso mais do que entusiasmo: “informação, sensibilidade e preparo fazem toda a diferença, quando o objetivo é viver o novo com respeito e profundidade”.
1. Pesquise antes de viajar
O primeiro passo para uma experiência bem-sucedida em destinos exóticos envolve pesquisa detalhada sobre cultura, religião, costumes locais e legislação do país. A agência de viagens Abreu enfatiza que atitudes aparentemente simples podem ser consideradas desrespeitosas em diferentes culturas.
No Japão, por exemplo, comer nas ruas ou falar alto ao celular no transporte público são comportamentos mal vistos. O país é reconhecido pela etiqueta e o respeito pelo espaço coletivo que, em parte, explicam a organização que impressiona os visitantes de todo o mundo.
“Muitos dos lugares chamados de exóticos ainda são retratados pela mídia ocidental de forma sensacionalista, às vezes, com um viés eurocêntrico e reducionista”, alerta Fê Moro. “Países da África, do Oriente Médio e regiões da Ásia são frequentemente apresentados como perigosos, atrasados ou caóticos – quando, na verdade, são espaços plurais, cheios de nuances, tradições ricas e histórias complexas.”
2. Adapte-se aos costumes com empatia
É preciso estar aberto para novas formas de viver, adaptando-se com empatia e curiosidade às tradições e aos maneirismos locais. Se os moradores comem com as mãos, tiram sapatos ao entrar em casa ou seguem horários diferentes, aceitar essas práticas enriquece a experiência cultural.
Em regiões mais remotas de países da Ásia Ociental, ou até mesmo da América Latina, é possível encontrar banheiros que ainda seguem o padrão tradicional com latrinas no chão. Embora possa parecer estranho para os brasileiros, trata-se de uma prática culturalmente aceita – um turista disposto a conhecer destinos exóticos deve encarar com flexibilidade essas diferenças.
3. Cuide da saúde e vacine-se com antecedência
Destinos exóticos costumam exigir vacinas contra febre amarela, hepatite ou malária. Consultar uma equipe de saúde com antecedência garante proteção adequada e evita problemas durante a viagem. Levar kit de primeiros socorros e medicamentos básicos também pode prevenir complicações em locais remotos.
Outro ponto de atenção é que medicamentos comuns no Brasil podem ser proibidos ou exigirem receita em outros países. Verificar as regulamentações do destino turístico ajuda a evitar problemas alfandegários.
4. Faça esforço para se comunicar com respeito
Aprender palavras básicas no idioma local – como “olá”, “por favor” e “obrigado” – demonstra boa vontade e respeito. Já os gestos devem ser usados com cautela, pois alguns podem ser ofensivos dependendo da cultura local; até mesmo um “joinha” ou um “ok” pode ter conotação diferente.
Na África do Sul, por exemplo, a comunicação é um desafio particular devido aos 11 idiomas oficiais, incluindo inglês, zulu, africâner e até português em algumas regiões. Essa diversidade linguística reflete a pluralidade cultural do país e exige dedicação extra dos visitantes.
5. Valorize economia e gastronomia locais
Priorizar pequenos produtores, artesãos e comércios locais fortalece a economia regional e preserva tradições culturais. Incluir culinária típica na experiência de turismo permite conexão mais autêntica com o destino, contribuindo diretamente com a comunidade local. A estratégia vai além do aspecto econômico: provar pratos preparados com ingredientes regionais por quem carrega sabores e saberes ancestrais proporciona uma imersão cultural genuína.
6. Negocie com educação e discrição
Em muitos países, negociar preços faz parte da cultura, sempre com gentileza e respeito. Evitar ostentação de objetos valiosos previne atenção indesejada. No Egito e no Marrocos, especificamente, a ausência da famosa “pechincha” pode frustrar vendedores acostumados a interações comerciais mais dinâmicas.
Saindo do clima desértico, quando se trata de destinos como as ilhas paradisíacas, o planejamento prévio sobre onde ficar em Phi Phi facilita tanto as negociações, quanto a escolha de hospedagens alinhadas ao estilo de viagem desejado.
7. Prepare-se para imprevistos com flexibilidade
Viagens a destinos exóticos podem envolver atrasos, falta de conectividade ou mudanças repentinas de programação. Em países como Vietnã e Camboja, o trânsito com motocicletas e pedestres compartilhando espaços é rotina local.
Especialistas sugerem encarar essas situações como parte da aventura, já que a flexibilidade para aceitar imprevistos pode resultar em experiências inesperadas e histórias memoráveis para compartilhar no retorno.
Fê Moro explica que essa adaptabilidade é fundamental. “Em muitos desses lugares, o transporte pode ser irregular, o acesso à internet limitado, as hospedagens mais simples e a culinária completamente diferente do que se encontra no dia a dia. Encarar essas situações com flexibilidade ajuda a lidar melhor com os desafios.”
8. Adote práticas ambientalmente responsáveis
Viajar com responsabilidade inclui minimizar o impacto ambiental através de escolhas conscientes. Evitar plásticos descartáveis como garrafas, sacolas e talheres, preferindo itens reutilizáveis, demonstra comprometimento com a preservação local.
Respeitar fauna e flora significa não alimentar animais, não tocar plantas e nunca levar “lembranças” naturais como conchas, pedras ou flores. Essas práticas garantem que destinos exóticos permaneçam preservados para futuras gerações.
9. Registre memórias conscientemente
A fotografia é uma forma de preservar momentos únicos, porém exige sensibilidade cultural em sua prática. Se quiser retratar pessoas, principalmente em comunidades tradicionais, solicite permissão prévia e demonstre respeito pelo que você está testemunhando.
Nem toda experiência precisa virar conteúdo digital. Algumas vivências são mais valiosas quando experimentadas completamente, priorizando uma conexão genuína em lugar da mediação constante pelas redes.
10. Escolha a época ideal para visitar
A pesquisa prévia sobre condições climáticas locais evita desde decepções até situações perigosas. Ilhas remotas do Pacífico podem ficar completamente isoladas durante tempestades tropicais, deixando turistas sem comunicação ou suprimentos básicos. Destinos árticos, por sua vez, podem apresentar condições extremas que colocam vidas em risco, quando visitados fora das janelas climáticas adequadas.
Até mesmo destinos brasileiros, como Alter do Chão, ajudam a exemplificar a importância da escolha sazonal. Durante o período de seca, surge a famosa Ilha do Amor, faixa de areia branca que contrasta com as águas do Rio Tapajós. Conhecer esses ciclos naturais evita frustrações e potencializa a experiência cultural.
“Visitar um destino exótico vai muito além do roteiro. É uma jornada que desafia percepções, amplia horizontes e transforma o olhar sobre o mundo”, define Fê Moro. “Aquilo que parece estranho à primeira vista, muitas vezes, é apenas uma expressão diferente daquilo que também somos. E o que é exótico, no fundo, é só aquilo que ainda não se conhece.”
Edição: Redação JP Turismo














































































